{"id":38630,"date":"2021-01-06T08:20:38","date_gmt":"2021-01-06T11:20:38","guid":{"rendered":"https:\/\/guiadafarmacia.com.br\/?p=38630"},"modified":"2021-01-05T15:50:16","modified_gmt":"2021-01-05T18:50:16","slug":"covid-19-causa-disturbios-neurologicos-ate-em-pacientes-com-sintomas-leves","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/guiadafarmacia.com.br\/covid-19-causa-disturbios-neurologicos-ate-em-pacientes-com-sintomas-leves\/","title":{"rendered":"Covid-19 causa dist\u00farbios neurol\u00f3gicos at\u00e9 em pacientes com sintomas leves"},"content":{"rendered":"

A retomada do avan\u00e7o da Covid-19 amea\u00e7a levar ao crescimento do n\u00famero de pessoas acometidas por dist\u00farbios neurol\u00f3gicos, de depress\u00e3o a problemas de mem\u00f3ria.<\/strong><\/p>\n

O alerta \u00e9 do neurocientista do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), <\/a>Daniel Martins de- Souza.<\/p>\n

Ele \u00e9 um dos coordenadores do grupo de cientistas de v\u00e1rias institui\u00e7\u00f5es brasileiras que descobriu altera\u00e7\u00f5es na estrutura do c\u00f3rtex cerebral, mesmo em pessoas com sintomas leves de Covid-19<\/strong>.<\/p>\n

O mesmo grupo comprovou que o coronav\u00edrus infecta c\u00e9lulas cerebrais e afeta suas fun\u00e7\u00f5es.<\/strong><\/p>\n

Al\u00e9m da Unicamp, o estudo brasileiro contou com a Universidade de S\u00e3o Paulo (USP) em colabora\u00e7\u00e3o com o Laborat\u00f3rio Nacional de Bioci\u00eancias (LNBio), o Instituto D\u2019Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e tamb\u00e9m a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).<\/p>\n

Principais fun\u00e7\u00f5es do c\u00f3rtex<\/strong><\/h2>\n

O c\u00f3rtex \u00e9 a regi\u00e3o mais nobre e complexa do c\u00e9rebro.<\/p>\n

Est\u00e1 ligado a fun\u00e7\u00f5es fundamentais, como consci\u00eancia, mem\u00f3ria, linguagem, cogni\u00e7\u00e3o e aten\u00e7\u00e3o<\/strong>.<\/p>\n

Altera\u00e7\u00f5es no c\u00f3rtex acontecem em doen\u00e7as neurodegenerativas graves, como os males de Alzheimer e Parkinson.<\/p>\n

E, por isso mesmo, os cientistas pretendem acompanhar as pessoas examinadas no estudo de Covid-19 por dois anos, para detectar se houve sequelas.<\/strong><\/p>\n

O trabalho brasileiro tamb\u00e9m mostrou que o Sars-CoV-2 \u00e9 capaz de infectar e se replicar nos astr\u00f3citos.<\/p>\n

As astr\u00f3citos s\u00e3o c\u00e9lulas de suporte e as mais numerosas do sistema nervoso central.<\/p>\n

Isso foi observado, todavia, por meio de aut\u00f3psias de v\u00edtimas da Covid-19.<\/strong><\/p>\n

Ao afetar os astr\u00f3citos, o coronav\u00edrus pode prejudicar o funcionamento dos neur\u00f4nios, que precisam dos astr\u00f3citos para se nutrir.<\/p>\n

Experi\u00eancias em culturas de c\u00e9lulas realizadas por Martins de Souza mostram, tamb\u00e9m, que os neur\u00f4nios se tornam menos vi\u00e1veis se os astr\u00f3citos s\u00e3o infectados.<\/p>\n

Rea\u00e7\u00e3o em cadeia<\/strong><\/h2>\n

O v\u00edrus ataca os astr\u00f3citos e, infectados, eles morrem ou deixam de cumprir seu papel de suporte aos neur\u00f4nios<\/strong>.<\/p>\n

Estes ent\u00e3o passam a n\u00e3o levar mais direito os sinais nervosos.<\/p>\n

O resultado pode ser uma gama de problemas, t\u00e3o variados quanto dificuldade de racioc\u00ednio, perda de mem\u00f3ria e depress\u00e3o.<\/strong><\/p>\n

As altera\u00e7\u00f5es no c\u00f3rtex de pessoas com Covid-19 branda foram identificadas por meio de exames de resson\u00e2ncia magn\u00e9tica.<\/p>\n

Essa parte do estudo brasileiro foi liderada pela cientista Clarissa Yasuda, do Instituto Brasileiro de Neuroci\u00eancia e Neurotecnologia\/Brainn\/Unicamp.<\/p>\n

Yasuda analisou imagens do c\u00e9rebro de 81 pessoas que tiveram Covid-19 com sintomas leves.<\/strong><\/p>\n

Exames<\/strong><\/h2>\n

A saber, os exames foram realizados, em m\u00e9dia, dois meses ap\u00f3s o surgimento dos primeiros sintomas da Covid-19.<\/p>\n

E um ter\u00e7o dos participantes ainda apresentava nesse per\u00edodo problemas neurol\u00f3gicos ou neuropsiqui\u00e1tricos, como ansiedade, fadiga, dor de cabe\u00e7a, depress\u00e3o, perda de paladar, de sono<\/a> e do desejo sexual.\u00a0<\/strong><\/p>\n

Dessa maneira, foram identificadas diferentes altera\u00e7\u00f5es na estrutura cortical, como por exemplo, o aumento ou perda de espessura<\/strong>.<\/p>\n

O pr\u00f3ximo passo do trabalho ser\u00e1 descobrir se essas altera\u00e7\u00f5es s\u00e3o tempor\u00e1rias ou permanentes.<\/strong><\/p>\n

Muito trabalho \u00e0 frente<\/strong><\/h2>\n

No fim de 2020, dois novos estudos internacionais publicados na Nature Neuroscience trouxeram, assim, evid\u00eancias do ataque direto do Sars-CoV-2 ao c\u00e9rebro. <\/strong><\/p>\n

O primeiro<\/strong>, realizado pela Universidade de Washington, demonstrou que em animais , por exemplo, as prote\u00ednas do v\u00edrus atravessam a defesa do c\u00e9rebro, a barreira hematoencef\u00e1lica.<\/p>\n

Outra pesquisa<\/strong>, esta da Universidade Charit\u00e9 (Alemanha), reuniu, assim, por meio de aut\u00f3psias em v\u00edtimas fatais da Covid-19 mais evid\u00eancias de que o coronav\u00edrus usa o nariz para chegar ao c\u00e9rebro.<\/p>\n

Contudo, ele tamb\u00e9m explica que demonstrar a queda da barreira em animais \u00e9 um primeiro passo para indicar que o mesmo poderia acontecer com seres humanos. <\/strong><\/p>\n

Por fim,\u00a0 h\u00e1 outras hip\u00f3teses n\u00e3o excludentes, como por exemplo, a da invas\u00e3o do v\u00edrus atrav\u00e9s do nariz, via nervo.<\/p>\n

E alguns pesquisadores j\u00e1 levantaram, em princ\u00edpio, a hip\u00f3tese de o coronav\u00edrus chegar ao c\u00e9rebro pelo nervo vago.<\/p>\n

Fonte: O Globo<\/p>\n

Foto: Shutterstock<\/p>\n

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