CRF-SP chama atenção para os riscos da automedicação e da interação medicamentosa
Automedicação e intoxicação medicamentosa são problemas que preocupam autoridades de saúde no Brasil e que têm destacado a importância do farmacêutico, profissional que trabalha pelo uso racional dessas substâncias. Novidades em legislação prometem melhorar a relação dos pacientes com medicamentos, aumentando a segurança no consumo, ao transformar a farmácia em estabelecimento de saúde.
A automedicação é praticada por 76,4% dos brasileiros, segundo levantamento feito pelo Datafolha há dois anos. A mesma pesquisa apontou que 32% dos pacientes têm o hábito de aumentar as doses prescritas por médicos para potencializar os efeitos terapêuticos. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 28% dos casos de intoxicação humana registrados, anualmente, são motivadas por medicamentos. Os benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios são os que mais intoxicam no País.
A Farmácia brasileira passa por transformações, que se acentuaram nos últimos anos, com a introdução de novidades como a regulamentação da prescrição farmacêutica pelo Conselho Federal de Farmácia (Res. 586/13), a instituição de um marco regulatório para esses estabelecimentos, a Lei 13.021/14, e o novo Código de Ética Farmacêutica (Res. nº 596), do mesmo ano. A Lei 13.021/14 sacramentou a farmácia como estabelecimento de saúde. Em vez de um comércio comum, “uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva” (artigo 3º).
No dia do farmacêutico, profissionais, acadêmicos e lideranças de todo o estado de São Paulo se encontram na capital para o XVI Encontro Paulista de Farmacêuticos, realizado pelo Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), sob o tema “Farmácia: Que Futuro Estamos Construindo?”. Preparado para debater o impacto dessas mudanças, o seminário terá como palestrante principal o professor-doutor e historiador da Unicamp, Leandro Karnal, que discorrerá sobre “História e Ética na Construção do Futuro”.
Uso/Associação | Consequência |
Anti-histamínico associado a antiácidos | Redução da ação do medicamento no organismo por interferirem na absorção do anti-histamínico. |
Corticosteróides | Alteração nos níveis de glicemia. |
Ácido acetilsalicílico e outros ou anti-inflamatórios não esteroidais | Risco de hemorragias |
Antibióticos e/ou anticonvulsivantes associados a anticoncepcionais | Redução no efeito do anticoncepcional. |
Ácido acetilsalicílico | Em pessoas com dengue pode aumentar o risco de hemorragias, pois estes pacientes apresentam diminuição nos níveisplaquetários. |
Laxantes | Alterações intestinais e metabólicas, além de provocar desidratação |
Xaropes | O uso indevido pode mascarar sintomas ou até aumentar a secreção pulmonar, pois a tosse poder ter diversas causas. |
Antiácidos | Pode retardar o diagnóstico de algumas doenças e piorar o problema do paciente. Dor de estômago pode ser sintoma de úlcera, tumor ou, até mesmo, infarto. |
Ácido acetilsalicílico associado a álcool | Irritação da mucosa do estômago e até hemorragia gastrintestinal. |
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