Dentre os diferentes sintomas relacionadas ao impacto cerebral decorrente da queda hormonal ocorrida no climatério, há o brain fog. “Vale explicar que o termo brain fog (ou névoa mental) relaciona-se a sintomas cognitivos ocorridos neste período: a mulher sente a memória alterada, tem dificuldade de lembrar palavras, eventos, nomes, números, apresenta dificuldade elaborar um raciocínio linear, de realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo, etc”, explica Dr. Marcelo Luís Steiner, ginecologista e diretor da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO.
Apesar do impacto cognitivo, essa situação não necessariamente é um prenúncio de uma doença demencial no futuro e está muito mais relacionada à flutuação hormonal inerente ao período da transição menopausal.
Dr. Marcelo explica que a tal ‘névoa mental’ não é contínua, tampouco tem relação direta com risco de deficiência de cognição no futuro (a exemplo de demências ou Alzheimer). Segundo ele, assim como as ondas de calor, esses sintomas costumam ser autolimitados, melhorando com o tempo.
Ele ressalta, entretanto, que além da flutuação hormonal, esses sintomas também podem ter relação com outros aspectos da saúde da mulher. “Mulheres com sintomas vasomotores mais intensos – associados aos impactos na qualidade do sono e noites mal dormidas – acabam por ter mais risco de apresentar sintomas de brain fog”, explica o ginecologista.
Mulheres com saúde mental comprometida, seja por depressão ou ansiedade, ou com doença metabólica e/ou cardiovascular costumam ser mais impactadas por estes sintomas. Portanto não se trata apenas da questão de flutuação hormonal, mas também do estado geral de saúde da mulher.
Dieta equilibrada e exercícios físicos regulares, por exemplo, ajudam a mitigar os sintomas cognitivos, que tanto impactam a qualidade de vida das mulheres nessa fase.
A terapia de reposição hormonal (TRH) ajuda a controlar o brain fog?
“Os guidelines não recomendam a TRH para cognição ou prevenção de demência. Até o momento, os estudos não demonstraram um benefício direto e contundente desta terapia sobre o declínio cognitivo ou ocorrências de doenças demenciais”, reforça o ginecologista.
Entretanto, ele conta que a reposição hormonal pode reduzir os sintomas de confusão mental, memória, raciocínio lento relacionados à flutuação hormonal desse período.
Além disso, a TRH, quando associada a hábitos saudáveis como exercícios físicos, alimentação equilibrada, manutenção do peso, cuidado com a saúde mental, fortalecimento das relações sociais e controle de doenças cardiovasculares (como hipertensão e diabetes), pode ter um impacto significativo no alívio desses sintomas.
A redução do consumo de tabaco também contribui para esses benefícios. “Essa abordagem integrada pode não apenas melhorar a qualidade de vida no presente, mas também oferecer uma proteção futura contra o declínio cognitivo e o desenvolvimento de demências”, finaliza Dr. Marcelo.
Fonte: FEBRASGO
Foto: Shutterstock
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