Pague Menos reforça presença no nordeste para conter concorrência 

Depois de captar R$ 746,9 milhões em seu IPO, a Pague Menos concentrará seu próximo ciclo de expansão nas regiões Norte e Nordeste

No início de setembro, a Pague Menos abriu capital na B3, levantando R$ 746,9 milhões. Com a oferta pública inicial de ações, a rede de farmácias cearense encerrou uma longa espera de cerca de seis anos, período no qual adiou, em algumas oportunidades, seu IPO.

Com o processo, a expectativa era de que a companhia usasse boa parte dos recursos para acelerar sua expansão para além das regiões Norte e Nordeste, que respondem por 64,9% do negócio.

O movimento é um desafio antigo da empresa, especialmente nos mercados do Sul e do Sudeste, onde tenta ganhar participação mas não tem sido bem-sucedida.

Passados quase dois meses do IPO, a Pague Menos mostra, porém, que seus planos no médio prazo vão na direção contrária. Em sua nova fase de expansão, a empresa, dona de uma rede de 1.105 lojas, vai reforçar os investimentos “em casa”.

Nosso próximo ciclo de aberturas de lojas terá início no segundo trimestre de 2021”, disse o CEO da Pague Menos, Mário Queirós,  em teleconferência com analistas, no dia 30 de outubro. “E o foco, nessa primeira fase, serão as regiões Norte e Nordeste.”

Queirós observou que 63% dos recursos captados no IPO serão destinados a essa estratégia. Mas preferiu não fazer projeções sobre o número de novas unidades previstas nessa estratégia. E se limitou, portanto, a dizer que o volume deve ficar um pouco abaixo da média dos últimos anos, de 150 lojas.

Ele ressaltou que a companhia seguirá priorizando os consumidores das classes B2, C e D, outro componente conhecido no modelo da rede. “É um mercado de R$ 115 bilhões de oportunidades”, afirmou. “Nós nascemos nesse segmento, enquanto outras redes estão entrando nele agora.”

Pague Menos no nordeste

A menção a “outras redes” de Queirós é uma clara referência a Raia Drogasil (RD). Maior companhia do setor, a RD vem ampliando sua presença no Norte e Nordeste do País desde o fim de 2018.

E, mais recentemente, passou, então, a priorizar essa expansão nas lojas populares ou híbridas, com foco na chamada classe média expandida, justamente o público-alvo da Pague Menos.

Com um plano agressivo de abrir 240 lojas em 2020, a RD concentrou, nos últimos 12 meses, 90% das inaugurações em unidades com esses perfis. E vem, dessa forma, ganhando terreno nos domínios da Pague Menos.

Nesse intervalo, a empresa saiu de uma participação de mercado de 3,2% para 4,8%, na região Norte, e de 8,3% para 9,3% no Nordeste.

No mesmo período, a Pague Menos saiu de uma fatia de 19,8% para 19,4%, no Nordeste. Na região Norte, a queda foi mais acentuada, de 11,2% para 10,1%.

Ao mesmo tempo, a rede teve ligeiro recuo no Sudeste, de 1,7% para 1,6%, e uma pequena evolução no Sul, de 1,1% para 1,2%.

Resposta

Para conter esse avanço em seus domínios e segmento de atuação, além de reforçar sua presença, a Pague Menos está fortalecendo outras iniciativas. A principal delas é o Clinic Farma, leque de serviços que já está presente em 806 lojas da rede.

Sob o conceito de ser um hub de saúde, esse portfólio inclui desde aferições de pressão arterial e glicemia até a oferta de vacinas, exames laboratoriais e de serviços de telemedicina. Com uma média mensal de 77 mil clientes, o canal registrou um salto de 349% em seu faturamento no terceiro trimestre.

Mais de 60% do público que atendemos não têm acesso a um plano de saúde privado”, disse o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Pague Menos, Luiz Novais. “É um público bastante carente de assistência médica.”

Antes de estender o Clinic Farma a outras lojas da rede, a Pague Menos vai priorizar a oferta de mais serviços nesse pacote. Para isso, um dos planos é ampliar os exames ofertados em parceria com a Hi Technologies das atuais 260 lojas para mais de 400 unidades.

“Queremos ampliar cada vez mais essa cesta de serviços”, disse Queirós, ressaltando a importância do Clinic Farma na estratégia da rede. “O cliente que usa esses serviços é mais fiel, vai com mais frequências nas lojas e gasta quase três vezes mais do que um cliente comum.”

Abordagem multicanal na Pague Menos

A abordagem multicanal é mais uma aposta da Pague Menos. Entre julho e setembro, os canais digitais responderam por 5,3% das vendas totais da rede. Em praças como São Paulo, essa penetração chegou a cerca de 16%.

Além de modelos como Clique & Retire, disponível em 100% das lojas, a empresa tem formatos como a Prateleira Infinita.

O serviço permite, dessa forma, que um cliente, caso não encontre um determinado produto em alguma loja, receba o item em sua casa, com frete grátis, a partir do estoque de outra unidade.

Além disso, outra iniciativa voltada ao público da rede, especialmente os consumidores com mais de 55 anos, é a Central de Televendas, que teve sua capacidade de atendimento ampliada em 40 vezes nesse trimestre.

Ampliação dos genéricos

A ampliação do portfólio de genéricos é mais uma prioridade da Pague Menos em direção ao perfil predominante de consumidores atendido em suas lojas.

Ainda somos under share no segmento, enquanto o mercado tem uma fatia de 11% de genéricos, nós estamos em 9,2%”, disse Queirós. “Vamos buscar, no mínimo, fechar esse gap.”

Portanto, com essas e outras iniciativas, a Pague Menos encerrou o terceiro trimestre com um lucro líquido de R$ 40,2 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 9,2 milhões apurado em igual período, há um ano.

A receita bruta cresceu 9,1%, para R$ 1,9 bilhão.

Na B3, as ações da empresa, avaliada em R$ 3,79 bilhões, chegaram, então, a ser negociadas com alta de mais de 5% na abertura do pregão. E operavam com ligeira alta de 0,4% por volta das 13h.

Lucro Líquido da Pague Menos cresce 342%, atingindo 40,2 milhões no 3º trimestre 

Fonte: SBCV

Foto: Pague Menos

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