Irritação na pele que, de modo geral, surge nos braços e atrás dos joelhos. Essa é uma das características da dermatite atópica, doença dermatológica inflamatória crônica que costuma acometer pessoas que têm histórico familiar e alguma influência ambiental (fatores externos).
Segundo o dermatologista do São Cristóvão Saúde, Dr. Bruno Tegão, a doença chega a acometer entre 10% e 15% da população mundial e os efeitos podem ir além daqueles visíveis na pele.
Em crianças, a porcentagem pode ser maior. “Cerca de 30% delas vão ter a doença em alguma fase da infância. Neste público, a dermatite se manifesta, principalmente, na maçã do rosto e pode aparecer nas dobras dos braços e pernas”, resume o dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dr. Samuel Mandelbaum.
Aliás, de acordo com o Dr. Tegão, a maioria dos casos de dermatite atópica se inicia na infância e tende a melhorar na adolescência e fase adulta. Porém, casos mais graves podem persistir por toda vida, por isso, a necessidade de acompanhamento com um especialista é importante.
Para pacientes com essa condição, as épocas mais frias do ano tendem a ser grandes vilãs, porque a pele fica mais ressecada. “Nestes períodos, é comum as pessoas tomarem banhos mais quentes e com mais sabonete, retirando, assim, a oleosidade natural da pele, que coça mais”, justifica o Dr. Mandelbaum.
Qualidade de vida prejudicada
Pacientes com dermatite têm como características principais a pele muito seca e sensibilidade maior ao prurido. “A pele seca se manifesta com descamação e ressecamento, principalmente nas áreas de dobras”, comenta o especialista da SBD.
Segundo ele, as lesões da doença podem se dar em três fases: o eczema agudo, onde o local fica vermelho com bolinhas de água e coceira muito intensa; o eczema crônico, onde as lesões ficam ressecadas, com crostas/descamação; e a dermatite subaguda, onde aparecem bolinhas com secreção e áreas de ressecamento.
“A pele é o nosso principal órgão de defesa. Ela é composta por uma série de camadas que impedem que a água de dentro saia para fora e também evitam que as bactérias de fora penetrem no corpo. Quando se tem essa quebra, como é o caso da dermatite atópica, perde-se muita água, gerando ressecamento e coceira”, acrescenta o Dr. Mandelbaum.
Além disso, os casos moderados a graves podem deixar “feridas” na pele e gerar muito prurido, causando um aspecto inestético capaz de atrapalhar nas atividades diárias e no convívio social.
“Pacientes com dermatite atópica podem sofrer por preconceito por outras pessoas, que não conhecem a doença e acham que é contagiosa, mesmo não sendo. É uma doença estigmatizante, podendo, sim, trazer prejuízo psicológicos e à qualidade de vida”, lamenta o dermatologista da SBD.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da dermatite atópica costuma ser clínico, feito por um dermatologista, mas exames podem ser solicitados. “Muitas vezes, há a necessidade de uma biópsia de pele para confirmação diagnóstica”, pontua o especialista do São Cristóvão Saúde.
Quando o diagnóstico é confirmado, embora não tenha cura, os pacientes com a doença podem passar por uma série tratamentos, sempre com auxílio médico.
“Podem ser aplicados desde medicamentos tópicos, como pomadas, cremes e loções, até tratamento com fototerapia, medicação via oral e injetável”, enumera o Dr. Tegão, acrescentando que há uma tendência de melhora da dermatite atópica com a idade, embora os acometidos sempre estejam mais suscetíveis a alergias e/ou pele seca.
Foto: Shutterstock