Surto afeta receitas do setor de saúde, que é 18% do PIB americano

Cirurgias foram adiadas e consultórios, fechados, o que representa uma ameaça à recuperação da economia dos EUA

A indústria da saúde está passando por um colapso histórico que afeta a economia americana e representa uma ameaça à recuperação dos EUA. A maioria das cirurgias eletivas foi adiada. Consultórios de dentistas foram fechados. Os médicos passaram a atender somente os pacientes mais graves. A ordem de confinamento fez com que as pessoas evitassem os serviços médicos. Mais de 200 hospitais deram licença a funcionários, segundo a Becker’s Hospital Review.

O resultado foi uma queda de 18% nos gastos com saúde no primeiro trimestre, segundo o Departamento de Comércio, maior contração desde 1959, quando o governo começou a coletar os dados. Como o setor representa 18% do PIB americano, a redução significa uma queda de 4,8% da economia no primeiro trimestre.

Um declínio ainda pior é esperado para o segundo trimestre, que chega ao fim em junho. Segundo previsões do Morgan Stanley, será uma queda recorde de 37,9% no PIB. O declínio assustador destaca que o setor da saúde não é apenas crucial para salvar vidas, mas é também vital para uma recuperação econômica. Os EUA gastam mais com saúde – como porcentual da economia – do que qualquer outro país desenvolvido, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Prejuízos

Historicamente, os responsáveis pelas políticas públicas tentaram limitar os gastos com saúde para que pesem menos no bolso dos americanos. Mas uma queda vertiginosa como essa cria um desastre financeiro, e seus efeitos são sentidos em vários setores da economia.

Conforme os Estados americanos buscam relaxar as restrições, muitos hospitais e prestadores de serviços de saúde começam a retomar suas atividades. Parte do estrago econômico pode ser aliviado pelo pacote federal de auxílio de US$ 175 bilhões aprovado recentemente – cuja distribuição é lenta – para prestadores de serviços de saúde afetados pela pandemia.

Muitos economistas esperam que o retorno ao desempenho anterior o vírus esteja distante – e ele pode ser atrasado ainda mais se as infecções voltarem a aumentar. “Vejo vários sistemas de saúde informando perdas de receita que chegam a 50% ou mais”, disse Vivian Ho, economista e professora da Universidade Rice, em Houston. “Por mais que eu acredite em uma recuperação, ela será lenta e as coisas não voltarão a ser como antes.”

A experiência de Vivian ilustra como uma pandemia pode afetar os negócios. Ela adiou dois importantes procedimentos médicos agendados para o início do ano – uma ressonância magnética e a instalação de lentes de contato. Cada procedimento renderia cerca de US$ 5 mil aos prestadores de serviços. Ela espera que ambos sejam realizados nas próximas semanas, o que mostra como o acúmulo de procedimentos adiados pode ajudar médicos e hospitais.

No entanto, Vivian e outros economistas da área da saúde enxergam novos limites para a oferta do atendimento, reduzindo a eficiência e a renda em um setor que é vital para a economia americana. Os parâmetros de distanciamento social e controle de infecção podem significar salas de espera menos cheias ou a abolição completa dessa salas.

Foto: Shutterstock

Fonte: Estado de São Paulo

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