O que muda no intestino ao longo da vida?

A flora intestinal reune 10 vezes o número de células humanas, 100 vezes o número de genes do genoma humano e mais de 10 mil tipos de microrganismos entre bactérias, vírus e fungos

Desde o nascimento, o intestino tem um papel fundamental para o desenvolvimento até a vida adulta. Isso acontece porque a microbiota intestinal – também conhecida como flora intestinal – reúne 10 vezes o número de células humanas, 100 vezes o número de genes do genoma humano e mais de 10.000 tipos de microrganismos entre bactérias, vírus e fungos.

Em equilíbrio, eles trabalham para manter a saúde da microbiota intestinal, que é considerada única, como uma segunda impressão digital.

Algumas influências

O tipo de parto também influencia diretamente na diversidade dos microrganismos que compõem a microbiota.

Quando o parto é normal, a criança herda a microbiota da mãe, prevalecendo dois grupos de bactérias principais: os Lactobacillus e a Prevotella spp.

Já no parto por cesária, esses microrganismos são diferentes, prevalecendo o Staphylococcus e Corynebacterium Propoonibacterium spp. 

Nesse caso, as chances de haver bactérias patogênicas (que podem causar doenças) são maiores, além de aumentar o risco do desenvolvimento de doenças atópicas, como alergias, urticárias, eczemas, entre outras.

O aleitamento materno e o ambiente externo exercem grande influência nos primeiros 1.000 dias de vida da criança, que farão diferença em todas as demais fases, especialmente, até os três anos de idade.

Após esse período, que se estende até a adolescência, há um aumento na diversidade de microrganismos presentes na microbiota.

No entanto, essas mudanças respondem de forma diferente, de acordo com a alimentação, e também na recuperação de doenças em geral.

Algumas preocupações

Nessa idade, medicamentos antibióticos são muito utilizados para tratar infecções bacterianas e alguns indivíduos apresentam reações, que vão desde diarreia de repetição, até doenças alérgicas e respiratórias mais graves.

“Quando a alimentação é saudável e há predominância de bactérias boas na composição da microbiota intestinal, a resposta aos tratamentos é muito mais eficiente, assim como a recuperação do equilíbrio da microbiota intestinal após o tratamento”, explica a gastrenterologista pela Federação Brasileira de Gastrenterologia, Especialista em Doenças Funcionais pelo Hospital Israelita Albert Einstein e Mestre e Doutora e Patologia Geral UFMG, Dra. Vera Lúcia Ângelo.

Os microrganismos presentes na microbiota intestinal variam ao longo do tubo digestivo, assim como a sua composição ao longo da vida.

Na fase adulta, ela é totalmente distinta das fases anteriores, mas passa a mudar de forma mais lenta do que na infância.

Dessa forma, quando há uma disbiose – desequilíbrio entre bactérias boas e ruins – a recuperação da microbiota também é lenta.

Podendo levar de um a dois anos para voltar ao seu equilíbrio, o que reduz a capacidade de absorção dos nutrientes e causa carência de vitaminas.

A disbiose pode desencadear doenças de gravidades diferentes, desde alterações gastrointestinais e doenças inflamatórias intestinais, passando por infecções urinárias e genitais, pancreatite aguda, artrite reumatoide e até mesmo câncer.

Além disso, o desequilíbrio da microbiota gera alterações de humor, obesidade, depressão e, principalmente, baixa imunidade.

Nos idosos, as comunidades microbianas também são diferentes dos jovens e adultos.

E a manifestação de doenças ao longo da vida pode prejudicar, de várias maneiras, o equilíbrio da microbiota.

Isso possibilita, por exemplo, que outras complicações apareçam na maior idade, ou seja, quando o sistema imune está abalado, a recuperação é ainda mais lenta.

Alimentação

De acordo com Dra. Vera Lúcia Ângelo, a alimentação saudável continua sendo primordial em todas as fases da vida e deve ser constituída de alimentos prebióticos, probióticos e simbióticos para garantir o equilíbrio da microbiota intestinal.

Os probióticos são microrganismos vivos que se alimentam de fibras, ou seja, quando ingeridos, facilitam a digestão, interagindo com a microbiota e restabelecendo o seu equilíbrio.

Eles ainda fortalecem o sistema imunológico, quando administrados em quantidades apropriadas.

Existem vários tipos de probióticos, mas o que difere um do outro é a cepa probiótica, determinante para a ação no organismo.

De acordo com a gastrenterologista, o uso prolongado de probióticos pode contribuir bastante para o fortalecimento da imunidade. 

A Dra. Vera alerta ainda que é preciso seguir alguns critérios importantes para escolher o probiótico ideal.

“Ele deve estar especificado por gênero e cepa, conter bactérias vivas, ser administrado em dose adequada e, principalmente, ter demonstrado ser eficaz em estudos controlados em humanos”, finaliza.

Probióticos: As bactérias do bem 

Fonte: Cellera Farma

Foto: Shutterstock

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