Vacina contra a Covid-19: qual tomar, efeitos colaterais e qual a mais eficaz

O ritmo de imunização ganhou mais força no País, mas algumas dúvidas ainda persistem sobre a Covid-19 e as vacinas disponíveis. Acompanhe algumas delas e combata as fake news no ponto de venda

Apesar dos programas de vacinação contra a Covid-19 estarem em ritmo acelerado pelo mundo, algumas dúvidas ainda persistem sobre o vírus e novas questões vão surgindo ao longo desta jornada.

Para ajudar os farmacêuticos que estão na linha de frente, para que saibam esclarecer dúvidas que tem se tornado recorrentes no balcão, convidamos a médica alergista e imunologista, membro do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Dra. Bianca Noleto Ayres Guimarães, para sanar algumas delas.

Entenda a importância de tomar as duas doses, efeitos colaterais e o que podemos fazer depois de vacinados.

Por que tenho que tomar as duas doses da vacina?

Nos estudos iniciais, a eficácia das vacinas foi estabelecida utilizando duas doses, exceto no caso da vacina da Janssen. Portanto, não podemos nos considerar protegidos com apenas uma dose. A resposta imunológica é mais forte e mais persistente para algumas vacinas quando aplicadas mais de uma vez.

No entanto, alguns estudos já estão sendo realizados e demonstram que uma dose apenas de algumas vacinas pode ser suficiente para dar proteção adequada. Porém, até que isso esteja estabelecido, é fundamental respeitar o regime de doses preconizados pelos fabricantes e pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil para não haver riscos de atraso ou piora no controle da pandemia.

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Qual a melhor vacina contra a Covid-19?

Todas as vacinas licenciadas para uso emergencial ou registradas no Brasil alcançaram os parâmetros de segurança e eficácia estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nos estudos clínicos de fase 3, que determinam a eficácia, as vacinas foram testadas em diferentes populações, com diferenças étnico-raciais marcantes e com outras variantes do vírus circulando. Existem diferenças de eficácia, mas não necessariamente as vacinas em uso, hoje, serão eficazes da mesma forma para novas variantes por exemplo. Pode ser que a vacina A, com maior eficácia, não te proteja das novas variantes, mas pode ser que uma vacina B com menor eficácia, proteja.

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Posso escolher qual vacina tomar?

Cada vacina tem uma eficácia diferente, sim, mas a população precisa entender o conceito coletivo de imunização, que depende de alta adesão às campanhas de vacinação em massa para efetivamente reduzir a gravidade da doença, com diminuição sustentada de casos de internação e óbitos.

Se todos não forem vacinados rapidamente, ninguém estará protegido. Nem mesmo com uma vacina de maior eficácia no contexto individual, pois a vacinação tem de ser entendida como um grande pacto coletivo.

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Quando poderemos parar de usar máscaras?

Só poderemos pensar em avaliar a possível flexibilização de medidas preventivas contra a Covid-19, incluindo a exigência de máscaras, quando houver baixos níveis de contágio, mortes e variantes circulantes. É preciso que grande parte da população esteja vacinada para que a circulação do vírus diminua.

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Por que mesmo após a vacina ainda é preciso seguir os protocolos de segurança?

Nenhuma vacina é 100% eficaz e não sabemos se as disponíveis até o momento são capazes de impedir a transmissão do vírus. Sabemos que as vacinas protegem muito bem contra a doença grave causada pelo SARS-CoV-2. Por isso, medidas de distanciamento social, uso de máscaras e higiene de mãos não podem ser abandonadas, pois ainda que vacinados, existe a possibilidade de que possamos transmitir a doença a pessoas não vacinadas ou vulneráveis que poderão apresentar quadros graves da Covid-19.

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As vacinas são eficazes contra as novas variantes?

A julgar pelo conhecimento atual, provavelmente, sim. Mas essa questão vem sendo e continuará sendo acompanhada de perto pela ciência. Caso surja alguma variante que interfira na resposta vacinal, os fabricantes rapidamente poderão adaptar suas vacinas.

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Estou grávida. Devo tomar a vacina contra a Covid-19?

Grávidas constituem população de risco para doenças respiratórias como a Covid-19, e o período de amamentação requer alguns cuidados, embora a vacinação raras vezes represente uma preocupação. No entanto, na medida em que não há dados sobre segurança e eficácia específicos para esse grupo, a decisão de se vacinar deve ser compartilhada com o médico assistente. O Ministério da Saúde (MS) atualiza suas recomendações para esta e outras situações por meio de “Informes Técnicos” divulgados periodicamente. Portanto, deve-se ficar atento às recomendações na determinação da vacina a ser usada, que podem variar conforme a região e a disponibilidade de vacinas.

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Os benefícios da vacina são maiores do que os riscos de possíveis reações?

Sim. Eventuais riscos de raros eventos adversos graves pós-vacinais são muito menores do que os da Covid-19. No geral, as vacinas que vêm sendo aprovadas ao redor do mundo apresentaram bom perfil de segurança. A maioria dos registros é de casos leves a moderados, que se resolvem em poucos dias. Raros são os eventos adversos graves. As quatro vacinas já aprovadas no Brasil apresentam um perfil de segurança semelhante ao das outras que utilizamos há anos.

Elas não causam efeitos colaterais importantes na maioria das pessoas que as recebem. Os eventos mais comuns são dor no local da injeção e febre. Outros sintomas menos comuns são cansaço, mialgia e dor de cabeça, que cessam em poucos dias. Reações alérgicas são incomuns, mas podem ocorrer após qualquer vacina, sendo essencial que a aplicação se dê em locais capacitados para detectar os primeiros sinais e prestar pronto atendimento.

Entretanto, estamos falando de novas vacinas para uma doença que vem apresentando um comportamento muito peculiar, com estudos pré-aprovação mais curtos, com menor tempo de observação. Assim, eventos inesperados poderão ser registrados e cabe à vigilância exercer um acompanhamento rigoroso.

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Por que os jovens agora estão tão suscetíveis quanto os idosos aos sintomas?

Com o descontrole da pandemia e a vacinação já realizada em boa parte dos idosos, mais jovens estão contraindo Covid-19, já que o vírus está circulando principalmente nesta faixa etária. Quanto mais pessoas infectadas nessa faixa etária, mais hospitalizações e mais mortes. Os jovens tendem a se expor mais ao vírus, tanto por questões comportamentais como a baixa adesão às máscaras e as constantes aglomerações, quanto por formarem a maioria da classe trabalhadora.

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Neste momento, quais são as garantias que a imunização traz?

Ainda não sabemos, infelizmente, por quanto tempo as vacinas vão gerar proteção contra a Covid-19. E é preciso considerar que novas cepas estão surgindo. Até o momento, as vacinas se mantêm eficazes contra elas. É fundamental que a vacinação seja feita na maioria da população o mais brevemente possível para reduzir ou até interromper a circulação do vírus e, por conseguinte, o aparecimento de novas cepas.

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É possível pegar Covid-19 duas vezes? Por que?

Diante das incertezas e da chegada de novas variantes, a reinfecção por Covid-19 é possível e pode ser cada vez mais frequente. A recomendação atual é considerar que o risco de desenvolver complicações da Covid-19 em uma reinfecção se assemelha ao de quem pega o vírus pela primeira vez.

Na prática, temos visto que a segunda infecção tende a ser mais leve. E que os pacientes com quadros graves não têm se reinfectado, talvez por causa da resposta mais robusta do sistema imune.

Depois de tomar a vacina contra a Covid-19, em quanto tempo estou imunizado?

O organismo precisa de tempo para fabricar os anticorpos. Estima-se que o potencial completo da vacina seja atingido em cerca de duas semanas após a imunização. Lembrando que para as vacinas disponíveis no Brasil são necessárias duas doses (exceto a vacina da Janssen).

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Quem está com sintomas de Covid-19 pode tomar a vacina?

Não há evidências, até o momento, de preocupação com a segurança na vacinação de pessoas que tiveram Covid-19 ou têm anticorpos contra SARS-CoV-2 detectáveis. Também é improvável que a vacinação de indivíduos infectados assintomáticos ou no período de incubação cause algum prejuízo.

De todo modo, a vacinação de pessoas com quadro respiratório sugestivo de infecção em atividade deve ser adiada por pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas, para evitar qualquer associação temporal entre complicações da Covid, que podem acontecer dentro deste período, mesmo em quem está com sintomas leves. A vacina só deverá ser aplicada após a recuperação clínica total ou, no caso de assintomáticos, quatro semanas a partir da primeira amostra de RT-PCR positiva.

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Quais os riscos de tomar a primeira dose de uma vacina e trocar a marca na segunda dose? A imunização fica prejudicada?

A coordenadora do Depto Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Lorena de Castro Diniz, explica que provavelmente não será prejudicado a resposta imunológica receber a primeira dose de uma marca e a segunda de outra marca, mas ainda não temos estudos mais concretos sobre esta intercambiabilidade, por essa razão é preferível neste momento receber a mesma marca nas doses preconizadas.

Temos visto casos de pessoas burlando o sistema de imunização e tomando dois tipos de vacina contra a Covid. Quais as implicações legais e na saúde que isso pode causar?

De acordo com a Dra. Lorena, o Ministério da Saúde ainda não autorizou a troca do imunizante, salvaguarda em alguns casos muito específicos, por essa razão essa atitude pode estar tirando a oportunidade de uma pessoa que ainda não recebeu a primeira dose ou segunda dose fique sem a possibilidade de receber na data correta aquele imunizante específico.

Os testes de Covid poder ser alterados caso o paciente os faça na semana que tomou a vacina?

A Dra. Lorena explica que os testes do COVID PCR RT  não se alteram em momento algum com a vacinação. O teste sorológico que mostra a presença de anticorpos sim pode confundir se IGG positivo se foi devido a doença ou situação vacinal. 

Conclusão

Como vimos, é importante tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19 e mesmo assim, continuar usando máscara, mantendo o distanciamento social e as medidas de higiene.

Isso porque ainda é possível se infectar com o vírus.

Assim, quando chegar a sua idade, é importante se vacinar, bem como retornar para a aplicação da segunda dose.

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Fonte: Guia da Farmácia

Fotos: Shutterstock

*Conteúdo exclusivo do Guia da Farmácia. Ao reproduzir, colocar a fonte e o link para o texto original.

Não se automedique, consulte um profissional de saúde.

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