A farmacêutica Eli Lilly apresentou no dia 17 de julho os resultados completos do estudo fase 3 TRAILBLAZER-ALZ 2, de donanemabe, indicado para tratamento de Alzheimer, mostrando que o medicamento reduziu significativamente o declínio cognitivo e funcional em pessoas com doença de Alzheimer (DA) sintomática precoce.1 Com os resultados, a Lilly submeteu o medicamento para aprovação nos Estados Unidos e uma resposta do FDA, órgão regulatório americano, deve acontecer até o final deste ano.
O estudo, apresentado na Alzheimer’s Association International Conference (AAIC 2023), em Amsterdã, e publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), apontou que aproximadamente metade dos participantes em estágio inicial da doença que usaram o medicamento não apresentaram progressão clínica em um ano. Análises adicionais em uma subpopulação mostraram que os participantes do estudo nos estágios mais iniciais da doença tiveram benefícios ainda maiores, com 60% de desaceleração do declínio cognitivo em comparação ao placebo.
Além disso, o efeito do tratamento continuou a aumentar em relação ao placebo ao longo do estudo, embora muitos participantes tenham concluído o tratamento em 6 ou 12 meses, o que apoia a hipótese de ter um tratamento durante um tempo limitado.
“Quando falamos em uma doença que não tem cura, precisamos buscar soluções para reduzir o impacto que ela pode causar na vida dos pacientes e de seus familiares. No caso da doença de Alzheimer, retardar o declínio cognitivo do paciente é fundamental, pois pode significar mais tempo nos estágios menos impactantes e mais funcionais da doença, assim como um atraso no início de um estágio posterior de declínio. Na prática, isso significa permitir a independência do paciente em suas tarefas do dia a dia, hobbies e no convívio de qualidade com seus familiares e amigos. Isso é algo extremamente valioso para os próprios pacientes e aqueles que estão ao seu redor”, afirma Luiz Andre Magno, diretor sênior médico da Lilly Brasil.
Em maio, a Lilly anunciou que o donanemabe, um anticorpo experimental que tem como alvo uma forma modificada de placa beta-amiloide chamada N3pG, atendeu aos desfechos primários e todos os desfechos secundários cognitivos e funcionais no estudo fase 3.
Donanemabe é uma molécula biológica que se liga às placas amiloides depositadas no cérebro e está sendo estudada para o tratamento da doença de Alzheimer precoce sintomática. O medicamento visa especificamente a placa amiloide que se acumula no cérebro e demonstrou levar à eliminação da placa em pacientes tratados. O tratamento com donanemabe reduziu significativamente os níveis de placa amiloide, independentemente do estágio da doença. Dentre todos os participantes do estudo, o tratamento reduziu a placa amiloide em média 84% em 18 meses, em comparação com uma redução de 1% para os participantes com placebo.1
O TRAILBLAZER-ALZ 2 recrutou participantes com uma ampla gama de pontuações cognitivas e níveis de amiloide, maior do que outros ensaios recentes de terapias direcionadas à placa amiloide. 1 Os participantes foram estratificados por seu nível de tau, um biomarcador preditivo para a progressão da doença, em um grupo de tau baixo-médio (às vezes referido como tau intermediário) ou um grupo de tau alto, que representava um estágio patológico posterior de progressão da doença. Todos os participantes foram então avaliados ao longo de 18 meses usando escalas que medem tanto a cognição quanto a função, incluindo a Escala Integrada de Avaliação da Doença de Alzheimer (iADRS) e a Soma de Caixas de Avaliação Clínica da Demência (CDR-SB).1
No estágio patológico inicial da doença em participantes com tau baixa e média, o tratamento com donanemabe resultou em 47% dos participantes sem progressão em um ano na avaliação CDR-SB, contra 29% no placebo. Os participantes tratados com donanemabe também tiveram um risco 39% menor de progredir para o próximo estágio clínico da doença durante o estudo de 18 meses. Esse atraso na progressão significou que, em média, os participantes tratados com donanemabe tiveram 7,5 meses adicionais antes de atingirem o mesmo nível de declínio cognitivo e funcional no CDR-SB em comparação com os participantes do grupo placebo.
A incidência de anormalidades de imagem relacionadas ao amiloide (ARIA) e reações relacionadas à infusão foi consistente com o estudo TRAILBLAZER-ALZ anterior. ARIA ocorre em toda a classe de terapias de anticorpso de redução de placa amiloide. É mais comumente observada como inchaço temporário em uma área ou áreas do cérebro (ARIA-E) ou como micro hemorragias ou siderose superficial (ARIA-H), em ambos os casos detectados por ressonância magnética. Esse risco deve ser gerenciado com observação cuidadosa, monitoramento com ressonância magnética e ações apropriadas se ARIA for detectada.
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Fonte: Lilly
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