Cada vez mais natural

A busca por produtos “amigos da natureza” vem crescendo entre o público consumidor de cosméticos. O conceito de Clean Beauty já está na cabeça do shopper e passa a ocupar mais espaço nas gôndolas das farmácias

A “onda verde” cresce cada vez mais, não só no Brasil como no mundo, e abraça desde alimentos, roupas, acessórios e, claro, cosméticos. O consumidor tem procurado produtos que não contenham ingredientes sobre os quais não se conheça o impacto no organismo, além do dano ambiental que possam causar. Produtos não testados em animais também são preferidos.

“O mercado brasileiro, acompanhando o mercado mundial, procura produtos Clean Beauty, ou beleza limpa, o que estimula a indústria cosmética a conduzir melhor o estudo sobre a segurança de ativos e selecionar melhor os produtos e até as embalagens”, comenta a dermatologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dra. Silvana Coghi. Segundo ela, no País, cada vez mais jovens na faixa etária em torno de 20 anos procuram cosméticos verdes, veganos, naturais e orgânicos. “O conceito Clean Beauty baseia-se nos cosméticos chamados ‘amigos da natureza’, sem ingredientes químicos ou sintéticos”, afirma.

Nos cosméticos, os produtos são livres de componentes considerados prejudiciais à saúde, como: parabenos, sulfatos, ftalatos, petrolatos, fragrâncias, conservantes e filtros químicos.

“Esses componentes são controversos devido a efeitos adversos que podem ocasionar, desde alergias, distúrbios hormonais, acúmulo de metais pesados no organismo e, até mesmo, com o tempo, cânceres”, alerta a diretora de marketing da Biotec Magistral/AQiA Nutrition, Sílvia de Castro Andrade.

Para Sílvia, o Clean Beauty é mais que um conceito e traduz um lifestyle global e uma filosofia de vida mais consciente. E o Brasil já acompanha essa tendência. “A pesquisa Sustentabilidade: o impacto no hábito dos brasileiros e nas marcas (Toluna/FGV) mostra que 75% dos brasileiros mudaram hábitos de consumo devido à preocupação com o planeta. Desses, 70% o fizeram por preocupação com o próprio bem-estar e 65%, pela preocupação com as próximas gerações. A Opinion Box detectou que, nos últimos meses, 75% das 500 pessoas pesquisadas mudaram o critério de escolha para produtos de beleza; e 40% priorizam itens com uma quantidade mínima de químicos e valorizam ingredientes naturais.

E o comportamento do consumidor já é traduzido nas ações das grandes marcas. Natura & Co, O Boticário, Unilever, L’Oréal e Colgate-Palmolive, as Top5 no mercado brasileiro, estão atentas a isso ao divulgarem esse tipo de atributo em seus produtos, que atingem uma grande massa”, diz. O movimento Clean Beauty ganhou mais espaço durante o período da pandemia, em que, no confinamento, muitas pessoas reavaliaram OS hábitos e comportamentos sobre o bem-estar e questões ambientais.

“Alguns consumidores já aderem a este tipo de linha, pois são itens que não são testados em animais e as embalagens são biodegradáveis e livres de plásticos. Um exemplo são os xampus e condicionadores em barra.

Este é um movimento que cresce a cada dia no Brasil e no mundo, e alguns especialistas acreditam que este seja o futuro dos dermocosméticos e maquiagens”, diz a gestora comercial do Negócio Drogaria Coop, Luciana Lira Torres Simplício.

Setor em ascensão

O mercado de Skin Care global soma US$ 140,92 bilhões e o Brasil é, hoje, o quarto no mundo em consumo de beleza (Euromonitor). Segundo Sílvia, a categoria Clean Beauty tem mostrado taxas de crescimento de 8%.

“Produtos livres de parabenos cresceram 3,6%, os livres de parabenos e sulfatos cresceram 5% e os livres de parabenos, sulfatos e ftalatos aumentaram 13%. Além disso, dos atributos mais importantes do produto, 40,2% dos consumidores procuram ingredientes naturais”, conta.

Dados da Nielsen IQ mostram que 17,6% dos consumidores procuram produtos que respeitem o meio ambiente.

“Em se tratando de embalagens, 15,8% procuram as recicláveis, enquanto 7,9% pedem pelas reutilizáveis. Por faixa etária, os compradores da Geração Z são 1,3 vezes mais propensos a querer experimentar produtos ecologicamente corretos”, comenta.

De acordo com Bureau de Pesquisa, o termo Clean Beauty está fundamentado em quatro pilares: Segurança, Ética, Sustentabilidade e Transparência. “E com os avanços da tecnologia dos produtores de insumos e da própria indústria cosmética, amplificados pela crescente conscientização dos consumidores, o tema vem tomando grandes proporções”, comenta Sílvia.

Outro levantamento, da Brand Essence Research, aponta que o mercado global de Clean Beauty atingiu US$ 6,46 bilhões em 2021 e deve alcançar USD 15.29 Bi em 2028, com taxa de crescimento (CAGR) de 13,1%.

“Uma pesquisa realizada no Reino Unido (Soil Association) mostra que 79% dos consumidores preferem adquirir produtos orgânicos; 41% optam por essa categoria pela preocupação com a sustentabilidade. Produtos veganos são valorizados por 13% de consumidores, no entanto, essa categoria ainda tem menor espaço nas prateleiras físicas e virtuais, principalmente pela dificuldade em desenvolver cosméticos que se enquadrem em todas as exigências para levar esse rótulo”, finaliza.