Fungos em excesso

A candida, apesar de presente no corpo de todas as mulheres, pode apresentar desconforto no caso de desequilíbro da flora feminina

A Candidíase Vaginal (CV), infecção causada por um fungo do gênero Candida, é mais prevalente do que se imagina. De acordo com a ginecologista e obstetra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Carolina Cunha, estima-se que 75% das mulheres devem ter pelo menos um episódio de candidíase na vida; e entre 5% e 10% desse grupo vai ter mais de quatro episódios por ano, configurando a candidíase de repetição.
Apesar de ser uma doença tratável, os sintomas podem ser agudos e importantes – a ponto de prejudicar a vida social, desempenho no trabalho, bem-estar e relacionamento com parceiro.
“A candida está presente na vagina normalmente e, em um desequilíbrio presente da flora, ela se sobressai e começa a aparecer mais. Entre as principais causas para esse desequilíbrio e, portanto, a presença da candida mais intensa na vagina, está o diabetes”, exemplifica a ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, Dra. Ana Paula Beck.
Além disso, cita o ginecologista do Centro da Mulher do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Giuseppe Coiro, as principais causas do aparecimento da CV estão relacionadas à mudança da flora vaginal, principalmente propiciando o aumento de calor, umidade e acidez, tais como: alterações hormonais; estresse; uso de antibióticos; piora no sistema imunológico; uso de roupas íntimas de fio sintético (nylon, lycra, helanca); roupas justas; diabetes descompensada; doenças autoimunes; e o uso de anticoncepcionais hormonais.
A ginecologista e obstetra do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), Dra. Fernanda Amar, explica que as pacientes acometidas apresentam um desconforto vaginal importante. Os sintomas mais comuns são coceira vulvar, corrimento em aspecto de leite coalhado, dor na relação sexual e desconforto ao urinar.

MIPs para candidíase vaginal

O clotrimazol é um dos ativos indicados para o tratamento e doenças que acontecem por fungos, como a candidíase. O medicamento age causando danos na estrutura do fungo, impedindo que ele se multiplique e que, consequentemente, seja eliminado.
Com isso, regula o ecossistema vaginal e traz de volta o equilíbrio certo, de acordo com a Bayer. Além disso, outros Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) podem oferecer bons resultados, principalmente àquela mulher que já tenha passado por vários tratamentos convencionais, ou até ajudar nesses tratamentos, diz a ginecologista e obstetra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Carolina Cunha.
É o caso dos probióticos, do ácido bórico, a melaleuca e outros. Mas de modo geral, o uso de fungicidas orais associados a fungicidas aplicados localmente apresenta bons resultados. É importante lembrar que ao sentir algum sintoma, o especialista deve ser consultado, evitando a automedicação.
Entretanto, alerta o Dr. Coiro, quando se fala em automedicação, é importante reforçar o perigo de resistência aos antibióticos. Afinal, existem outros corrimentos e infecções vaginais que causam coceira. E eles frequentemente são tratados como candidíase e não é raro encontrar candidas resistentes a antifúngicos importantes, como o fluconazol. Assim, o ideal é facilitar a avaliação das mulheres por um médico ginecologista que pode fazer o diagnóstico adequado e tratar com dose e tempo certo.
De acordo com o documento “Vaginites e Vaginosos – Protocolos Febrasgo”, publicado em 2018, a candidíase não complicada (ou seja, que ocorre esporadicamente, em intensidade leve ou moderada), pode ter tratamento por via vaginal ou sistêmica.
Entre os medicamentos que podem ser utilizados, por via local: fenticonazol (creme na concentração de 0,02 g/g, um aplicação deitar, durante sete dias, ou óvulo com 600 mg em dose única); clotrimazol (creme 10 mg/g por sete dias, ou comprimido vaginal 500 mg em dose única); miconazol (creme 20 mg/g por 14 dias); econazol (creme 10 mg/g por 14 dias); butaconazol (20 mg/g em dose única); terconazol (8 mg/g por cinco dias); e tioconazol (20 mg/g por sete dias, ou óvulo 300 mg em dose única). Entre os poliênicos, nistatina (creme vaginal 25.000 UI/g por 14 dias) na forma de creme vaginal. Para uso sistêmico: uconazol (comprimido de 150 mg em dose única); cetoconazol (comprimidos de 200 mg, posologia dois comprimidos de 400 mg, durante cinco dias); e itraconazol (cápsulas de 100 mg, uma cápsula pela manhã e outra à noite, por apenas um dia).

Como executar as vendas da categoria de cuidados íntimos na farmácia?

Uma das categorias que devem ser bem trabalhadas dentro de cuidados íntimos é a de absorventes. Diferentemente de outras categorias que quanto mais o shopper feminino compra, mais ele usa/consome, esta não tem motivo para aumentar o consumo (já que está relacionado à menstruação, que por sua vez, possui um número mais ou menos fixo de dias em cada mulher), portanto, ela estará apenas adiando a sua volta à loja.
Portanto, a melhor forma de potencializar a venda é por meio da educação, para estimular os conceitos básicos da higiene íntima, mas também para demostrar produtos complementares e seus usos. Itens como sabonetes íntimos, lenços umedecidos e até mesmo os absorventes internos possuem uma penetração muito baixa, possuindo uma grande oportunidade de crescimento.
O mesmo vale para os medicamentos para candidíase, que podem ser expostos fora do balcão para que a mulher não passe pela situação desconfortável de solicitar ao farmacêutico. O bloco de itens para o dia a dia deve iniciar o fluxo. A parte superior é onde devem-se destacar os lenços umedecidos, sabonetes íntimos e medicamentos para candidíase.
Na parte inferior, é onde devem entrar os protetores diários, sempre dando destaque para os lançamentos e itens que possuam algum tipo de diferenciação.
No fim do fluxo, entram os produtos para o período menstrual. Na parte superior, a sugestão é dar destaque para os absorventes internos, que possuem menor penetração e, portanto, maior oportunidade de crescimento, e na parte inferior, entram os absorventes externos. É igualmente importante destacar os produtos noturnos dos diurnos. Dentro de cada um desses blocos, são posicionados os blocos de marca com todas as suas variantes.
Fonte: Mind Shopper

Dicas para prevenir a candidíase

Confira as orientações da ginecologista e obstetra do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), Dra. Fernanda Amar e do  ginecologista do Centro da Mulher do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Giuseppe Coiro:

• Optar por roupas íntimas claras e de algodão.
• Evitar tempo prolongado com roupas justas ou úmidas, como biquíni e roupa de ginástica.
• Dar preferência por dormir sem roupa íntima.
• Lavar manualmente as calcinhas com sabão líquido de coco e optar por secagem ao Sol.
• Fazer uso de lactobacilos para diminuir a acidez.
• Evitar, quando possível e necessário, o uso de anticoncepcionais hormonais.
• Evitar o estresse.
Fonte: Guia da Farmácia
Foto: Shutterstock

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