Risco de mutações escaparem da proteção conferida pelos imunizantes ainda está em estudo. Pesquisas têm apontado eficácia reduzida, mas não totalmente anulada
A eficácia das vacinas estão sendo sendo pesquisadas por conta das variantes do novo coronavírus.
Um risco do avanço das mutações do vírus é que elas consigam escapar da proteção conferida pelas vacinas, hipótese que ainda está em estudo.
Pesquisas têm sugerido que a eficácia pode ser reduzida, mas não totalmente anulada.
O que sabemos sobre a Coronavac?
Uma análise preliminar com dados de oito pessoas sugeriu que a variante pode escapar dos anticorpos produzidos pela Coronavac.
Contra esses efeitos, a doutora em microbiologia Natalia Pasternak pede aceleração na aplicação das vacinas.
“As vacinas devem ser usadas em massa o quanto antes porque ainda funcionam. Se vacinar em massa, impedimos novas variantes. Se deixa a doença correr solta sem vacina, corre o risco de aparecerem outras variantes que escapem completamente do que o mercado tem agora (de imunizante) e aí seria preciso redesenhar a vacina”, explicou.
E sobre a vacina da Pfizer e a vacina de Oxford?
“A Pfizer testou sua vacina com os mutantes do Reino Unido e da África do Sul e funcionou perfeitamente. Até o momento, as mutações que apareceram não tornam o vírus tão diferente a ponto de não ser mais reconhecido pela vacina. Mas tem de ficar de olho, porque se aparecer uma muito diferente, vamos precisar adaptar as vacinas“, afirma a doutora Natália Pasternak.
Vacinas que usam o vírus inativado, como a Coronavac, têm a vantagem de, por usar o vírus inteiro, terem também mais alvos para a vacina, de modo que esse tipo de mutação não deve ser um problema.
Um estudo também mostrou que a vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca não parece oferecer proteção contra doenças leves e moderadas causadas pela mesma variante.
Qual foi a eficácia apresentada pela Johnson & Johnson e a Novavax?
A Johnson & Johnson e a Novavax disseram portanto que suas vacinas foram menos eficazes contra a variante sul-africana em testes clínicos realizados no país.
Mesmo representando um impacto positivo, a vacina da Johnson & Johnson teve eficácia menor, de 57%, para casos moderados e graves na África do Sul.
A saber, os testes foram realizados quando a variante sul-africana já estava em alta circulação.
Nos estudos clínicos do imunizante da Novavax no Reino Unido, 50% dos participantes que tiveram Covid-19 foram infectados pela nova variante. No país, a eficácia da vacina foi de 85,6%.
Então, a taxa foi menor nos testes realizados na África do Sul, que tiveram 49,4% de eficácia.
Existe a necessidade de reaplicar a vacina futuramente?
Todas as imunizações aparentam oferecer proteção contra doenças graves e morte em relação à Covid-19.
Como existe o risco de que novas variantes do vírus possam acabar “driblando” a vacina.
Muitos especialistas estimam que com o tempo, seja necessário atualizar a vacina e reaplicá-la, como ocorre com as vacinas da gripe, por exemplo.
Vamos precisar de outras vacinas para combater as novas mutações?
O professor na Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Gabriel Maisonnave Arisi, fala que as vacinas de RNA, tecnologia usada nos imunizantes contra o coronavírus, são revolucionárias porque são adaptáveis.
Se for necessária uma nova vacina para combater novas mutações, o processo de fabricação será muito mais rápido.
Dessa maneira, ele acredita que no futuro as vacinas contra o coronavírus irão proteger contra mais de uma cepa.
Ele explica ainda também que os imunizantes de vírus completo inativado, como a Coronavac, provavelmente são menos vulneráveis às variantes. J
á as de adenovírus, como é o caso da vacina de Oxford/AstraZeneca e da Sputnik V, podem ser mais vulneráveis às mutações.
Nove perguntas e respostas sobre as variantes do novo coronavírus
Fonte: Estadão
Foto: Shutterstock