Não-medicamento representa 33% da venda do setor

As vendas dessa categoria atingiram R$ 8,42 bilhões de janeiro a agosto deste ano, no País

Já foi o tempo em que as farmácias vendiam apenas medicamentos aos consumidores. A cada dia, as prateleiras e gôndolas oferecem uma maior variedade de produtos. Cosméticos, dermocosméticos, suplementos alimentares, produtos naturais e lanches rápidos são apenas algumas das muitas opções que os clientes têm acesso nestes locais. Hoje, os chamados não-medicamentos representam 33,24% do volume comercializado nas grandes redes, e são considerados uma das grandes apostas para expansão do varejo farmacêutico.

As vendas desta categoria atingiram R$ 8,42 bilhões de janeiro a agosto deste ano, no País. Em 2011, a comercialização de não-medicamentos movimentou R$ 6,15 bilhões, enquanto que em 2015 correspondeu a R$ 12,07 bilhões, um incremento de 96,26%. É o que aponta o levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

“É uma tendência, se você for para as grandes farmácias de outros países você tem meia dúzia de medicamentos com receitas, que estão em espaços restritos, o restante (dos produtos) você pega e leva. Nos Estados Unidos tem lugares que você pega o produto, coloca no leitor e vai embora, é a automatização do serviço”, explica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Produtos Farmacêuticos do Estado do Ceará (Sincofarma-CE), Antônio Félix Silva, referindo-se a tendência mundial chamada “one-stop shop”, ou seja, numa única parada, o consumidor quer resolver rapidamente suas necessidades básicas de higiene, beleza e saúde.

Os dados da Abrafarma mostram ainda que no acumulado de 12 meses, entre setembro de 2015 e agosto de 2016, as vendas das farmácias foram de R$ 12,75 bilhões.

Dermocosméticos

Na rede Extrafarma, que conta com 72 lojas no Ceará e 292 no País, a representatividade de produtos considerados não-medicamentos é ainda maior do que a média do País, correspondendo a aproximadamente 40% das vendas gerais. Os produtos que ganham maior destaque são os capilares e os dermocosméticos. “Nós trabalhamos com uma série de laboratórios de fora (do País), como La Roche-Posay, Roc, Galderma, uma categoria que ganha destaque dentro das nossas farmácias”, explicou o diretor de marketing da Extrafarma, Rodrigo Pizzinatto. Ele ainda destacou as vendas de fraldas, produtos de higiene, além de suplementos alimentares e esportivos.

Pizzinatto enfatiza que mesmo em um momento de insegurança econômica e política no País, a rede investiu neste ano na expansão de suas lojas, além de assumir um novo posicionamento de marca e logística nas farmácias. “Nessa nova loja trabalhamos bastante a arquitetura e o mobiliário para torná-la mais atrativa aos clientes, focamos bastante na linha de beleza e também na categoria de farmácia em casa, aqueles medicamentos que você não precisa de receita, que você mesmo pega”, explica o diretor de marketing.

Ele ressalta que devido à estratégia da rede, a marca apresentou um crescimento maior do que o percentual médio nacional. Apenas no primeiro semestre houve uma alta de 13% nas vendas. A rede espera ainda aumentar em 20% o número de lojas este ano, no País, em comparação com 2015.

O novo modelo começou a ser implantado no final do ano passado e já conta no Ceará com 12 unidades neste padrão. “A gente pretende continuar crescendo em ritmo acelerado e a região nordeste é um local muito importante para essa alta”, conclui.

Menor preço

Em busca de comodidade e conveniência, os consumidores têm recorrido às grandes farmácias e drogarias como canais preferenciais para aquisição de itens de higiene, perfumaria, cosméticos e artigos de conveniência. O preço também é uma motivação para a escolha das drogarias. “Hoje, se você fizer uma cotação entre os preços do supermercado e das drogarias, muitas vezes a farmácia é mais barata, os supermercados perdem muito em frutas e carnes e acabam repassando o preço para os produtos de conveniência”, argumenta o presidente da Sincofarma.

Para a professora universitária Cristiane Martins, a expansão da variedade de produtos considerados não-medicamento nas farmácias é uma vantagem para os consumidores. “Eu compro dermocosméticos, produtos de higiene, maquiagem, esmalte, entre outros. Você vem e resolve muitas coisas na mesma loja, é pratico. É uma vantagem porque gera maior concorrência no varejo, o que é bom para o cliente”, ressalta.

Regulamentação

Para o presidente da Sincofarma, o crescimento das vendas em farmácias é resultado ainda da lei de diversificação de produtos ofertados nas drogarias. Cada estado possui uma regulamentação sobre a permissão do consumo de não-medicamentos nas drogarias. No Ceará, a lei estadual, nº 14.588/09, autoriza a comercialização de artigos de conveniência e a prestação de serviços de utilidade pública em farmácias e drogarias do Estado.

Foto: Shutterstock 

 

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