Por que comer e beber em excesso pode aumentar o risco de câncer

Festas, datas comemorativas e feriados são desculpa para o exagero e são combinações perigosas para a saúde

Ano de 2020. Ou 366 dias (é um ano bissexto) com nove feriados nacionais que podem ser estendidos e uma série de datas comemorativas, como Dias das Mães, dos Namorados, dos Pais, das Crianças… Isso sem contar as festas de aniversários, happy hours com os amigos, festas de casamento, de formatura, confraternização das empresas. Ou seja, uma série de justificativas para exceder na comida e na bebida. Mas estes excessos e a pouca prática de atividade física que sucedem tantos eventos são uma combinação perigosa e aumentam o risco de câncer.

“A questão nutricional tem papel importante na prevenção do câncer. Há uma série de estudos que relacionam o excesso de comida e de álcool ao aumento do risco da doença. Por isso, a moderação é a melhor recomendação para uma vida saudável em curto, médio e longo prazo. Talvez por ser uma fórmula tão simples, as pessoas acabam deixando de lado”, afirma a nutróloga do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, Andrea Pereira.

Pesquisa da Universidade de Cambridge financiada pela CancerResearch, no Reino Unido, e publicada na revista Nature há um ano, mostra, por exemplo, que o consumo exagerado de álcool tem capacidade de danificar o DNA das células-tronco. O estudo teve como base o sequenciamento do DNA e a análise cromossômica de células de ratos cobaias que ingeriram álcool diluído, conhecido como etanol, para avaliar o dano genético causado pelo acetaldeído (substância química prejudicial produzida pelo organismo durante o processamento do álcool). A descoberta é que o acetaldeído danifica o DNA das células do sangue e altera de forma permanente sua sequência. As células imperfeitas (ou defeituosas) se multiplicam e se alastram para outros tecidos com facilidade e tornam o corpo mais vulnerável ao câncer.

Exageros e o risco de câncer

“Até agora, o que se preconiza é que homens tomem até duas doses de álcool por dia e mulheres uma, já que o metabolismo feminino é diferente. Mas no Congresso da ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica) deste ano, uma das fortes recomendações foi que não há uma quantidade segura e, por isso, evitar é sempre a melhor opção”, afirma Andrea.

O mesmo vale com alimentação. Sal e açúcar em demasia, muita gordura e alimentos processados contribuem para elevar o risco de câncer. Não existe um alimento vilão. O exagero, sim, é o vilão. Por isso, a principal dica é evitar a gula. “A pessoas esquecem que carnaval, festa de aniversário, casamento, Natal e Réveillon são eventos que vão se repetir ao longo dos anos e aí extrapola. Para quê fazer dois pratos enormes em uma festa e comer três sobremesas?”, diz a médica. Os exageros na comida resultam ainda no ganho de peso, outro fator de risco para o câncer.

Uma coisa leva a outra. Agenda cheia de compromissos, exagero na comida e na bebida resultam, normalmente, na preguiça do dia seguinte. “Com isso, a atividade física fica é adiada. Lamentavelmente o Brasil é o país mais sedentário da América Latina, segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS). E a falta de exercícios também contribui para o risco de câncer”, diz a médica.

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Foto: Shutterstock

Fonte: Cristiane Bomfim, da Agência Einstein

 

 

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