Para os infectologistas, a redução acentuada, principalmente nas mortes desse grupo, pode já estar refletindo os efeitos da aplicação das vacinas entre os idosos da cidade
O número de mortes por Covid-19 entre idosos com mais de 90 anos na cidade de São Paulo caiu 70% entre janeiro e fevereiro de 2021, de acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Para os infectologistas, a redução acentuada, principalmente nas mortes desse grupo, pode já estar refletindo os efeitos da aplicação das vacinas entre os idosos da cidade.
Os dados, de acordo com a prefeitura, compreendem o período das primeiras semanas de aplicação da primeira dose dos imunizantes contra a Covid-19 na capital paulista, que começou em 5 fevereiro.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, as mortes desses idosos recuaram de 127 em janeiro para 38 no mês passado.
Os números de internações e de casos também tiveram uma queda acentuada.
Óbitos por Covid-19 em São Paulo
Faixa Etária Janeiro Fevereiro
90 a 94 78 25
95 a 99 43 10
100 a 104 5 2
105 a 109 1 1
Total 127 38
Fonte: Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo
Em janeiro, 246 idosos com mais de 90 anos foram internados por Covid-19 na capital paulista.
Já em fevereiro, o número caiu para 104, uma redução 57,7%, de acordo com o levantamento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Internações por Covid-19 em São Paulo
Faixa etária Janeiro Fevereiro
90 a 94 178 80
95 a 99 58 20
100 a 104 6 2
105 a 109 4 2
Total 246 104
Fonte: Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo
Já o total de casos confirmados de Covid-19 entre os paulistanos desta faixa etária passou de 380, em janeiro, para 144, em fevereiro, uma queda de 62,1%.
Casos de Covid-19 em São Paulo
Faixa etária Janeiro Fevereiro
90 a 94 281 106
95 a 99 84 31
100 a 104 10 4
105 a 109 5 3
Total 380 144
Fonte: Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo
Reflexos da vacinação
De acordo com a Prefeitura de SP, os números contemplam casos de residentes da capital e abrangem todos os equipamentos de saúde da cidade, sejam eles municipais, estaduais, privados ou filantrópicos.
Para o infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri, os dados são ainda preliminares em relação aos efeitos da imunização, mas “bastante animadores sobre a efetividade das vacinas na vida real das pessoas”.
“Considerando que a vacina começou a ser aplicada em 5 de fevereiro e que elas começam a fazer efeito até 15 dias depois, é possível que a redução possa já ser reflexo da vacinação, especialmente em relação às mortes”, afirmou.
Sobre as mortes dos idosos em São Paulo terem caído, o infectologista ainda completou:
“São dados bastante preliminares e é preciso esperar os números de março e abril para que tenhamos uma conclusão efetiva. Mas se os números se mantiverem, é um resultado fantástico e confirma aquilo que a gente vem dizendo: a vacinação é boa e importante para a gente sair dessa pandemia”.
Análise de alguns países
Reino Unido: Vacinas evitam 80% das internações de idosos mesmo após só uma dose.
Escócia: 1ª dose de vacina reduziu o risco de internação em 94%.
Israel: Vacina reduziu em 75% as infecções menos de 1 mês após 1ª dose.
A opinião é compartilhada pelo médico Álvaro Furtado da Costa, infectologista do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo. Para ele, a vacina contra a Covid-19 é o “único fator novo” desses últimos meses, apesar do crescimento dos casos e óbitos desde janeiro na cidade e no estado de São Paulo.
Mortes de idosos em São Paulo
“Desde o começo da pandemia, a gente tem dito que os idosos são os mais vulneráveis à doença. Eles obviamente são os mais resguardados e isolados. Com a chegada da vacina, essa proteção foi redobrada. Então, se a gente separar os fatores novos dessa conta, a vacina foi o único fator novo, além do isolamento. O que pode nos indicar sim que a vacina é tudo aquilo que há meses a gente defende, assim como o isolamento, que também é importantíssimo”, afirma.
De acordo com o infectologista do Hospital das Clínicas, mortes idosos sp os dados preliminares da Prefeitura de SP também coincidem com outros dados de efetividade da vacina em países como o Reino Unido, onde a vacinação reduziu em 80% as internações de pacientes com mais de 80 anos.
“No Reino Unido eles aplicaram massivamente a vacina da Pfizer e da Oxford/AstraZeneca, que também é aplicada no Brasil em volume menor que a Coronavac. Mas isso indica que a Coronavac, do Butantan, que até agora foi a mais difundida e aplicada em SP, também pode ter o mesmo efeito positivo”, destaca Álvaro Furtado.
Coronavírus: o que observar na hora da vacinação?
Fonte: G1
Foto: Shutterstock