Pandemia é “sinal amarelo” para risco de automedicação

Prática traz sérios problemas para a saúde e não trata adequadamente as doenças

O período de pandemia traz inúmeros desafios e muito aprendizado para as áreas médica e governamental e, ao mesmo tempo, aumenta a preocupação da população em geral com o cenário de incerteza e de medo de contaminação. Com uma vacina ainda em fase de testagem embrionária, os riscos da automedicação crescem tendo em vista a expectativa de uma proteção sem o acompanhamento médico e, portanto, sem respaldo científico.

A automedicação já é um hábito no Brasil. Dados do Conselho Federal de Medicina indicam que 77% dos brasileiros fazem o uso de medicamentos sem qualquer orientação médica.

Um risco que fica ainda maior em tempo de pandemia, como ressalta o cirurgião vascular, Francisco Simi. “Muitas pessoas já têm um remédio que julgam ser o certo para cada tipo de sintoma que aparece. Uma dor de garganta, uma tosse ou uma dor de cabeça são sintomas clássicos para fazer uso de medicação sem qualquer tipo de prescrição. Com a covid-19, o sinal ficou amarelo para a automedicação com remédios que se quer respondem, cientificamente, para um bloqueio na evolução da doença. Esse é um problema gravíssimo”, explica.

Automedicação na pandemia

Anti-inflamatórios

De acordo com Simi, muitos remédios quando usados em automedicação podem funcionar como um ocultador da doença. É o caso dos anti-inflamatórios, que, além disso, quando ministrados de forma inadequada podem provocar comprometimentos de outros órgãos, como os rins. “Quem faz uso de medicamento sem acompanhamento médico não quer, na maioria das vezes, tratar a doença. O objetivo é ficar livre dos sintomas e isso desencadeia uso excessivo, provocando enormes riscos”, orienta Simi.

Antibióticos

Também são comuns na automedicação, embora a comercialização tenha sido controlada há pouco tempo nas farmácias. Essa categoria de medicamento é exclusiva para tratar infecções causadas por bactérias. “Vírus não é bactéria e, por isso, esse tipo de remédio não tem efeito significativo no trato de quadros virais, como a Covid-19. Não se trata de opinião, mas de ciência”, diz. O uso desenfreado de antibióticos pode causar, por exemplo, super-resistência de bactérias, comprometendo a eficácia dos medicamentos já existentes no mundo.  

Acompanhamento

O acompanhamento médico é fundamental para o correto tratamento de um sintoma. O uso de medicamentos sem orientação médica é arriscado. “Traz enormes prejuízos e dissemina uma cultura equivocada na sociedade. Isso pode trazer sérios problemas de saúde pública, como a que estamos vivendo hoje”, finaliza.

Foto: Shutterstock

Fonte: Dr. Francisco Simi

2 Comentários

  1. Maria Cristina Giani Diegues em

    Bom dia! Agora a bola da vez é a ivermectina, que não se acha mais em farmácia alguma! Enfim, aconteceu o mesmo com a cloroquina, e até o momento não se tem provas científicas de suas eficácias em seres humanos, para a Covid 19. Porém não podemos crucificar a população por tentar buscar uma solução se auto medicando, pois isso só reforça o desespero em tentar resolver a situação. E o papel da mídia nesse processo de conscientização é fundamental, mas muitas vezes infelizmente ela é omissa, pois a pandemia no Brasil tem finalidade extremamente política. É uma pena…

  2. Vânia Márcia Silveira Almeida Stock em

    Pois então. Agora a ivermectina é a bola da vez e os farmacêuticos são colocados como os vilões da automedicação! Desde 2010 há controle sobre os antibióticos, prescrição médica retida! Hidroxicloroquina/cloroquina/nitazoxanida também sob controle! Ivermectina continua com prescrição sem receita retida! As pessoas estão ficando em pânico e tudo que poderá tornar a vida mais fácil, menos medrosa com relação a COVID-19 ou outras doenças estarão fazendo! Não se pode é lançar a ideia de que temos a cura definitiva ou problema resolvido, minimizando a doença em questão e todas que estão por aí! Bom senso para profissionais de saúde e governantes!

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