Preço de medicamentos aos hospitais recua 1,82% após 10 meses de altas seguidas

O reequilibro gradual do mercado em termos de oferta e demanda dos medicamentos estão entre os fatores que contribuíram para o recuo do índice

O preço dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil teve uma queda de 1,82% em agosto, revela o novo Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador inédito criado pela Fipe em parceria com a Bionexo – health tech em soluções digitais para gestão em saúde.

O resultado negativo (o primeiro após 10 meses de altas seguidas) foi impactado pelo recuo nos preços dos medicamentos relacionados ao aparelho digestivo e metabolismo (-11,87%), sistema cardiovascular (-8,76%) e sistema nervoso (-6,52%).

Relações com a Covid-19

Esses três grupos contemplam o preço dos medicamentos empregados nos cuidados aos pacientes acometidos pela Covid-19, tais como analgesia, anestesia, suporte ventilatório e suporte vital.

Comparativamente, o resultado do IPM-H em agosto ficou, portanto, abaixo da inflação oficial do País medida pelo IPCA/IBGE (+0,24%) e do comportamento dos preços medido pelo IGP-M/FGV (+2,74%).

Apesar de uma parte dos medicamentos ser importada, o índice não acompanhou, todavia, a variação da taxa de câmbio nominal em agosto (+3,43%).

O reequilibro gradual do mercado em termos de oferta e demanda dos medicamentos e a menor variação cambial em relação ao primeiro semestre estão entre os fatores que contribuíram para o recuo do índice.

“Observamos uma redução na demanda de medicamentos em relação aos últimos meses devido aos sinais de arrefecimento da pandemia”, comenta o coordenador de pesquisas da FIPE, Bruno Oliva.

Além disso, segundo Oliva, os produtores de medicamentos já conseguiram, em grande medida, expandir, assim, a oferta de medicamentos para atender as necessidades geradas pela pandemia.

Crescimento na pandemia

Apesar da queda neste mês, o IPM-H já acumula um crescimento de 14,32% no período da pandemia.

Entre março e agosto deste ano, superando, assim, as altas do IPCA (+0,24%) e do IGP-M/FGV (+9,17%).

Por outro lado, o índice esteve abaixo da variação cambial no período (+25,81%).

Contribuíram, assim, para o resultado a elevação no preço médio de todos os grupos de medicamentos, especialmente os atuantes no aparelho cardiovascular (+75,69%).

Além do sistema nervoso (+55,20%), aparelho digestivo e metabolismo (+32,53%).

Além dos preparados hormonais sistêmicos (+22,55%) e sistema musculoesquelético (+16,35%).

Entre os medicamentos, por exemplo, que impactaram no índice ao longo da pandemia estão:

Norepinefrina (terapia cardíaca e suporte vital), fentalina (analgésico), propofol (anestésico), midazolam (hipnótico/sedativo/tranquilizante), omeprazol e pantoprazol (antiácidos, tratamento de dispepsia/úlcera gástrica).

Como se explica?

Os principais fatores que explicam a alta do IPM-H ao longo da pandemia foram o desabastecimento do mercado doméstico, a desvalorização cambial.

Além do aumento da demanda das unidades de saúde por medicamentos associados aos cuidados relacionados à Covid-19.

Considerando o acumulado deste ano, o IPM-H teve alta de 16,56%.

Já nos últimos 12 meses, no entanto, o avanço registrado foi, portanto, de 17,94%.

Contudo, nesse cenário mais amplo, os grupos que mais impactaram, assim, na alta foram aparelho cardiovascular (+76,57%); sistema nervoso (+53,99%)e aparelho digestivo e metabolismo (+52,26%).

E também, os preparados hormonais sistêmicos (+22,01%) e anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (+19,30%).

Em contraste, os grupos com as menores variações incluíram agentes antineoplásicos/quimioterápicos (+2,45%); medicamentos atuantes no aparelho geniturinário (+3,48%) além dos órgãos sensitivos (+7,82%).

Foto: Shutterstock

Fonte: Bionexo

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