A venda da fabricante de medicamentos genéricos Medley pela francesa Sanofi, que pode movimentar US$ 1 bilhão, deve ficar para o ano que vem. A expectativa era de que o processo fosse iniciado no começo deste ano, mas a transação se mostrou complexa e as melhores projeções agora apontam que o processo comece entre o quarto trimestre e o início do ano de 2026.
Boa parte de 2025 deve ser gasta na avaliação de questões operacionais, dado que a Medley divide algumas de suas fábricas com a Opella, a unidade de saúde ao consumidor na qual a Sanofi mantém uma posição minoritária. O controle foi vendido no ano passado para o fundo americano Clayton Dubilier & Rice. No momento, há fábricas produzindo tanto para a Opella como para a Medley, o que deixa a venda mais complexa.
Uma auditoria internacional está fazendo um levantamento que deve indicar quais fábricas ficam com uma ou outra, se serão necessários acordos operacionais e assim chegar ao melhor valor de venda da Medley.
Mercado vê com ceticismo estimativa do negócio
A Sanofi tem dito que pretende vender a farmacêutica de genéricos por um valor entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão. Mas a aposta é de que o preço final fique abaixo disso. Todo o mercado farmacêutico, local e também estrangeiro, está de olho no ativo. No entanto, a lista das principais empresas do segmento no Brasil, que inclui nomes como Cimed, UniãoQuímica, Eurofarma e EMC, pode se afunilar. Várias companhias do setor já estão relativamente alavancadas e a transação da Sanofi não é pequena. Fundos de private equity grandes, especializados em comprar fatias em empresas, como Advent, CVC, Bain Capital, teriam capacidade para olhar o ativo.
Combinação de interessados
Banqueiros da Faria Lima não descartam que o negócio provoque combinação de interessados, como fundos e estratégicos, ou dois estratégicos, que sozinhos não tenham capacidade financeira para ficar com o ativo.
A Sanofi comprou a Medley no Brasil em 2009, por R$ 1,5 bilhão. Com isso, passou a ser a líder no concorrido mercado de genéricos no País, hoje disputado por várias outras empresas. A companhia tem Ebitda (lucro antes dos impostos, juros, depreciações e amortizações) na casa dos R$ 400 milhões por ano.
Procurada, a Sanofi disse não comentar especulações do mercado sobre possível desinvestimento da unidade de genéricos da Sanofi. “A Medley segue comprometida com sua missão de democratizar o acesso à saúde para os brasileiros, oferecendo medicamentos de alta qualidade e segurança, e todas as operações seguem normalmente”, diz a companhia.
Fonte: Estadão
Foto: Medley
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