Desconforto após comer alguns alimentos, dificuldade de ir ao banheiro, gases… A Síndrome do Intestino Irritável demanda restrições severas na dieta de seus portadores. “A síndrome do cólon irritável é um distúrbio na motilidade intestinal, sem associação com alterações de estruturas do trato digestório, nem disfunções bioquímicas. Geralmente se caracteriza por episódios de desconforto, dor e distensão abdominal, podendo estar acompanhados de diarreia e constipação”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Segundo ela, o diagnóstico não é fácil, pois pode ser confundida com algumas doenças mais graves. “É essencialmente clínico, geralmente baseado nos sintomas, na ausência de sinais relevantes verificados no exame físico e eventualmente na visualização direta do intestino através da colonoscopia, para descartar diagnósticos diferenciais”, diz.
Dieta
Os portadores da síndrome devem, de acordo com a Dra Marcella, buscar uma dieta de baixa FODMAP (uma sigla para designar carboidratos osmóticos, geralmente fibras, que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas). E, portanto, devem evitar alimentos ricos em FODMAPs, entre eles: xarope de milho, mel, maçã, pera, manga, aspargos, cereja, melancia, sucos de frutas, leite de vaca, leite de cabra, leite de ovelha, iogurte, nata, creme, queijo ricota e cottage, cebola, alho, alho-poró, trigo, cuscuz, farinha, massa, centeio, caqui, melancia, chicória, alcachofra, beterraba, aspargos, cenoura, quiabo, couve, lentilhas, grãos de bico, feijão, ervilha, soja, damasco, pêssego, ameixa, lichia, couve-flor e cogumelos.
Condição clínica
Segundo a Dra Marcella, o estresse é um fator desencadeante importante e esse tem aumentado muito atualmente, doenças psiquiátricas como depressão e ansiedade também são gatilhos de crises. “Além de hábitos alimentares com o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados e pró-inflamatórios aliado a um estilo de vida inadequado com má qualidade de sono e sedentarismo”, explica a médica.
As pessoas com esses problemas de saúde acreditam que eles sejam causados somente pela alimentação, mas há estudos que relacionam o cérebro e as emoções com a origem. “No aparelho digestivo são sintetizadas a maior parte das substâncias chamadas neurotransmissores, como a serotonina, que atuam levando sinais e estímulos ao sistema nervoso e esse manda sinais ao organismo para sintetizar mais ou menos deles. Essa comunicação entre o cérebro e o intestino deve ocorrer de forma adequada e depende de vários fatores como a dieta, o equilíbrio da microbiota intestinal, a pratica moderada de atividade física, boa qualidade de sono e um controle adequado do estresse”, comenta a médica.
Tratamento
Além do tratamento clínico com reeducação alimentar e mudanças de estilo de vida, a médica explica que pode ser necessário o uso de medicamentos para controlar os sintomas. “Os tratamentos com probióticos suplementares específicos e individualizados também podem ajudar. Se os sintomas forem muito prevalentes, esse paciente deve procurar atendimento médico, para descartar outras patologias, identificar os gatilhos, reorganizar a dieta e o estilo de vida”, diz a médica. “Não há uma receita para o público em geral, porque os alimentos que são causadores de desconforto digestivo para alguns portadores de Síndrome do Intestino Irritável, não são para outros. Porém uma dieta equilibrada, variada e o mais natural possível, aliada à boa ingestão de água e estilo de vida saudável são boas dicas para todos”, finaliza a Dra Marcella.
Fonte: Dra Marcella Garcez
Foto: Shutterstock
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