Em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e o Hospital das Clínicas (HC), pesquisadores de uma startup utilizam a nanotecnologia para produzir remédios, sem perdas à ação dos compostos farmacêuticos.
A ideia surgiu após a notícia de um aposentado ter sido hospitalizado porque ficou engasgado com um comprimido. A startup de Ribeirão Preto (SP) viu a notícia e resolveu desenvolver uma técnica capaz de eliminar cápsulas e até produzir colírios que podem ser absorvidos mesmo com as pálpebras fechadas.
Submetida a uma máquina que trabalha com alta pressão, a molécula do princípio ativo – como, por exemplo, a vitamina C – fica um bilhão de vezes menor e pode ser misturada na água ou no suco, facilitando a ingestão pelo paciente.
“Um óleo nutriente, utilizado para prevenção de doenças cardíacas, a gente consegue solubilizar na água. Ele tem um tamanho de partícula bem pequenininho. Isso facilita a ingestão por crianças, idosos e outras pessoas que utilizam”, explica o farmacêutico Gustavo Cadurim.
A startup, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), acaba de receber a licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para desenvolver alimentos, remédios e cosméticos em versão nano. O investimento é de R$ 1 milhão.
Até colírios podem ser borrifados com as pálpebras fechadas, sem perder a eficácia. Cápsulas de ômega três, um óleo encontrado em peixes e indicado para doenças do coração e do cérebro, viram gotas.
“Ele facilita a ingestão por quem não consegue tomar as cápsulas oleosas. Pois, eles podem causar problemas na hora da deglutição. Com essa forma hidrossolúvel, a gente consegue colocar na água ou em qualquer outra bebida” , afirma o farmacêutico.
Outras vantagens da nanotecnologia
Além disso, ainda de acordo com Cadurim, a absorção das substâncias pelo organismo chega a ser dez vezes maior do que a obtida com a ingestão de cápsulas.
De acordo com o CEO da startup, Guilherme Spuri Bernardi, o processo de nanotecnologia deve baratear o custo dos produtos feitos no Brasil.
“Esse investimento que está sendo realizado vai propiciar nossa indústria a trazer tecnologias que só existem lá fora. Dessa forma, barateando o produto para o consumidor final, além de geração de empregos e impostos. É coisa que a gente deixa de importar para fabricar aqui”, diz.
Além disso, a tecnologia da miniatura ajuda a deixar o gosto e o cheiro dos medicamentos mais agradáveis. Os pesquisadores dizem que o processo de fabricação só usa produtos naturais.
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Fonte: G1