Vacina de Oxford contra Covid-19 tem eficácia de até 90%

Segundo os pesquisadores, diferente de outros imunizantes, este pode ser armazenado na geladeira, o que é um fator importante para a logística de distribuição e armazenamento

O laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram nesta segunda-feira, 23, que a vacina contra a Covid-19 que estão desenvolvendo alcançou eficácia de 90%.

Segundo os pesquisadores, diferente de outros imunizantes, este pode ser armazenado na geladeira, o que é um fator importante para a logística de distribuição e armazenamento especialmente em países como o Brasil.

Nos testes, a vacina de Oxford foi administrada de duas formas diferentes:

Na primeira delas, os voluntários receberam, dessa forma, metade de uma dose e, um mês depois, uma dose completa. Nesse grupo de voluntários, a eficácia foi de 90%.

Já no segundo grupo, que recebeu duas doses completas da vacina, a eficácia foi reduzida a 62%. 

Esses dois resultados permitiram, dessa maneira, obter eficácia média de 70%.

Essas conclusões foram possíveis a partir dos testes de fase 3 – a última etapa dos estudos – realizados na Inglaterra e no Brasil. 

As fases 1 e 2 dos estudos já haviam apontado que a vacina é segura e induz a produção de anticorpos e a resposta imune das células T em todas as faixas etárias, incluindo idosos.

Eficácia da vacina de Oxford

Nenhum evento grave relacionado à segurança da vacina foi confirmado e o imunizante não apresentou efeitos colaterais graves em nenhuma das duas formas de aplicação.

A eficácia e segurança desta vacina confirmam, então, que será muito competente contra a Covid-19 e que terá um impacto imediato nesta emergência de saúde pública”, disse o CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot.

Os resultados sugerem que as duas aplicações – com metade da dose ou as duas doses completas – podem prevenir a transmissão do vírus, evidenciada, portanto, pelo número pequeno de infecções assintomáticas entre os vacinados.

Segundo comunicado de Oxford, vacinas baseadas na mesma tecnologia já são usadas há décadas e são estáveis, fáceis de produzir, transportar e estocar.

Os imunizantes podem, todavia, ser conservados em temperaturas de geladeiras domésticas, de 2ºC a 8ºC, o que facilita a distribuição, pois pode ser facilmente armazenada.

A análise interina foi possível a partir do registro de 131 casos de Covid-19 entre os participantes.

Um grupo de voluntários recebeu a vacina contra a Covid-19 e outro recebeu uma vacina já aprovada contra meningite.

Embora a eficácia da vacina de Oxford seja um pouco menor que a das concorrentes norteamericanas, os dados apresentados aumentam, dessa maneira, a expectativa sobre as chances de desenvolver várias vacinas eficazes, utilizando, portanto, diferentes abordagens.

Especialistas em saúde pública dizem, portanto, que o mundo vai precisar de muitas vacinas para atender a demanda global.

Testes

Dos 24 mil voluntários dos estudos clínicos, cerca de 10 mil são brasileiros.

Os testes estão sendo realizados no Brasil desde junho, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Porto Alegre e Santa Maria.

Em outubro, um dos voluntários brasileiros morreu em decorrência da Covid-19. Os especialistas concluÍram, então, que não havia risco para os voluntários e, por isso, os testes não foram interrompidos.

Em setembro, os testes chegaram, então, a ser suspensos em todo o mundo, após ser registrado um evento adverso grave entre um dos voluntários.

Sobretudo, o jornal The New York Times revelou, todavia, que o participante teve mielite transversa, síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal e costuma ser desencadeada por infecções virais.

Os testes foram retomados após ser constatada que a relação risco e benefício ainda era favorável.

A vacina de Oxford é a principal aposta do governo brasileiro, que investiu cerca de R$ 2 bilhões para viabilizar a compra, processamento e distribuição de 100 milhões de doses do imunizante.

O recurso foi destinado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem um acordo com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca, e já se prepara para começar a produção de 210 milhões de doses do imunizante em janeiro de 2021.

A Anvisa faz análise contínua dos resultados das pesquisas da vacina de Oxford.

Os estudos pré-clínicos, feitos em animais e laboratórios, já foram analisados pela agência, o que pode, portanto, acelerar o processo de aprovação do imunizante no País.

 

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Fonte: Estadão

Foto: Shutterstock

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