A saúde bucal é um aspecto relevante do bem-estar, especialmente na terceira idade, quando os cuidados com os dentes e gengivas podem se tornar mais desafiadores.
No Brasil, uma grande parte da população idosa enfrenta problemas relacionados à perda dentária. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) no País, 39 milhões de pessoas usam próteses dentárias. “Estudos relevantes e atuais mostram que dentes ou próteses dentárias eficazes são essenciais para garantir autoestima elevada, inserção social e alimentação de qualidade. Dessa forma, saúde bucal significa uma vida mais longa e mais prazerosa, com menos sinais de depressão e com corpo mais saudável”, afirma o dentista e professor da pós-graduação do Centro Universitário Newton Paiva, Prof. Dr. Fernando Marques Porfirio.
Segundo ele, com o envelhecimento, a musculatura facial perde tonicidade. Além disso, o fluxo salivar e o pH da saliva podem se alterar, e os dentes passam a apresentar um desgaste natural, decorrente do tempo em boca, e podem precisar de tratamentos específicos.
A perda de dentes em idosos pode ser atribuída a diversos fatores, sendo a falta de acesso a cuidados odontológicos regulares um dos mais significativos. Muitas vezes, os idosos enfrentam dificuldades de locomoção, o que limita a capacidade de visitar o dentista. Além disso, questões financeiras e a dependência de familiares ou cuidadores para se deslocar até uma consulta odontológica podem agravar a situação.
Com o avanço da idade, a coordenação motora pode ser comprometida, dificultando a escovação adequada e o uso do fio dental. Isso também pode levar ao acúmulo de placa bacteriana e ao desenvolvimento de cáries e doenças periodontais.
Alimentação pobre em nutrientes
Infecções, fraturas dentárias e próteses totais ou parciais insatisfatórias impactam na qualidade de vida e nutrição na terceira idade. Qualquer alteração dentária significa uma piora na rotina nutricional de forma direta e indireta. Pessoas que perdem dentes, além da ausência dentária, convivem com traumas comportamentais que bloqueiam por um tempo a mastigação eficaz de todas as variedades de alimentos necessários para uma nutrição efetiva e saudável.
A perda de dentes não afeta apenas a capacidade de mastigar: ela tem implicações diretas na saúde geral do idoso. O cirurgião–dentista e implantodontista, fundador da Luna Odontologia, Dr. Luiz Oliveira, alerta que por não conseguir se alimentar adequadamente, consumindo carnes, queijos e outros alimentos mais resistentes, o idoso se depara com uma dieta pobre em nutrientes.
“A falta de nutrientes na dieta facilita a perda óssea, principalmente se aliada à osteoporose. Existem outros fatores, mas esses são os principais. Juntos, eles levam a um aumento numérico de cáries e doenças nas gengivas, causando a perda dentária. Com isso, a eficiência mastigatória diminui, a digestão iniciada na boca já não acontece e o idoso tende a se alimentar de produtos mais fáceis de ‘mastigar’, e nem sempre serão os nutrientes corretos”, explica o Dr. Oliveira.
Idosos que se alimentam apenas de sopas, caldos, iogurtes ev mingau deixam de ingerir proteínas, acarretando a perda muscular geral mais rápida, interferindo na saúde geral e, também, bucal, completa o Dr. Oliveira.
Para contornar essas dificuldades, o uso de aparelhos facilitadores, como escovas elétricas e irrigadores bucais, podem ser soluções eficazes. Esses dispositivos ajudam a remover resíduos alimentares e placa bacteriana, reduzindo o risco de cáries e doenças gengivais.
O uso de próteses dentárias adequadas pode prevenir uma série de problemas de saúde. Quando bem ajustadas, os idosos conseguem evitar a dieta restritiva que frequentemente acompanha a perda dentária e, assim, manter uma nutrição mais equilibrada. Além disso, pode-se melhorar a fala e facilitar a socialização, aspectos essenciais para a saúde mental e emocional desse público.
“A prótese dentária é uma chave para recuperar a saúde mental e física dos idosos. O mundo, hoje, já entende que o idoso que sorri e mastiga de forma eficaz vive muito mais tempo, e mais importante que isso, vive melhor“, finaliza o Prof. Dr. Porfirio.
Papel dos fixadores de próteses
Os fixadores de próteses dentárias desempenham um papel fundamental na segurança e conforto dos usuários de próteses removíveis, especialmente na terceira idade. Esses produtos são formulados para aumentar a aderência entre a prótese e a gengiva, garantindo uma fixação mais firme e reduzindo a movimentação indesejada durante a mastigação e a fala.
“Também previnem vazamentos de possíveis líquidos e alimentos que possam se infiltrar sob a prótese”, diz a dentista e professora de Endodontia, Profa. Dra. Livia Neri. Além de melhorar a estabilidade da prótese, os fixadores também podem proporcionar maior confiança e qualidade de vida ao usuário, permitindo uma alimentação mais variada e segura, e minimizando o desconforto causado por próteses mal ajustadas.
Dicas do Gui
Como cuidar e higienizar as próteses dentárias?
IMPORTÂNCIA: a boa higienização é a palavra-chave para quem usa prótese dentária. Afinal, a boca é porta de entrada para saúde, por meio dos alimentos, e, também, para doenças, quando não está com a saúde em dia e adequadamente limpa.
ACOMPANHAMENTO ESPECIALIZADO: a visita periódica ao dentista é fundamental na terceira idade, assim como em qualquer período da vida.
HIGIENIZAÇÃO DA PRÓTESE: é recomendada uma limpeza diária, com uma escova específica para próteses e usando um creme dental não abrasivo, como os comuns.
CUIDADOS NOTURNOS: antes de dormir, sempre remover a prótese e deixá-la em um recipiente com uma solução própria, ou com água, para para evitar o ressecamento.
ATENÇÃO AOS DENTES PERMANENTES: manter a limpeza dos dentes naturais remanescentes é crucial para evitar cáries e doenças gengivais.
ESCOVAÇÃO FREQUENTE: a recomendação é de se escovar os dentes e a prótese pelo menos três vezes ao dia para uma higiene eficaz.
Fontes: cirurgião-dentista e implantodontista, fundador da Luna Odontologia, Dr. Luiz Oliveira; e dentista e professora de endodontia do Centro Universitário Governador Ozanam Coelho, Profa. Dra. Livia Neri.
Próteses e fixadores: esclareça as dúvidas frequentes
Os fixadores de próteses precisam ser usados todo dia? Sim! É necessário o uso contínuo para garantir a estabilidade da prótese.
Como aplicar? Basta aplicar o fixador na parte interna da prótese com ela limpa e seca.
Como remover? Limpar as próteses junto com a gengiva cuidadosamente e retirar qualquer resíduo do fixador antes de aplicar uma nova camada. Mesmo que a prótese esteja bem ajustada, a utilização do fixador é recomendada para manter a segurança e o conforto.
Qual critério para escolha entre marcas? Ao escolher a marca da prótese dentária e do fixador, é importante:
1. Qualidade: buscar sempre por qualidade e conforto, procurando marcas com boas avaliações e que ofereçam produtos com bons materiais e durabilidade.
2. Conforto: escolher próteses que oferecem um bom ajuste e conforto e que se adaptem melhor ao formato da boca do paciente.
3. Indicação: consultar sempre um profissional sobre marcas recomendadas e lembrando que nem sempre a marca mais cara é a melhor. O melhor custo-benefício pode variar dependendo da necessidade individual.
Fonte: dentista e professora de endodontia Profa. Dra. Livia Neri.
Fonte: Revista Guia da Farmácia
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