Novo estudo mostrou também que o imunizante, aplicado anualmente, está associado a diminuição de internações pela doença
A vacina contra gripe não reduz e nem previne contra a Covid-19, apenas contra infecções respiratórias causadas pelo influenza, vírus causador da gripe. No entanto, um novo estudo, realizado por pesquisadores da Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, sugere que o imunizante pode conferir algum nível de proteção contra o coronavírus também.
No estudo, publicado recentemente no periódico científico American Journal of Infection Control, pessoas que tomaram a vacina contra gripe apresentaram um risco 24% menor de serem infectadas pelo novo coronavírus.
Para chegar a essa conclusão os pesquisadores analisaram, então, registros médicos de mais de 27.000 pacientes no Michigan submetidos a testes para diagnóstico de Covid-19 em julho de 2020.
Pesquisa sobre a relação entre a vacina da gripe e a redução de casos de Covid-19
Os resultados mostraram que aqueles que receberam a vacina contra a gripe no ano anterior tinham uma probabilidade significativamente menor de testar positivo, em comparação com pessoas que não foram vacinadas.
Além disso, mesmo quando infectadas, pessoas vacinadas contra a gripe tiveram menor probabilidade de hospitalização e de intubação.
Como esse foi apenas um estudo retrospectivo observacional, não é possível, contudo, confirmar uma relação de causa e consequência entre a vacina da gripe e a redução do risco de Covid-19.
De acordo com os pesquisadores, a associação identificada pode não estar associada diretamente ao imunizante.
“É possível que os pacientes que recebem a vacina contra a gripe também estejam praticando mais distanciamento social e seguindo as diretrizes do CDC”, disse a cardiologista da Universidade de Michigan, Marion Hofmann Bowman.
Efeito biológico
Por outro lado, os cientistas não descartam a possibilidade de haver um efeito biológico direto da vacina contra a gripe no sistema imunológico.
Que também ajuda na prevenção de infecções causadas pelo SARS-CoV-2, nome oficial do novo coronavírus.
Estudos anteriores já associaram a vacina contra gripe a potencialização da imunidade contra o coronavírus e até mesmo à redução da mortalidade pela doença.
Um mecanismo plausível para esse efeito benéfico cruzado estaria no processo chamado imunidade treinada, em que a exposição a um invasor também prepara o sistema imunológico para responder a outras ameaças.
“Enquanto o maior benefício para a saúde da vacina contra influenza vem da prevenção da influenza, o benefício potencial auxiliar da proteção contra Covid-19 pode fornecer ímpeto suficiente para pacientes hesitantes se vacinarem”, escrevem os autores.
Campanha de vacinação
Neste ano, a campanha de vacinação contra gripe está prevista para acontecer entre 12 de abril e 9 de julho. O Ministério da Saúde pretende vacinar pelo menos 90% do público-alvo, que totaliza mais de 79,7 milhões de pessoas.
Em 2020, a ação atingiu 95,7% do grupo prioritário. No ano passado, o governo federal também incluiu adultos de 55 a 59 anos no público-alvo. Mas este ano, a faixa etária não foi contemplada.
O Ministério da Saúde (MS) recomenda os imunizantes não sejam aplicados simultaneamente.
A orientação é que haja um intervalo mínimo de duas semanas entre as injeções.
Se houver necessidade de priorizar, o governo recomenda tomar a vacina contra o novo coronavírus antes.
Campanha da gripe: como tomar a vacina em tempos de coronavírus
Fonte: Veja
Foto: Shutterstock