SP aplica 17% das doses em moradores de outras cidades e decide restringir acesso

Com a ampliação da faixa etária que poderá receber o imunizante, a Prefeitura decidiu passar a exigir comprovante de residência

Com a ampliação da faixa etária que poderá receber o imunizante contra a Covid-19, a Prefeitura de São Paulo decidiu, na última quinta-feira (27) passar a exigir comprovante de residência e restringir o acesso à vacina.

Pouco mais de 1 milhão de moradores da cidade de São Paulo foram vacinados com as duas doses contra a Covid-19 até o início desta semana.

Istp, quatro meses após o início da campanha nacional.

O número representa 8,25% do total da população local, porcentagem que é menor do que a média do Estado (9,74%).

Restringindo, assim, a aplicação a moradores da capital.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS) mostra que 17% do total de doses aplicadas em São Paulo atenderam pessoas de fora da cidade.

Foram 4 milhões de doses aplicadas (entre primeiras e segundas doses) e 686 mil acabaram no braço de pessoas que vivem em outros municípios que não a capital paulista.

A Prefeitura não culpou esse “desvio” pela porcentagem atual de imunizados, mas ponderou que era a única cidade até hoje que não fazia a exigência do comprovante.

Daqui para a frente, os grupos prioritários que serão vacinados têm grande quantidade de pessoas. Serão mais de 200 mil. A faixa etária está diminuindo progressivamente, são pessoas que, diferentemente de idosos, se deslocam com maior facilidade. Portanto, é natural que a cidade de São Paulo, que tem uma estrutura de vacinação muito grande, atraia pessoas que se desloquem para cá”, disse em nota o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.

Novos inclusos

Novos grupos serão incluídos na lista de vacinação a partir de hoje.

Estudantes do último ano de cursos da área da saúde e trabalhadores da saúde acima de 18 anos podem se vacinar na cidade.

A vacinação de pessoas com comorbidades e com deficiência permanente cadastradas no Benefício de Prestação Continuada (BPC) será ampliada.

E, dessa maneira, passará a abranger todos que têm mais de 40 anos.

Caso o comprovante de residência exigido esteja no nome de algum parente, disse a Prefeitura, haverá a necessidade de demonstrar o grau de parentesco.

Já para aquelas pessoas que já tomaram a primeira dose, não haverá a exigência do documento para a segunda.

Ranking

Entre as 645 cidades do Estado, a capital ocupa a 393ª posição no ranking da vacinação completa.

As cidades do topo da lista são as com a menor população.

Em Flora Rica, por exemplo, que tem 1.430 habitantes, metade dos moradores já recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19.

Entre as maiores cidades do Estado, com mais de 400 mil habitantes, São José dos Campos apresenta o melhor índice, com 24,42% dos moradores vacinados com a primeira dose.

Santos lidera o ranking de aplicação da segunda dose, com 11,2% dos moradores imunizados.

Medida ‘mais atrapalha que ajuda’, avalia especialista

Esta decisão da Prefeitura de São Paulo pode trazer mais dores de cabeça que soluções, avaliam especialistas da saúde.

Eles apontam certamente que a medida cria mais um empecilho para o acesso à vacina, é facilmente burlável e ainda pode desfavorecer uma parcela dos residentes na metrópole.

Por exemplo, para o epidemiologista e ex-diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo e responsável por campanhas de vacinação desde 1975, José Cassio de Moraes, o esforço seria melhor empregado na divulgação da imunização.

O foco, aponta, deveria ser nas populações com comorbidades, onde ele avalia, portanto, que está o maior ruído nas informações.

“Que o ritmo está lento, não precisa nem dizer. Uma parte é porque não tem vacina, mas o problema é que quem divulga a vacinação é só a imprensa. Alguma parcela das redes sociais até divulga, mas a maioria cria fake news. Quem tem como fonte de informação as redes, não recebe uma posição governamental, e sim propagandas contra a vacina”, avalia. .

Moraes também aponta que o comprovante de residência pode gerar um fator a mais de preocupação não só para os pacientes, mas igualmente para os agentes de saúde.

“Já temos a experiência de que restringir a vacinação em uma cidade aberta e com fluxo grande como São Paulo é muito difícil. Você sempre teve a evasão, que se agravou agora porque os municípios não estão fazendo a mesma estratégia e não há comunicação entre um e outro.”

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Fonte: Estadão

Foto: Shutterstock

Não se automedique, consulte um profissional de saúde.

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