Queda na vacinação contra HPV preocupa Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica

Entidade enfatiza a importância da imunização na prevenção de tumores no colo do útero e no ânus

Algumas infecções causadas pelo HPV são apontadas por especialistas como prováveis responsáveis pelo aumento da incidência dos tumores de colo uterino e anal no Brasil. Apesar da disponibilidade de imunização na rede pública, com destaque para população infanto-juvenil, o cenário é preocupante e com quedas significativas na cobertura vacinal, alerta a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) no mês em que diversas campanhas buscam a conscientização sobre os cânceres de colo de útero e anal.

De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde, a primeira dose da vacina contra o HPV em meninos de 9 a 14 anos caiu de 61,55% em 2019, no período pré-pandemia, para 58,3% em 2022. No caso das meninas da mesma faixa etária, apenas 77,4% receberam a primeira dose da vacina até o final de 2022, frente a 87,08% em 2019.

Em relação à imunização completa, que são de duas doses, segundo recomendações do Ministério da Saúde, apenas 38,4% dos meninos e 58,3% das meninas tinham sido contemplados até o final de 2022.

“A vacinação é uma das estratégias mais eficazes para prevenir a infecção do HPV já a partir da infância e, com isso, muitos possíveis casos futuros de câncer de colo do útero e câncer anal são evitados. Por isso, precisamos estimular que o público-alvo seja imunizado. Somente com o aumento de vacinados é que vamos conseguir quebrar a cadeia de transmissão do vírus e evitar o surgimento do câncer”, comenta a oncologista clínica Dr. Angélica Nogueira, Diretora da SBOC e coordenadora do Comitê de Tumores Ginecológicos da entidade.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas, sendo que esta porcentagem pode ser maior nos homens. Atualmente, a estimativa é que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial estejam infectadas pelo HPV.

Para controlar os casos no Brasil, o Ministério da Saúde tem algumas metas para os próximos sete anos: alcançar cobertura vacinal de 90% entre as meninas de até 15 anos; o rastreamento da doença em 70% das mulheres por meio de teste de alto desempenho, sendo o primeiro aos 35 anos e o segundo aos 45 anos; e garantir o acesso ao tratamento no estágio inicial da doença para 90% de mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero.

Dra. Angélica também defende o fortalecimento da vacinação nas escolas. “No início da campanha de vacinação, que ocorreu há quase 10 anos, o cenário era mais positivo. Em parceria com secretarias de educação, a primeira etapa do calendário vacinal foi aplicada em escolas públicas e privadas, e a campanha foi fortemente divulgada em todos os tipos de mídia. Na época, a adesão à vacinação foi de quase 92%”, relembra.

Nova vacina contra o HPV

Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou uma nova vacina capaz de aumentar a proteção de cinco para nove subtipos do vírus HPV, que provoca os cânceres do ânus, do útero, da vulva e da vagina. A vacina Nonavalente, aprovada com indicação para a população entre 9 e 26 anos de idade, tem uso preferencialmente recomendado antes do início da vida sexual, já que o vírus é transmitido por meio do contato sexual.

“É excelente saber que as pesquisas seguem avançando quando falamos de novos imunizantes. Mas, é importante ressaltar que as vacinas contra o HPV que estão disponíveis hoje para a população são bastante eficazes e devem ser aplicadas de acordo com o calendário vigente”, explica a oncologista clínica.

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Fonte: SBOC

Foto: Shutterstock

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