Diferentemente do que muitos dizem, não, whey protein não é para todo mundo.
E não por não ser seguro ou eficaz, mas por uma razão bem simples: o suplemento tem como objetivo aumentar o consumo de proteína – e boa parte das pessoas consegue a cota diária necessária apenas com uma alimentação balanceada.
Sem dúvida, o whey é democrático. Pode ser recomendado para atletas e não atletas, pessoas saudáveis ou doentes e em qualquer faixa etária. (entenda mais abaixo)
Isso porque o suplemento é produzido a partir da proteína do soro do leite. Assim, na teoria, todas as pessoas que podem consumir lácteos pode ingerir whey.
Indicação de consumo
Mas nutricionistas explicam que a indicação do consumo do produto deve ser feita somente quando a dieta não supre a quantidade de proteína recomendada.
“O whey não é um suplemento obrigatório. Ele serve só para complementar caso o indivíduo, que pode ser atleta ou sedentário, não consiga consumir a quantidade ideal de proteína”, explica Serena del Favero, nutricionista esportiva do Hospital Albert Einstein.
O uso indiscriminado do suplemento, como se fosse um chocolate em pó em receita de bolo, não é aconselhado e pode levar até ao ganho de peso.
Suplemento para quem?
Nem sempre a possibilidade de fazer algo significa que aquilo deva ser feito. E isso se aplica ao consumo de whey.
Apesar de não haver nenhum tipo de proibição para o consumo do suplemento por aqueles que não tenham uma deficiência na ingestão diária de proteínas, o uso do whey nesses casos acaba perdendo a função.
Glaucia Figueiredo Braggion, nutricionista da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva (ABNE), comenta que o consumo do suplemento não é vetado para quem não treina, por exemplo.
“No entanto, o aporte de proteínas necessário para quem não pratica exercício pode perfeitamente ser atingido por meio do consumo de alimentos em uma dieta equilibrada, e essa deve ser sempre a proposta inicial”, analisa.
Recomendação de uso
De forma geral, as nutricionistas indicam que o whey é recomendado para os seguintes casos:
- Atletas que precisam de uma quantidade elevada de proteínas para a síntese proteica e ganho de massa muscular.
- Idosos com perda de massa muscular própria do envelhecimento (sarcopenia).
Adolescentes em fase de crescimento intenso que precisam de maior quantidade de proteínas. - Pacientes oncológicos em tratamento com perda de massa muscular.
Favero também acrescenta que o suplemento pode ser uma boa alternativa para vegetarianos que não consigam adequar a dieta para atingir a quantidade ideal de proteínas por dia.
Mesmo com a indicação para o consumo nessas situações, as nutricionistas alertam que todos os casos exigem uma orientação adequada para o uso, com acompanhamento médico.
Excesso no consumo = efeitos indesejados
Considerado um suplemento bastante seguro, o consumo do whey não está associado a efeitos adversos preocupantes se realizado dentro da quantidade recomendada. Já o excesso, como com quase tudo, pode gerar problemas.
“O consumo do suplemento, se inserido na dieta de forma correta, não causa problemas de saúde. Mas o que a gente tem visto é um consumo desenfreado de proteína na alimentação”, compara Serena del Favero.
Estudos recentes mostram que, a longo prazo, o consumo excessivo de proteínas pode elevar o risco de doenças cardiovasculares.
Glaucia também destaca que o excesso na ingestão de whey pode levar ao ganho de peso. Ela explica que isso acontece pelo exagero de calorias ingeridas e não pela natureza do suplemento.
“Sendo o whey um suplemento à base de proteínas, que contém 4 kcal/g, seu excesso pode contribuir sim com o ganho de peso, como qualquer macronutriente (carboidratos e lipídeos)”, afirma.
Mitos e verdades
Para auxiliar no uso mais saudável e consciente do suplemento, as nutricionistas reuniram os principais mitos sobre o whey.
Abaixo, confira 5 mitos e verdades relacionados ao suplemento:
Mito: Uso de whey faz ganhar massa muscular
Verdade: O uso de whey, sendo sedentário, não vai promover o ganho de massa muscular. O treinamento, associado à ingestão de proteínas e outros nutrientes, é o que auxilia no fortalecimento muscular.
Como o suplemento também oferece aminoácidos que são essenciais para a recuperação muscular, ele pode favorecer o ganho de força e a hipertrofia.
Mas isso só acontece se o consumo está inserido em um plano alimentar, com a realização de treinos regulares.
Mito: Whey deve ser consumido depois do treino para fazer efeito
Verdade: Estudos mostram que distribuir a oferta de proteínas ao longo do dia em todas as refeições, ou ao menos nas principais, promove melhores resultados de síntese proteica.
Assim, o sucesso seria atingido com um consumo de proteínas balanceado durante o dia – e não somente após o treino. O momento ideal para a ingestão também vai depender dos objetivos, rotina de treino e estilo de vida.
Mito: Whey faz mal para o fígado e para os rins
Verdade: O consumo adequado de proteínas, incluindo ou não suplementos, não causa problemas renais ou no fígado.
Pesquisas científicas recentes confirmam essa teoria, mostrando que, quando consumido nas doses recomendadas, a suplementação proteica não prejudica os rins em indivíduos saudáveis.
Mito: Quebrar o jejum com whey ajuda a emagrecer
Verdade: Apesar do suplemento dar saciedade, o que impediria um consumo alimentar excessivo, a ideia de uso de whey com fins de emagrecimento não tem embasamento científico.
As estratégias de emagrecimento mais eficazes requerem déficit energético e a restrição calórica é a forma correta de promover o emagrecimento.
Mito: Whey não pode ser ingerido por intolerantes à lactose
Verdade: Isso não é verdade, basta escolher o tipo correto de whey. O suplemento concentrado costuma ter grandes quantidades de lactose e, consequentemente, pode gerar desconfortos gastrointestinais para algumas pessoas.
O whey isolado pode ser a melhor opção para quem sofre de intolerância à lactose, pois é a forma mais pura da proteína do soro do leite.
Fonte: G1
Foto: Shutterstock
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