A sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente já são assuntos antigos. Porém, o perfil do consumidor está mudando e dessa forma, obrigando a indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) a se adequar a essas novas exigências.
O consumidor está mais preocupado com o que consome e com as suas escolhas de compra. De acordo com a pesquisa de comportamento do consumidor da empresa de inteligência de mercado, Segmenta, 94% dos shoppers pesquisam informações sobre os produtos antes da compra. “67% dos consumidores buscam informações sobre a fórmula dos produtos antes de realizar uma compra de HPC. Além disso, os entrevistados afirmaram que 71% deles já deixou de comprar algum produto quando soube que a marca realiza testes em animais, por exemplo”, afirmou o diretor comercial da Segmenta, Daniel Morimoto.
Questões como usar ingredientes naturais e/ou veganos e/ou orgânicos, e não realizar testes em animais são as novas apostas das marcas de HPC para se alinhar as questões sustentáveis. Porém, apenas isso não é o suficiente. A indústria está empenhada em mudar sua forma de pensar, desenvolvendo processos produtivos mais ecológicos, embalagens com menos plástico ou com tecnologias biodegradáveis, entre outras iniciativas.
“Devemos estar atentos a todos os elementos. Hoje o consumidor vai ao ponto de venda (PDV) com os aplicativos (Apps) abertos, buscando informações sobre as fórmulas dos produtos”, complementa Morimoto.
Revolução Verde
Todos esses fatores fazem parte da revolução verde. Porém, outra tendência está ganhando espaço: a revolução azul, que busca reduzir o impacto dos produtos de HPC nos oceanos. Assim, preservando a flora e a fauna marinha com ingredientes não nocivos.
“O perfil do consumidor está mudando e as empresas devem se adequar. Em pesquisa, 49% dos brasileiros afirmam querer consumir produtos de HPC com embalagens que usem menos plástico, ou que sejam feitas de matérias reciclados. Além disso, 46% dos entrevistados afirmaram que gostariam de comprar mais produtos em formato de refil”, afirma a especialista em consumo e mercado da Mintel, Juliana Martins.
O consumidor acredita que produtos sustentáveis são melhores, inclusive, para a própria saúde. “Os PDVs devem criar zonas exclusivas para os produtos sustentáveis. Assim, ajudando o shopper a encontrar mais rápido esses produtos”, complementa Juliana.
A embalagem também merece a atenção da indústria de HPC. “Hoje, a principal fonte de informação do consumidor no PDV é a embalagem. Porém, o shopper passa em média 15 segundos em frente a gôndola antes de decidir sobre comprar ou não um produto. Dessa forma, precisamos deixar as informações claras na embalagem. Embalagens otimizadas geram um aumento médio de 6% na receita de compra prevista”, afirma a especialista de indústria da Nielsen, Margareth Utimura. Além disso, neste caso a embalagem se torna ainda mais fundamental porque também tem o papel de educar do consumidor.
Seminário Abihpec sobre sustentabilidade e revolução verde
Estes foram alguns dos temas abordados no Seminário da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), O Desafio da “Revolução Verde”, que aconteceu em São Paulo (SP), na última sexta-feira (13/09). Nele, os institutos de pesquisa abordaram diferentes áreas sobre a sustentabilidade no setor de HPC.
O seminário também contou com a presença do especialista em consumo e mercado do IQVIA, Julian Frenk, que abordou o impacto da economia verde no canal farma. “Pouco se fala sobre a sustentabilidade no setor farmacêutico, mas é possível ter uma farmácia verde, e ainda assim manter a efetividade dos produtos e todas as regulamentações sanitárias”, diz.
O canal farma não é o mais identificado com as questões sustentáveis, porque existem muitas dúvidas sobre a reciclagem dos materiais, mantendo a higiene e a não contaminação. “O canal farma tem que entender a importância do tema sustentabilidade e da economia verde. Ele precisa ver que esse é um tema que agrega valor tangível e intangível. Intangível porque a percepção do shopper para aquele local será diferente. Afinal, a experiência entregue será diferente e possuirá um valor agregado adicional. E tangível porque essas mudanças também irão gerar ganhos. A farmácia poderá vender produtos com o ticket médio e a margem maiores”, complementa o especialista.
“As categorias de consumer health estão ganhando espaço no canal farmacêutico. Os produtos de HPC já estão em segundo lugar na lista dos itens mais vendidos nas farmácias, atrás apenas dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). Assim, merecendo a nossa atenção para adequá-los a sustentabilidade”, conclui Frenk.