Adoless® é indicado na prevenção da gravidez. É um contraceptivo oral que combina dois hormônios, o etinilestradiol e o gestodeno. Embora tendo eficácia bem estabelecida, há casos de gravidez em mulheres utilizando contraceptivos orais.
Os contraceptivos orais combinados, como Adoless®, que possuem dois hormônios em sua composição, agem por supressão das gonadotrofinas, ou seja, pela inibição dos estímulos hormonais que levam à ovulação.
Embora o resultado primário dessa ação seja a inibição da ovulação, outras alterações incluem mudanças no muco cervical (que aumenta a dificuldade de entrada do esperma no útero) e no endométrio (que reduz a probabilidade de implantação no endométrio).
Para o uso racional de medicamentos e a segurança do paciente, a seleção do contraceptivo deverá ser realizada por um médico, já que há a necessidade da avaliação criteriosa de inúmeros fatores que poderão ser limitantes na utilização desse tipo de medicamento, que estão mencionados em bula como:
- Adoless® não deve ser utilizado por mulheres que apresentem qualquer uma das seguintes condições: história anterior ou atual de trombose venosa profunda (obstrução de uma veia);
- História anterior ou atual de tromboembolismo (obstrução de um ou mais vasos sanguíneos por coágulo);
- Doença vascular cerebral (“derrame”) ou arterial coronariana;
- Valvulopatias trombogênicas (alteração cardíaca que leva à formação de coágulos);
- Distúrbios do ritmo cardíaco trombogênico (alteração do ritmo do coração que leva à formação de coágulos);
- Trombofilias hereditárias ou adquiridas (distúrbios da coagulação com formação de coágulos);
- Dor de cabeça com sintomas neurológicos tais como aura (sensações que antecedem crises de enxaqueca, que podem ser alterações na visão, formigamentos no corpo ou diminuição de força);
- Diabetes com comprometimento da circulação;
- Hipertensão (pressão alta) não controlada;
- Câncer de mama ou outra neoplasia dependente do hormônio estrogênio conhecido ou suspeito;
- Tumores do fígado, ou doença do fígado ativa, desde que a função hepática não tenha retornado ao normal;
- Sangramento vaginal sem causa determinada;
- História anterior ou atual de pancreatite associada à hipertrigliceridemia severa (inflamação do pâncreas com aumento dos níveis de triglicerídeos no sangue).
Em consulta à base científica de dados (Truven Health Analytics. MICROMEDEX®Solutions, Greenwood Village, Colorado, USA) não há interações entre os medicamentos mencionados pelo autor da pergunta. Entretanto, é importante salientar que o anticoncepcional utilizado pode interagir com outros medicamentos que poderá resultar em diminuição ou aumento de sua concentração sérica.
É sempre importante para o usuário ler as informações contidas em bula que, nesse sentido, traz informação sobre o uso concomitante de produtos com etinilestradiol e substâncias que podem diminuir as concentrações séricas de etinilestradiol, recomendando que um método anticoncepcional não-hormonal (como preservativos e espermicida) seja utilizado além da ingestão regular de Gestodeno + etinilestradiol (substância ativa).
Concentrações séricas mais baixas de etinilestradiol podem causar maior incidência de sangramento de escape e irregularidades menstruais e, possivelmente, reduzir a eficácia do contraceptivo oral combinado.
Após a descontinuação das substâncias que podem diminuir as concentrações séricas de etinilestradiol, recomenda-se o uso de um método anticoncepcional não-hormonal por, no mínimo, sete dias. Aconselha-se o uso prolongado do método alternativo após a descontinuação das substâncias que resultaram na indução das enzimas microssomais hepáticas, levando a uma diminuição das concentrações séricas de etinilestradiol. Às vezes, pode levar várias semanas até a indução enzimática desaparecer completamente, dependendo da dose, duração do uso e taxa de eliminação da substância indutora.
– Substâncias que podem interagir com o etinilestradiol: qualquer substância que seja capaz de reduzir o tempo do trânsito gastrintestinal porque diminuiria a absorção do fármaco.
– Substâncias indutoras das enzimas microssomais hepáticas, como rifampicina, rifabutina, barbitúricos, primidona, fenilbutazona, fenitoína, dexametasona, griseofulvina, topiramato, alguns inibidores de protease, modafinil.
– Hypericumperforatum (conhecido como erva de São João) e ritonavir.
– Alguns antibióticos (ampicilina, penicilinas tetraciclinas).
Há interações que poderão ocorrer, entretanto, com o aumento das concentrações séricas do etinilestradiol (por exemplo: atorvastatina, ácido ascórbico, paracetamol, indinavir, fluconazol, troleandomicina, ciclosporina, teofilina, corticosteroides).
Além das possíveis interações com outros medicamentos, o uso de anticoncepcionais (como Adoless®) combinados pode causar algumas alterações fisiológicas que poderão interferir nos resultados de exames laboratoriais como, por exemplo:
- Parâmetros bioquímicos da função hepática (incluindo a diminuição da bilirrubina e da fosfatase alcalina), função tireoidiana (aumento dos níveis totais de T3 e T4 devido ao aumento da TBG [globulina de ligação à tiroxina], diminuição da captação de T3 livre), função adrenal (aumento do cortisol plasmático, aumento da globulina de ligação a cortisol, diminuição do sulfato de deidroepiandrosterona [DHEAS]) e função renal (aumento da creatinina plasmática e clearance de creatinina).
- Níveis plasmáticos de proteínas (carreadoras), como globulina de ligação a corticosteroide e frações lipídicas/lipoproteicas.
- Parâmetros do metabolismo de carboidratos;
- Parâmetros de coagulação e fibrinólise.
- Diminuição dos níveis séricos de folato.
Portanto, é sempre necessário se fazer avaliação de todos os medicamentos que são administrados porque poderão causar consequências em vários níveis de complexidade.