Calor, umidade, um trauma na unha são algumas das condições que podem ser propícias para o aparecimento de infecções causadas por fungos, conhecidas como micose.
Muito comuns nos trópicos, onde existem condições ideais de calor e umidade, necessários para o desenvolvimento dos fungos, as micoses podem atingir a pele, o couro cabeludo, a virilha e as unhas dos pés e das mãos.
Segundo o dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) e cofundador da clínica GRU Saúde, Dr. Daniel Cassiano, geralmente, os fungos se aproveitam das condições para poder infectar a pele.
“Nas tineas, por exemplo, o calor, a umidade e o abafamento predispõem a proliferação desses microrganismos. Na pitiríase versicolor (pano branco), uma pele mais oleosa é fator de risco para a proliferação do fungo. Já o descolamento da lâmina do leito ungueal, causado por trauma, por exemplo, é a principal causa das onicomicoses”, explica.
O Dr. Cassiano acrescenta que as micoses podem ser superficiais ou profundas e que são exemplos de micoses superficiais a pitiríase vesicolor, as tineas, a candidíase e as onicomicoses. “Já as profundas acometem derme e tecido celular subcutâneo. Um exemplo é a esporotricose, que pode aparecer em qualquer parte do corpo. As tineas e candidíases são mais prevalentes em áreas de dobra. A pitiríase versicolor, no tronco; e as onicomicoses nas unhas dos pés”, diz.
DICAs DO GUI: As micoses mais comuns
1- Pitiríase versicolor: muito comum, especialmente entre jovens, de evolução crônica e recorrente. Indivíduos de pele oleosa são mais susceptíveis a apresentar esse tipo de micose, também conhecida como micose de praia ou pano branco, e que é causada por fungos do gênero Malassezia.
Apresenta-se clinicamente como manchas brancas, descamativas, que podem estar agrupadas ou isoladas. Normalmente, surgem na parte superior dos braços, tronco, pescoço e rosto. Ocasionalmente, podem se apresentar como manchas escuras ou avermelhadas, daí o nome versicolor.
2- Tineas (tinhas): causadas por um grupo de fungos que vive às custas da queratina da pele, dos pelos e das unhas. Estes fungos podem ser zoofílicos (encontrados em animais), geofílicos (encontrados no solo) e antropofílicos (encontrados nos seres humanos).
Manifestam-se como manchas vermelhas de superfície escamosa, crescem de dentro para fora, com bordas bem delimitadas, apresentando pequenas bolhas e crostas. O principal sintoma é coceira.
3- Candidíase: infecção pela cândida pode comprometer isoladamente ou conjuntamente a pele, as mucosas e as unhas. É um fungo oportunista, assim, existem situações que favorecem seu desenvolvimento, como baixa da imunidade, uso prolongado de antibióticos, diabetes e situação de umidade e calor.
A candidíase pode se manifestar de diversas formas, como placas esbranquiçadas na mucosa oral, comum em recém-nascidos (“sapinho”); lesões fissuradas no canto da boca (queilite angular), mais comuns no idoso; placas vermelhas e fissuras localizadas nas dobras naturais (inframamária, axilar e inguinal); ou na região genital feminina (vaginite) ou masculina (balanite), provocando coceira, manchas vermelhas e secreção vaginal esbranquiçada.
4- Onicomicoses: principal causa de alteração ungueal vista no consultório. Acomete tanto as unhas dos pés quanto as das mãos. São raras na infância, com predomínio no adulto maior de 55 anos de idade. Geralmente, a unha se descola do leito e se torna mais espessa. Pode também haver mudança na coloração e na forma.
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
Quando a micose atinge a pele, costuma causar muita coceira e até ardência. Já nas unhas, pode gerar dor quando a mesma está muito grossa, segundo explica a dermatologista da Unidade Vergueiro do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Camila de Camargo Hoffmann Longo.
Segundo ela, as micoses profundas podem estar relacionadas à alteração na imunidade, ao pós-operatório, ao diabetes descontrolado e também em pacientes transplantados, por fazer uso de imunossupressores. “Nesses casos, são outros tipos de fungos que acometem a parte profunda da pele”, comenta.
Tratamentos distintos para cada caso
As micoses não são iguais e, consequentemente, suas características, sintomas e tratamento também não. “Para cada tipo, há um tratamento que, geralmente, é feito com antifúngicos azólicos tópicos ou sistêmicos”, diz o Dr. Cassiano.
O tratamento tópico pode envolver o uso de pomadas na pele e um esmalte específico para as unhas. “Quando a micose é muito extensa, o uso de medicamentos orais antifúngicos pode ser necessário. Mas isso depende da avaliação e do acompanhamento do médico dermatologista”, indica a Dr. Camila, lembrando que o tratamento das micoses tende a ser prolongado.
“O ritmo do tratamento acontece de acordo com a velocidade de crescimento do fungo. Isso é algo que precisa ficar claro para o paciente”, adverte a Dra. Camila.
O calor e a umidade são os principais fatores para o desenvolvimento das infecções fúngicas e o verão é bem propício para isso. Portanto, é preciso tomar alguns cuidados para evitar esse problema tão desagradável. Um dos principais é manter a pele seca; usar roupas de algodão, inclusive íntimas porque proporcionam melhor ventilação; utilizar alicates esterilizados quando for cortar as unhas, seja em casa ou na manicure; secar bem a região entre os dedos dos pés; evitar pisar descalço em locais úmidos, como área de piscinas, banheiros e vestiários; e ainda ficar com roupas molhadas por longos períodos; e não compartilhar objetos, como toalhas, escovas de cabelo, etc.
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