Abradilan, Febrafar e Upjohn: Webinar foca no combate à depressão durante pandemia

Apresentação levantou a importância de se cuidar da saúde mental da equipe que opera na linha de frente de farmácias e drogarias e, também, os principais aspectos regulatórios da RDC 357/2020, que envolvem alterações na comercialização de psicotrópicos

A Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) e a Upjohn (divisão da Pfizer), se uniram na tarde de ontem (16/04) em um webinar que apresentou a importância de cuidar, além da saúde física, também da saúde mental da população e, sobretudo, de quem está na linha de frente da operação de farmácias e drogarias e distribuidoras. A RDC 357/2020, que aborda a questão dos medicamentos controlados, também esteve em pauta no encontro virtual.

O líder médico da Upjohn Brasil, Dr. Luiz Fernando Vieira, mostrou alguns caminhos possíveis para manter os cuidados com a saúde mental. “Trata-se de um momento de incertezas e insegurança, precisamos estar bem para passar ‘em pé’ por isso, conseguindo olhar para o novo e para o que vamos encontrar no mundo lá fora.”

Saúde mental: depressão durante a pandemia da Covid-19

Diante de toda essa situação da pandemia, muitas vezes, a equipe, que precisa continuar trabalhando, pode apresentar quadros de tristeza, ansiedade e depressão. Reconhecer o esforço de cada um e enfatizar sempre a importância que cada um tem para o combate do Covid-19 é essencial.

“A depressão é decorrente de um processo inflamatório, se o paciente não é tratado por completo, dificilmente conseguiremos a reinserção dele em seu círculo social”, disse. Segundo o especialista, esse processo inflamatório pode ser desencadeado pelo estresse que o isolamento social causa.

Todos passam por momentos de estresse e desesperança, isso é inerente à raça humana, mas é preciso saber diferenciar o que é estar triste, momentaneamente, e o que é perder a funcionalidade. “A depressão pode ser identificada a partir do momento que a tristeza começa interferir em todos os aspectos da vida, quando a pessoa deixa de interagir, começa a se comportar de uma maneira diferente a ponto de familiares e amigos notarem e chamarem a atenção dessa pessoa, prejuízo laboral, deixa de ter o mesmo rendimento, a mesma desenvoltura.”

Ela é uma doença grave e piora quando as estatísticas mostram que metade dos pacientes acometidos não respondem ao tratamento. Somente dois terços deles procuram tratamento, um terço não procura.

Há muito estigma em cima da depressão, a sociedade não a encara como uma patologia, o que faz com que o paciente não chegue ao médico. Somente 10% dos depressivos recebem tratamento.

O farmacêutico pode também atuar para minimizar e prevenir a depressão de sua equipe e de seus clientes de diversas formas durante a pandemia. Primeiramente, reduzindo o estigma e auxiliando no diagnóstico precoce da doença. “No caso da depressão, tempo significa neurônio. Quanto mais tempo demora para ser tratado, menor a chance de ter um retorno para a sua vida.”

Diretrizes de proteção para o ponto de venda

De acordo com ele, farmacêuticos e balconistas são os profissionais que estão em contato com o público na linha de frente e precisam seguir as diretrizes preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e também pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Elas envolvem os seguintes pontos:

  1. PREPARAR

Pensando nas farmácias, essa é a principal medida, já que o estabelecimento deve garantir suprimentos à população, o que exige esforço de todos os elos para que estoques e cronogramas sejam mantidos.

  1. ADEQUAR

Adequações nas instalações dos pontos de venda (PDVs) se fazem necessárias para que se consiga evitar a disseminação do vírus dentro da farmácia. Para isso, demarcação com fitas no chão; espaçamento de 2 metros (para clientes sem máscara) e 1 metro (para clientes com máscara); disponibilização de frascos de álcool gel 70% na entrada da loja, para que os clientes desinfetem suas mãos ne entrada e na saída e; saber identificar um cliente que possivelmente tenha sintomas do coronavírus, pedindo que ele faça uso da máscara de proteção respiratória, são medidas fundamentais. Além disso, é recomendado a distribuição de senhas para garantir que o fluxo não seja alto e de uma única vez. Tele entrega e atendimento remoto também são alternativas de combate.

O fluxo de pacientes na calçada das farmácias deve ser demarcado para organização de filas, criação de barreiras físicas na entrada, protetor de caixa, estimular o pagamento em cartão, ao invés de dinheiro, tudo para que evite, o máximo possível, o contato entre o profissional da loja e a população.

  1. IDENTIFICAR

Os farmacêuticos devem estar aptos a identificar pacientes com sintomas e saber qual o direcionamento que será dado, se precisará ser encaminhado à uma unidade de emergência, ou se vai ser orientado a ficar em casa, assim, evitando a ida ao hospital desnecessariamente.

  1. ISOLAR

Medidas de isolamento com EPIS devem ser feitas sempre que um farmacêutico precisar manipular um paciente com suspeita, quando for aferir a febre ou a pressão arterial, por exemplo. O uso de uma paramentação completa se faz necessária, com avental, luva, máscara N95, óculos e gorro, além da lavagem correta das mãos, obedecendo o tempo mínimo entre lavagens, para que de fato seja efetiva.

  1. CONTER

Medidas de contenção visam o achatamento de casos ativos e fazem a curva de infectados diminuir com o passar dos dias.

RDC 357/2020

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está tomando diversas medidas emergenciais para acelerar o combate ao Covid-19.

A líder de regulatório da Upjohn, Camila Pitta, apresentou algumas delas durante o webinar, como o enquadramento da hidroxicloroquina e da cloroquina como medicamentos de controle especial, devido ao consumo indiscriminado por parte da população, que ao saberem que esses medicamentos poderiam ser utilizados no tratamento do coronavírus, mesmo que ainda sem comprovações reais e oficiais científicas, passaram a adquiri-los, indiscriminadamente, para estocagem em suas residências. “Hoje elas fazem parte do receituário especial (Lista C1), para evitar que pudesse haver um desabastecimento e faltasse para quem realmente precisa fazer uso”, explicou.

A terceira molécula que entrou para a lista é a nitazoxanida (vermífugo). O medicamento passou a ser estudado como possível medicamento de uso no tratamento do vírus. A partir de 16 de maio a dispensação dessa molécula deve seguir as regras dos controlados.

Para regularizar tudo isso, a Anvisa publicou a RDC 357/2020. Ela tem validade temporária (seis meses de vigência), em setembro próximo deixa de estar em vigor e fica obsoleta. Além disso, essa RDC permite também que os medicamentos de uso controlado passem a ser comercializados para seis meses de tratamento. Isso desde que o médico deixe especificado na receita, as quantidade e o tempo de uso. Além disso, esses produtos podem ser entregues em domicílio também. No mais, todas as outras exigências de comercialização de psicotrópicos, estabelecidas pela Portaria 344 continuam a valer normalmente.
Foto: Shutterstock

Fonte: Abradilan

 

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