Sequelas em pacientes da Covid continuam dois meses após alta hospitalar

Estudo norte-americano mostrou que 39% dos hospitalizados que tiveram sequelas da Covid-19 não voltaram às atividades normais

A hospitalização é uma dura experiência para pacientes com sintomas mais graves da Covid-19. Como se não bastasse, as sequelas da doença vêm acometendo os sobreviventes, mesmo tempos depois de receberem alta. É o que constatam pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, em um estudo sobre os efeitos de longo prazo do novo coronavírus na saúde, trabalho e bem-estar.

A pesquisa contou com análise de dados de mais de 1,2 mil internados pela Covid-19 em 38 hospitais de Michigan, entre abril e julho.

O levantamento mostrou ainda que, após dois meses do fim do tratamento, 7% haviam morrido. Se contados apenas os internados em Unidades de Terapia Intensiva, o índice subia para 10%. Já 15% acabaram voltando para o hospital no mesmo período. 

Além disso, os pesquisadores também fizeram entrevistas por telefone com 488 sobreviventes. Desse grupo, 39% disse não ter retomado as atividades normais 60 dias após a alta hospitalar.

Cerca de 12% relatou que não conseguia mais cuidar de si mesmos sozinhos, ou tão bem quanto antes. Quase um quarto (23%) admitiu ficar sem fôlego ao subir ao menos um lance de escadas. Além disso, um terço continuava apresentando sintomas semelhantes aos da Covid-19, incluindo problemas com paladar ou olfato. 

“Para a maioria dos sobreviventes, era comum ter sequelas como a morbidade contínua – incluindo a incapacidade de retornar às atividades normais –, assim como sintomas físicos, emocionais, e perda financeira”, afirmam os autores do estudo, publicado pelo periódico científico Annals of Internal Medicine.

Dificuldade para retornar ao trabalho

Todavia, daqueles que trabalhavam antes da internação, 40% disseram não ser mais capazes de voltar ao emprego, alguns porque haviam perdido, mas a maioria devido a problemas de saúde consequentes.

Pouco mais de um quarto dos que voltaram a trabalhar teve a jornada diminuída, também por razões de saúde. Quase metade dos entrevistados alegou ter sido emocionalmente afetado pela experiência com a Covid-19, incluindo uma parcela que procurou atendimento mental.  

“Esses dados sugerem que a carga do Covid-19 se estende muito além do hospital e da saúde. Os custos mentais, financeiros e físicos entre os sobreviventes parecem substanciais”, de acordo com o autor principal do estudo e chefe de medicina hospitalar da Universidade de Michigan, Vineet Chopra.

Mais de um terço (37%) dos entrevistados, no entanto, disse que sua experiência com a Covid-19 trouxe um impacto financeiro. E cerca de 10% disseram, também, ter gastado a maior parte ou todas as suas economias com o tratamento, e 7% afirmaram estar racionando comida, aquecimento, moradia ou medicamentos por causa dos custos.

“O grande número de pessoas lutando após a Covid traz uma nova urgência para o desenvolvimento de programas para apoiar a recuperação depois da doença aguda”, afirma a autora sênior e médica pulmonar na Universidade de Michigan, Hallie Prescott.

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Fonte: Frederico Cursino, da Agência Einstein

Foto: Shutterstock

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