Protetor solar não impede produção de vitamina D, de acordo com estudo divulgado no British Journal of Dermatology (BJD). Os resultados são apoiados por uma revisão de 75 artigos sobre filtro solar e vitamina D, também publicados pelo BJD. “A vitamina D, que é vital para a saúde dos ossos, é produzida pela pele em resposta à radiação ultravioleta (RUV) da luz solar. No entanto, além de ser a principal fonte de vitamina D, a RUV é a principal causa de um câncer de pele, o tipo mais comum de câncer no Brasil”, afirma a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Paola Pomerantzeff.
Nos últimos anos, a preocupação global com a deficiência de vitamina D tem alimentado debates sobre a melhor forma de alcançar níveis saudáveis deste nutriente, limitando, simultaneamente, o risco de câncer de pele. “Preocupações têm sido levantadas que os métodos de proteção solar, incluindo o uso de protetor solar, podem estar contribuindo para a deficiência de vitamina D. Contudo, três estudos separados concluíram que o uso de protetor solar não afeta o status de vitamina D na maioria das pessoas”, diz a médica.
Estudos indicam que protetor solar não impede produção de vitamina D
Nesse sentido, o primeiro estudo que avaliou a produção de vitamina D, os participantes foram divididos em quatro grupos. A pesquisa foi financiada pela União Europeia e conduzida por uma equipe do King’s College London. Eles fizeram uma semana de férias em uma área com um índice UV muito alto. Vinte pessoas receberam protetor solar de amplo espectro com um Fator de Proteção Solar (FPS) de 15, oferecendo proteção UVB e alta proteção UVA. Vinte pessoas receberam um filtro solar de espectro não amplo, igualmente com FPS 15, mas com baixa proteção UVA.
Esses dois grupos foram informados sobre como usar corretamente os protetores solares, de modo a atingir o FPS rotulado. Em contraste, 22 pessoas usaram seu próprio protetor solar sem instruções sobre como aplicá-lo. Outras 17 formaram um grupo de controle que permaneceu na Polônia. As amostras de sangue (soro) foram coletadas dos participantes 24 horas antes e 24 a 48 horas após o feriado.
Em síntese, os filtros FPS 15 aplicados com espessura suficiente permitiram melhorias significativas dos níveis de vitamina D. Além disso, o filtro solar de amplo espectro possibilitou maior síntese do que um protetor solar protetor de baixa UVA. Isso, possivelmente, porque o primeiro, devido à composição, transmite mais um pouco mais de UVB do que o segundo.
Pesquisas indicam que filtro solar não impede produção
No segundo trabalho, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Médica Berghofer da Austrália e da Universidade Nacional da Austrália revisaram sistematicamente todos os estudos experimentais publicados, ensaios de campo e estudos observacionais publicados entre 1970 e 2017, totalizando 75 estudos, pela primeira vez. Os pesquisadores descobriram que, enquanto os estudos experimentais – usando fontes de luz artificial em um ambiente de laboratório – suportam o risco teórico de que o uso de filtro solar pode afetar a vitamina D, o peso de evidências de ensaios de campo e estudos observacionais – ocorrendo em situações da vida real envolvendo naturais luz solar – sugere, nesse sentido, que o risco é baixo.
Por fim, uma revisão apresentou os resultados de um painel internacional de especialistas em endocrinologia, dermatologia, entre outras áreas. Eles revisaram a literatura científica sobre a proteção solar e vitamina D antes de uma revisão de evidências. Concluiu-se ser improvável que o protetor afete a produção do nutriente e que a proteção UVA não afeta a síntese.
“Uma preocupação entre o público é que o uso de protetores pode aumentar o risco de deficiência de vitamina D. Isso tem o potencial de prejudicar as mensagens de proteção solar, que visam prevenir o câncer de pele. Uma pesquisa realizada em 2015 nos Estados Unidos descobriu que 20% das pessoas concordaram que a proteção regular da pele leva ao risco de não obter a quantidade suficiente de vitamina D. Essas descobertas devem reduzir a preocupação e, dessa maneira, o número de novos casos de câncer de pele”, finaliza.
Fonte: Guia da Farmácia
Foto: Shutterstock
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