Um estudo publicado na revista Jama Network Open, na quarta-feira (22/1), mostra que as mulheres corem maior risco de desenvolver Covid longa em comparação aos homens. De acordo com os pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, a explicação está na questão hormonal.
Os cientistas descobriram que o estradiol tem um papel central no processo da Covid longa. Embora o hormônio feminino fortaleça a resposta imunológica inicial das mulheres, os altos níveis dele costumam prolongar a inflamação, contribuindo para a continuação dos sintomas.
Público masculino
Já entre os homens, a testosterona tem ação contrária. O hormônio tem efeito imunossupressor, reduzindo a probabilidade do paciente ter Covid prolongada, mas aumentando a vulnerabilidade à doença grave durante o quadro de infecção.
“Essas descobertas destacam a importância de avaliar as diferenças no risco da Covid longa após a infecção pelo Sars-CoV-2 em homens e mulheres. O estudo destaca também a necessidade do desenvolvimento de medicamentos direcionados e o melhor gerenciamento da doença”, afirmam os autores do estudo no artigo científico.
O estudo
O estudo foi realizado a partir de informações de 12.276 pessoas inscritas no banco de dados Recorv-Adult, a maior amostra de Covid longa da história, abrangendo 83 locais nos Estados Unidos. Os participantes foram recrutados entre outubro de 2021 e julho de 2024 — 73% eram mulheres.
A análise dos dados mostrou que, além dos hormônios, fatores imunológicos também podem ajudar a explicar a Covid longa em mulheres. O organismo feminino tem uma resposta imunológica inata mais robusta e combate melhor infecções iniciais, porém sofre inflamações prolongadas.
Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo.
Artigos recentes
Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais.
Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar.
A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus. Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo
Perigos da Covid para as mulheres
A Covid longa é caracterizada por sintomas que permanecem ou aparecem pela primeira vez em até três meses após a infecção pelo coronavírus, que duram por pelo menos dois meses e que não podem ser explicados por outros motivos.
Além dos impactos físicos, como o comprometimento função pulmonar, as mulheres podem sofrer problemas graves de saúde mental, como ansiedade e depressão. Por isso, os pesquisadores alertam sobre a necessidade da criação de estratégias para a prevenção e tratamento delas.
Fonte: Metrópoles
Foto: Shutterstock
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