Indústria farmacêutica aumentou em 20% as contratações

Oportunidades têm trazido de volta os profissionais que estavam no exterior

Na contramão do movimento feito por tantos profissionais qualificados que, decepcionados com a crise política, têm deixado o País para atuar no exterior desde 2014, a paulistana Fernanda Machado, de 40 anos, trocou em maio deste ano um posto de vice-presidente numa empresa de tecnologia médica nos Estados Unidos pelo cargo de diretora de Acesso ao Mercado do Grupo Sanofi no Brasil.

Recém-criada na Sanofi, a área responsável pelas estratégias de acesso aos mercados público e privado tem 15 funcionários e previsão de chegar a 20 em 2017. O lançamento de novos produtos no mercado brasileiro, como a vacina contra a dengue, a chegada da nova geração de insulina de longa duração e o tratamento para o colesterol alto, também aquecem as contratações na empresa. “Apenas no primeiro semestre desse ano, as contratações para gerentes e diretores para novas posições aumentaram 43% em relação ao mesmo período de 2015”, diz a diretora de recursos humanos da Sanofi no Brasil, RosilanePurceti.

O bom momento da indústria farmacêutica no Brasil também trouxe de volta ao País o administrador de empresas Wilson Junior, de 29 anos, recém-promovido ao cargo de diretor de negócios para o consumidor no laboratório Libbs, onde trabalha desde 2006. Até o fim do ano passado, Wilson estava em Miami, nos Estados Unidos, como parte do projeto de internacionalização da farmacêutica brasileira. Mas, com o aquecimento da indústria no Brasil, retornou a São Paulo para assumir sua nova posição no fim de 2015. “Apesar da crise, o mercado continua crescendo no Brasil, especialmente para as empresas com uma estratégia sólida”, afirma. Wilson não foi o único caso de promoção na companhia. “Só neste ano, considerando apenas cargos de liderança, 22 vagas já foram trabalhadas, sendo 12 para diretores”, afirma a diretora de RH da Libbs, Madalena Ribeiro. Atualmente, a Libbs está com seis vagas abertas nas áreas de pesquisa científica, validação, marketing e pesquisa e desenvolvimento – esta última para o cargo de diretor.

É isso mesmo. A crise econômica que abala o Brasil tem remédio. Pelo menos no que diz respeito ao setor farmacêutico, que faturou cerca de 66 bilhões de reais entre abril de 2015 e março de 2016, um crescimento de 10% comparado com o mesmo período um ano antes, segundo dados do IMS Health compilados pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Ao contrário de outras indústrias, as contratações na área farmacêutica aumentaram quase 20% no último ano, impulsionadas pelo avanço dos medicamentos genéricos e pelo crescimento do segmento de biotecnologia médica. “Os genéricos têm impulsionado muito as vendas no setor. Assim como o desenvolvimento de novas moléculas”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), Francisco das Chagas Almeida, que representa 145 distribuidoras de medicamentos, produtos para a saúde, artigos de higiene pessoal e cosméticos, chegando a uma cobertura de 96% dos municípios brasileiros. De janeiro a abril de 2016, essas empresas faturaram 5,18 bilhões de reais com a comercialização de 304,9 milhões de unidades de medicamentos, um aumento de 21,7% no faturamento e de 16% em medicamentos vendidos, em relação ao mesmo período do ano anterior. “Nos últimos 12 meses, o Brasil ganhou 1 000 novos pontos de venda, o que também se reflete no aumento das contratações no setor”, diz Almeida.

Foto: Shutterstock 

 

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