O presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse dia 17 de novembro que a empresa tem avançado nas negociações com o Ministério da Saúde e que, caso um acordo seja fechado, poderia disponibilizar vacinas já no primeiro trimestre de 2021.“Estamos otimistas de que vamos a chegar a um bom entendimento”, afirmou.
Segundo ele, as conversas com a pasta foram retomadas na última semana, após dados divulgados pela empresa apontarem que a vacina apresentou mais de 90% de eficácia na análise preliminar dos testes da fase três —a última etapa de estudos.
Os resultados, no entanto, ainda são parciais e não correspondem à conclusão do ensaio clínico, em andamento também no Brasil. Ainda assim, os números levaram a empresa a retomar o diálogo com a pasta.
Segundo ele, caso haja conclusão dos estudos nos prazos previstos, a vacina pode estar disponível nos Estados Unidos e no Canadá em dezembro. No Brasil, o prazo mais otimista, diz, prevê possibilidade de oferta em janeiro.
“Nos tempos que manejamos para o Brasil, dependendo dos avanços regulatórios, estimamos que esteja disponível no primeiro trimestre, que poderia ser algo como janeiro. Mas ainda depende de muitas variáveis, como chegar a um acordo com o governo”, afirmou.
Aprovação da Anvisa
O prazo também depende da aprovação de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), etapa necessária para que possa ser distribuída. Recentemente, o ministério tem informado que uma eventual nova compra também deve ocorrer apenas após aval da agência.
Outra possibilidade é que a negociação seja fechada assim que houver registro em outros países, segundo membros da pasta.
Apesar de ver os dados iniciais de eficácia da potencial vacina da Pfizer como favoráveis, representantes do ministério têm demonstrado preocupação com a logística de oferta do imunizante, que necessita ser armazenado em baixíssimas temperaturas, em torno de -70 C.
Murillo admite que esse pode ser um ponto de entrave, mas diz que a empresa tem buscado alternativas.
Pfizer explica ao Ministério da saúde como deve ser a logística da sua vacina
“A ciência tem avançado não somente no desenvolvimento da vacina, mas na parte logística”, diz ele, segundo quem a Pfizer tem uma embalagem que permite manter a vacina por 15 dias com uso de gelo seco.
“A vacina também pode ficar em refrigerador comum até cinco dias. Não resolve de todo o problema logístico, mas claramente demos um passo importante que possibilita contar com a vacina”, disse.
Em nota divulgada horas antes, no entanto, a pasta informou que a agenda tinha como objetivo “conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório”.
“A aquisição dos imunizantes deve ocorrer à medida em que os ensaios clínicos apontarem a total eficácia e segurança dos insumos e o registro na Anvisa for realizado”, apontou.
Fonte: Folha de São Paulo
Foto: Shuttestock