Questões da maior importância para a saúde sexual da mulher brasileira foram trazidas à tona pela pesquisa inédita “Expectativa da mulher brasileira sobre sua vida sexual e reprodutiva: as relações dos ginecologistas e obstetras com suas pacientes”. O estudo, apresentado ontem, em São Paulo, e realizado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em trabalho conjunto com o Datafolha, evidenciou, por exemplo, que dezenas de milhões de brasileiras não priorizam e, consequentemente, não tratam da saúde sexual e reprodutiva.
Só para ficar bem transparente o tamanho do problema, é alarmante o número de mulheres que não costumam ir ao ginecologista-obstetra (GO) (6,5 milhões), que nunca foram ao GO (4 milhões) e também daquelas que não fazem uma consulta com esse especialista há mais de um ano (16,2 milhões), incluindo o grupo de mulheres que não costumam ir. isso significa que cerca de 20% daquelas com 16 anos ou mais correm o risco de ter algum problema sem ao menos imaginar.
Entre as mulheres que não costumam ir ou nunca foram ao ginecologista, as razões alegadas são todas muito preocupantes: quase um terço argumenta que não precisa ir, pois está saudável (31%) e outra parcela (22%) diz que não considera importante ou necessário ir ao ginecologista. Além de alegarem que têm vergonha, têm medo de detectar problemas, que não têm dinheiro para pagar consulta, que não gostam e que a mãe nunca levou.
Outros insights da pesquisa sobre saúde sexual
1. Quando questionadas sobre qual especialidade médica é a mais importante para saúde da mulher, cerca de oito a cada dez citam Ginecologia-Obstetrícia, de forma mais marcante por mulheres que usam atendimento particular ou convênio.
2. Dois por cento não têm frequência definida de consultas com o ginecologista, 5% nunca foram e 8% não costumam ir. O hábito de ir ao ginecologista é mais comum entre as moradoras de Regiões Metropolitanas, da região Sudeste e cresce conforme aumentam a escolaridade e a posição na pirâmide econômica. Por outro lado, as mulheres que nunca recorreram a esse especialista encontram-se mais entre as residentes em cidades do interior, entre as mais jovens e entre as integrantes das classes D/E.
3. A média de idade da primeira consulta, entre as mulheres que já foram ao ginecologista, é de 20 anos e a necessidade de esclarecer um problema ginecológico, a gravidez ou suspeita dela e prevenção são algumas das razões de procura do especialista. Quando se toma o todo da amostra, somente 54% apontam prevenção como motivadora da primeira consulta.
4. Cerca de metade das mulheres vão ao ginecologista pela primeira vez por razões preventivas (primeira menstruação, checkup, início da vida sexual, busca por acompanhamento contínuo, etc). Além disso, a menarca/início da puberdade é razão especialmente entre as meninas com escolaridade Médio e Superior e entre as integrantes das classes A/B e C.
5. Somente duas de cada dez brasileiras vão ao ginecologista-obstetra por iniciativa própria. Sete porcento (5,6 milhões) das brasileiras não vão a um ginecologista há cerca de 4 anos. Duas a cada dez foram há mais de um ano.
6. Atualmente 62% das brasileiras têm parceiro(a) sexual, 74% tiveram filhos, 22% estão na menopausa e 2% estão grávidas. Nessas situações o acompanhamento médico está presente principalmente na gravidez atual (100%), e na parceria sexual (81%). Porém, na menopausa apenas 64% declaram ter acompanhamento médico.
7. Aproximadamente sete de cada dez brasileiras afirmam que a decisão sobre a interrupção da gravidez é uma questão pessoal que cabe somente à mulher decidir, enquanto 25% defendem que é uma questão a ser decidida pelas leis da sociedade.
Fonte: Guia da Farmácia
Foto: divulgação Febrasgo
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