Ao ver uma cena em um filme de uma mulher com náuseas e enjoos, a primeira reação da maior parte das pessoas é dizer: ela está grávida! Entretanto, nem sempre essa é a origem.
O enjoo, também conhecido como náusea, é uma sensação desagradável na região peitoral ou abdominal que pode (ou não) anteceder o vômito. Entre as causas está a ingestão de medicamentos com o estômago vazio ou alimentação inadequada, que podem causar irritação e contração do estômago e esôfago.
Outro fator que pode levar à náusea é a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. O gastroenterologista da BP – A Beneficência Portuguesa, Dr. Bruno Zilberstein, explica que o problema acontece pois o álcool pode causar gastrite aguda.
“Existem vários motivos relacionados à irritação do estômago, omo reação ao uso de medicamentos, problemas de função digestiva, intestino muito preso, alergias alimentares e intolerância a odores”, revela o gastroenterologista.
Também é muito comum pessoas reclamarem de enjoo ao viajar de avião, barco ou carro. Esse problema tem nome: cinetose ou “doença do movimento”. Segundo informa o Portal do Hospital Sírio Libanês, esse problema ocorre pois, para que o corpo possa se orientar, o Sistema Nervoso Central (SCN) combina as informações transmitidas pela visão, pelo tato e pelo labirinto. Porém, quando há “conflito” no registro dessas informações, o corpo pode reagir desencadeando a cinetose.
“As náuseas podem ocorrer pelo desequilíbrio na percepção dos movimentos. No carro ou avião, por exemplo, o corpo está parado, mas o labirinto localizado no ouvido interno, e os olhos percebem a mudança rápida de posição. Isso provoca a sensação de náuseas”, complementa a gastroenterologista do Hospital 9 de Julho, Dra. Marta Mitiko Deguti.
Sintomas recorrentes
Além da náusea, o acometido também pode passar por palidez, inquietação, suor frio acima do lábio superior ou em todo o corpo, salivação excessiva, desconforto físico, fadiga, dor de cabeça, tontura e até vômitos.
Ainda segundo o Hospital Sírio Libanês, medicamentos antieméticos, gastrocinéticos e supressores vestibulares podem ser usados na prevenção ou na eliminação dos sintomas. Porém, a diminuição destes sinais pode ser temporária, exigindo tratamento periódico.
Mas a boa notícia é que não só a cinetose, mas grande parte das situações citadas podem ser medicadas. “É preciso que o paciente seja orientado sobre a causa da náusea. Se é uma gastrite, alergia ou irritação, por exemplo. Mas, independente da causa, existem bons medicamentos que aliviam os sintomas”, diz o Dr. Zilberstein.
Portanto, o ponto de partida para a prevenção também é entender o porquê a náusea acontece. Mas o gastroenterologista da BP frisa que, em geral, o tratamento da labirintite, de irritações intestinais ou de alergias costuma ser positivo para evitar o mal-estar.
O diagnóstico
O diagnóstico também é importante para descartar outras ocorrências. “Muitas outras causas podem acarretar as náuseas, como gravidez, doença da vesícula biliar, infecções por vírus, bactérias que acometem trato gastrointestinal ou também meningite, alterações visuais, efeitos colaterais de drogas e de medicamentos”, alerta a Dra. Marta.
Para evitar as náuseas, é necessário alimentar-se adequadamente sem abusar da quantidade de refeições gordurosas e indigestas, evitar os medicamentos desnecessários, evitar abuso de bebidas alcoólicas e eliminar o uso de quaisquer tipos de drogas.
Quem possui maior sensibilidade aos movimentos em carros e aviões também pode tentar manter os olhos fechados, ou fixos no horizonte distante, por exemplo. As gestantes devem evitar o estresse e jejuns prolongados. Cada caso deve ser avaliado individualmente, e o médico pode prescrever medicação para ajudar a controlar as náuseas, quando são recorrentes ou incapacitantes.
Há, também, diversas crenças sobre alimentos que podem acabar com os enjoos. É o caso do gengibre que, segundo a gastroenterologista do Hospital 9 Julho, é recomendado de modo tradicional e popular no tratamento da náusea. Entretanto, não existe respaldo científico. Do ponto de vista médico, não há contraindicações, se utilizado como alimento. Mas a profissional não recomenda utilizar como cápsulas ou concentrados ditos naturais.
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