Contra a inflamação da garganta é indicada a administração de anti-inflamatório associado. Não seria importante não tomar nenhum medicamento, para não cortar o mecanismo de defesa natural do organismo?

Contra a inflamação da garganta é indicada a administração de anti-inflamatório associado. Não seria importante não tomar nenhum medicamento, para não cortar o mecanismo de defesa natural do organismo?

A inflamação pode ser considerada como uma resposta fisiológica do organismo ao dano tecidual ou a uma infecção, ou seja, a inflamação faz parte da resposta imune inata do organismo e, por esta razão, não é uma resposta específica, considerando que ocorre de maneira padronizada independentemente do estímulo desencadeador e, para tanto, o processo inflamatório envolve várias células do sistema imune, mediadores moleculares e vasos sanguíneos.

Essa agressão pode ser de diferentes origens, como por agentes físicos (cortes, pancadas, traumas, queimaduras), agentes químicos (substâncias irritantes, corrosivas) e biológicos (infecções).

Normalmente, a região atingida apresenta-se vermelha, dolorida, inchada e quente. O sistema imunológico também responde enviando células de defesa ao local agredido.

Para deixar claro o papel da inflamação, podemos dizer que sua função é eliminar a causa, além de coordenar as reações do sistema imune inato, eliminar as células lesadas e/ou os tecidos danificados para restaurar tecidos e funções que foram comprometidos.

Nesse sentido, é importante deixar o organismo reagir e desencadear o processo inflamatório, mas nem todos os processos inflamatórios são sem gravidade e nem todas as pessoas estão com o sistema imunológico em condições que permitam uma resposta adequada.

Os anti-inflamatórios são divididos em dois grupos: esteroides, derivados de corticoides que inibem as prostaglandinas e proteínas ligadas ao processo inflamatório, e não esteroides, que diminuem o processo inflamatório e a dor.

Os quadros inflamatórios surgem quando há um aumento da produção de prostaglandina. A prostaglandina é gerada por meio da ação de uma enzima chamada Ciclooxigenase (COX). Os anti-inflamatórios agem inibindo a ação dessa enzima COX. Sem COX, há menor produção de prostaglandinas e menos estímulo para ocorrer inflamações. Como é a presença da prostaglandina que estimula o surgimento de inflamação, dor e febre, a sua inibição pelos anti-inflamatórios não esteroides acaba tendo efeito analgésico, antipirético e anti-inflamatório.

Tanto anti-inflamatórios quanto os antibióticos devem ser prescritos quando houver necessidade em relação à enfermidade em questão. Se a condição de saúde evidencia uma manifestação bacteriana, por exemplo, o antibiótico deverá ser prescrito.

Se há uma torção, inflamação em gengiva ou pós-cirúrgica, ou situação semelhante, dependendo do grau apresentado, deverá ser prescrito um anti-inflamatório. Portanto, o quadro clínico apresentado é que vai direcionar a prescrição ou a não necessidade.

Os anti-inflamatórios não são indicados para idosos, grávidas, pacientes com insuficiência renal, cirrose, hipertensão descontrolada, insuficiência cardíaca, pessoas usuárias de álcool, pacientes que tomam varfarina, pacientes com risco de hemorragia ou com história de úlcera péptica/gastrite.

A dor de garganta é o principal sintoma das inflamações da faringe e das amígdalas. Desaparece em poucos dias, sem tratamento, e não é preocupante, salvo em caso de infecção bacteriana.

Portanto, é preciso ficar atento à duração e intensidade da condição, assim como a outros possíveis sintomas, para se ter certeza de que não se trata de algo mais grave. Embora seja comum e costume passar rapidamente, a dor de garganta merece atenção quando é recorrente.

Os medicamentos usados para tratar a dor de garganta dependem da origem da infecção e da gravidade do quadro.

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Sobre o colunista

Farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP).

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