Presença de medicamentos nos rios é “uma ameaça à saúde ambiental e/ou humana”

O aumento de remédios nos rios também pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes prejudicando a eficácia dos próprios medicamentos

Um estudo analisou o impacto da poluição de remédios nos rios e concluiu que esta representa, portanto, uma “ameaça à saúde ambiental e/ou humana”.

O trabalho, denominado por “Pharmaceutical pollution of the world’s rivers”, foi, então, realizado por investigadores da Universidade de York, no Reino Unido.

Amostras dos remédios encontrados nos rios

O estudo recolheu amostras de água de 1052 locais, ao longo de 258 rios, em 104 países de todos os continentes.

O que representa, portanto, uma “impressão digital” de 471,4 milhões de pessoas.

Portanto, no total, mais de um quarto dos 258 rios analisados tinha o que é descrito como “ingredientes farmacêuticos ativos” presentes num nível considerado inseguro para organismos aquáticos ou preocupante em termos de resistência antimicrobiana.

Além de ser uma ameaça ambiental, o aumento, então, de medicamentos nos rios também pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes.

Prejudicando, dessa maneira, a eficácia dos próprios medicamentos.

Riscos

De acordo com o estudo, “a poluição farmacêutica representa uma ameaça global ao meio ambiente e à saúde humana, bem com também ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas”.

As substâncias mais detetadas foram a Carbamazepina, utilizada para tratamento da epilepsia e dor neuropática, e a Metformina, usada para o tratamento da diabetes.

O estudo detetou, todavia, ainda altas concentrações dos chamados “lifestyle consumables“, como cafeína e nicotina, para além do analgésico Paracetamol.

A saber, os rios mais poluídos por este tipo de produtos foram localizados em países de baixo e médio rendimento, associados, então, a infraestruturas precárias de tratamento de águas residuais.

“Os locais mais contaminados foram localizados em países de baixo e médio rendimento e estavam associados a áreas com infraestrutura precária de tratamento de águas residuais e de gestão de resíduos e fabricação de produtos farmacêuticos”, refere o estudo.

As maiores concentrações foram detetadas na África Subsariana, no sul da Ásia e na América do Sul.

Na Europa, a amostra mais poluída foi detetada, então, em Madrid.

Os rios mais poluídos pertencem ao Paquistão, Bolívia e Etiópia.

Já os rios da Islândia, Noruega e da floresta da Amazônia estão entre os menos poluídos.

Fármacos não devem ser jogados em lixo comum

Uma solução é o descarte correto de medicamentos sem uso e vencidos, evitando jogá-los no lixo comum.

Atualmente, as farmácias são obrigadas por lei a terem dispositivos de logística reversa, que permitem ao cliente levar medicamentos vencidos e em desuso para o descarte correto.

No entanto, a abrangência para logística reversa é de medicamentos domiciliares, de uso humano (vencidos e/ou em desuso), e suas respectivas embalagens.

Isso porque, pelo Decreto nº 10.388, não está previsto o recolhimento de produtos de home care, material de uso hospitalar, de clínicas, de ambulatórios médicos etc.

 

Fontes: Netfarma e Guia da Farmácia

Foto: Shutterstock

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