O Glifage, medicamento da Merck e que faz parte da rotina de tantos brasileiros, atingiu, no fim do ano passado, a marca de 100 milhões de caixas produzidas no Brasil. Também foi em 2023 que a farmacêutica completou 120 anos em solo nacional, então há muito a se comemorar.
Em entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia, o diretor industrial da Merck Brasil, Ariovaldo Cruppe Jr., fala um pouco sobre a representatividade desse marco dentro da empresa.
“Nos últimos dez anos, esse produto cresceu mais de 600%. Para alcançar um número como esse, há um grande desafio. Para isso, precisamos expandir a operação, que precisa funcionar muito bem. Quando o produto está pronto, também é necessário ter um canal de distribuição eficiente para que os produtos alcancem os pontos de venda (PDVs) e os pacientes que necessitam da medicação. São tantas variáveis envolvidas. É um grande orgulho para todas as áreas”, disse o executivo.
Acompanhe a entrevista completa e veja, também, os planos de expansão da empresa no País.
Guia da Farmácia • Há quantos anos a Merck está no Brasil?
Ariovaldo Cruppe Jr. • Um dos motivos que me atraiu para trabalhar na Merck foi a história da companhia. A Merck começou no Brasil na década de 20, com uma representação comercial. Ainda nesse período, tivemos a primeira unidade industrial no antigo município de Palmeira (hoje Santos Dumont), em Minas Gerais (MG). Na década de 30, nos estabelecemos no Rio de Janeiro (RJ), com operação industrial no bairro de Andaraí; e na década de 70, começamos a construção de um complexo industrial também em solo carioca, em Jacarepaguá, que completa 50 anos em 2025.
Eu ingressei na Merck em 2009, na área de engenharia, e sou o primeiro a liderar a operação industrial tendo essa carreira. Tracei junto com a companhia, de forma global, o crescimento estratégico. Em 2015, assumi a operação industrial como um todo.
De lá para cá foram muitas conquistas. Somente no ano passado, somado ao marco dos 100 anos da Merck no Brasil, o nosso principal produto, o mais prescrito, Glifage XR 500, indicado para o tratamento do diabetes, atingiu a marca histórica de 100 milhões de caixas produzidas em um ano.
Guia • O que esse número de produção do Glifage significa para a empresa?
Cruppe Jr. • Visitando familiares e amigos, é incrível ver que o produto está, de fato, cuidando da saúde de muitos brasileiros. Então, sem dúvida, é um marco e uma satisfação muito grande. Nos últimos dez anos, esse produto cresceu mais de 600%. Para alcançar um número como esse, há um grande desafio.
Para isso, precisamos expandir a operação, que precisa funcionar muito bem. Quando o produto está pronto, também é necessário ter um canal de distribuição eficiente para que os produtos alcancem os pontos de venda (PDVs) e os pacientes que necessitam da medicação. São tantas variáveis envolvidas. É um grande orgulho para todas as áreas.
Guia • Qual a capacidade produtiva da planta no Rio de Janeiro? São quantos colaboradores?
Cruppe Jr. • Sob a minha responsabilidade direta, são cerca de 550 pessoas, mas há uma série de outros parceiros para atividades complementares. Desde 2016, operamos 24 horas, sete dias por semana. Nesse modelo operacional, conseguimos ganhar volume, tanto que, hoje, nossa capacidade industrial em comprimidos chega a 4 bilhões e meio por mês. E a ideia é continuar investindo para aumentar esta capacidade, na medida em que haja demanda do mercado e dos pacientes.
Até 2025, temos mais R$ 100 milhões que serão aplicados nesta planta, que não é só para o crescimento de capacidade, mas também para automação industrial, infraestrutura e sustentabilidade.
Guia • Toda a produção é voltada ao mercado nacional ou existem exportações?
Cruppe Jr. • Temos exportações para alguns países da América Latina, incluindo México. Neste ano também, vamos exportar a linha de diabetes ao Reino Unido. Mas 98% da produção vai para o mercado brasileiro, que é gigantesco.
Guia • Quais as suas principais metas para este ano em termos de sustentabilidade?
Cruppe Jr. • Como área industrial, nós temos pilares que fazem parte do plano da companhia há muitos anos. O pilar de Saúde, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho é um deles. Nesse sentido, temos o orgulho de que toda a energia elétrica consumida na nossa planta seja 100% renovável.
Não temos nenhum rejeito industrial lançado no ambiente, assim, toda a água que consumimos e depois, parte dela, é gerada como rejeito, é recirculada, retratada e reusada na planta.
Também temos índices muito baixos de acidentes e absenteísmo. Cuidamos do meio ambiente e dos nossos colaboradores da mesma forma como cuidamos da saúde dos pacientes.
Guia • E quais são os objetivos relacionados à qualidade?
Cruppe Jr. • A qualidade dos nossos produtos é uma prioridade. Tanto que, no ano passado, fomos certificados pela autoridade sanitária do Reino Unido, com uma inspeção muito bem-sucedida.
Temos também o pilar de eficiência, reduzindo desperdícios de tempo e materiais. Mas existe um que dá base para tudo isso, que é o pilar de pessoas. Investimos muito na parte de treinamento e desenvolvimento, para que evoluam em suas carreiras.
Em 2023, atingimos a marca de 90% de satisfação dos nossos funcionários na área industrial, o que foi um marco muito importante. Somos a terceira planta do mundo da Merck com o maior índice de engajamento dos colaboradores.
Guia • Como foi o desempenho da Merck de 2022 para 2023? Quais as apostas da empresa nesse período?
Cruppe Jr. • Tivemos um crescimento de 24% no negócio de Healthcare no Brasil, que envolve um portfólio de produtos bastante amplo. É claro que, aqui na fábrica do Rio de Janeiro, tivemos uma contribuição importante com a linha de diabetes, mas também cardiovascular e tireoide. Além disso, tivemos produtos inovadores que contribuíram para o crescimento, como a linha oncológica.
Guia • E quais as expectativas de crescimento de 2023 para 2024?
Cruppe Jr. • A expectativa é sempre de crescimento e, na fábrica, temos um plano de desenvolvimento para suportar a área comercial e demandas dos pacientes. Nossa projeção segue com alta de dois dígitos.
Neste ano, temos um investimento importante em equipamentos para apoiar a linha de diabetes. Um deles chegou no fim do ano passado. Temos novas linhas de produção para aprovar; além de melhoria de infraestrutura e laboratórios.
Guia • Recentemente, a Merck também entrou no mercado de obesidade. Qual o potencial desse mercado no Brasil?
Cruppe Jr. • A obesidade é considerada uma doença crônica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), caracterizando-se como a presença de gordura corporal em quantidade que representa riscos à saúde do paciente, seja ele criança, adulto ou idoso. Cerca de 56% dos brasileiros adultos – ou 90 milhões de pessoas – estão acima do peso ou com obesidade.
O excesso de gordura no corpo pode desencadear ou agravar doenças, como diabetes tipo 2, insuficiência cardíaca, Acidente Vascular Cerebral (AVC), hipertensão, problemas no fígado, infertilidade, entre outras comorbidades.
Em 2023, a Merck entrou no promissor mercado de obesidade com o lançamento de Contrave® (cloridrato de naltrexona 8 mg e cloridrato de bupropiona 90 mg), aprovado para o tratamento de adultos com obesidade ou sobrepeso, que apresentem ao menos uma comorbidade, como hipertensão, diabetes tipo 2 ou dislipidemia (colesterol alto).
Esperamos alcançar a liderança em unidades e valores entre os medicamentos orais nos próximos três anos, atingindo cerca de 200 mil pacientes no período. Até 2030, a meta da empresa é tratar mais de 1 milhão de brasileiros com a nova terapia. Contrave® complementa nosso amplo portfólio em cuidados com doenças cardiovasculares e metabólicas.
Guia • Existem lançamentos para este ano? Há apostas em medicamentos de alta complexidade?
Cruppe Jr. • Sempre buscamos medicamentos inovadores. Então, temos, sim, produtos em desenvolvimento, em Fase II e Fase III. As áreas fortes estão em oncologia e doenças raras. Uma das moléculas que estamos estudando está em Fase III de pesquisa, a última antes do lançamento, para o tratamento de câncer de cabeça e pescoço.
Guia • Como é o cenário de crescimento do mercado como um todo, considerando a realidade brasileira?
Cruppe Jr. • Em 2023, a Merck completou 100 anos de Brasil, nós somos a primeira subsidiária na América Latina. Nós temos uma história e um compromisso com o Brasil e os brasileiros e seguimos acreditando muito no País.
Guia • Para finalizar, queria saber como é a parceria da Merck com os farmacêuticos pelo Brasil? Como vocês colaboram com o crescimento e capacitação deste público?
Cruppe Jr. • O farmacêutico é um dos pilares mais importantes na área da Saúde. Além de uma série de serviços e conteúdo que temos para os profissionais de saúde de forma mais ampla, possuímos a Academia Merckcêuticos, plataforma digital de suporte e capacitação para os farmacêuticos, levando informações e desenvolvimento profissional com certificação do Einstein em doenças, como diabetes, hipertensão, hipotireoidismo, insuficiência cardíaca e pré-diabetes, entre outros. Tem sido um trabalho extremamente positivo.
Fonte: Guia da Farmacia
Foto: Merck