Varejo na era digital

É preciso ter claro que a IA não substituirá os seres humanos nas atividades que demandam relações, negociações e criatividade, mas, claramente, substituirá as atividades repetitivas

Na história do varejo, tivemos alguns marcos evolutivos, como, por exemplo, o do código de barras, na década de 70, que foi uma solução disruptiva na gestão do negócio. Também tivemos avanços significativos com o código 2D e, agora, estamos em mais um momento importante para o setor, com a Inteligência Artificial (IA) mudando a forma de pensar o mercado varejista.

Na NRF 2024 Retail’s Big Show, maior evento de varejo do mundo, a IA estava presente em inúmeras apresentações, como parte intrínseca do mercado atual. De certa forma, ela foi engrenagem crítica para que o tema de tecnologia ultrapassasse a fronteira da área de Tecnologia da Informação (TI) e chegasse como pauta essencial na agenda de negócio das empresas de uma maneira muito mais intensa.

Podemos citar aqui alguns exemplos de como IA vem mudando o varejo, tanto para a personalização das vendas quanto para a otimização das operações. Recomendações de produtos ao consumidor; experiências personalizadas; chatbots para automação no atendimento ao cliente; maneiras inteligentes para gestão aprimorada do estoque; ajuste dinâmicos de preços conforme a demanda; e otimização dos processos logísticos são algumas das soluções que a IA pode trazer aos varejistas e que auxiliam numa jornada sem atritos do consumidor.

Como alcançar esses resultados?

Com base no IoT Snapshot 2024, pesquisa da Logicalis sobre as tendências digitais do mercado, e experiências de projetos, elencamos algumas etapas iniciais importantes para o sucesso da utilização da tecnologia no setor varejista:

• Qualidade dos dados: entender a situação da empresa em termos de fontes de informação, confiabilidade e governança para captura, atualização, quality assurance e disponibilização;

• Time multidisciplinar: desenvolver uma equipe composta por profissionais com background em estatística, em engenharia de dados e sistemas, além de serem experientes nos processos e regras de negócio do varejo;

• Perguntas assertivas: saber elaborar as questões certas para extrair os melhores dados e identificar padrões e oportunidades;

• Ter uma cultura orientada por dados: a liderança da empresa precisa criar uma cultura orientada por dados, incluindo, para isso, atividades, como comunicação das estratégias, treinamento e implantação de modelos de trabalho integrados;

• Capacitação dos profissionais: letrar as pessoas em dados para saberem ler, interpretar, comunicar e negociar com o uso de bancos de informações.

Esse conjunto de ações deve ser liderado pelo board da empresa, que precisa dar o exemplo no uso da informação. É preciso ter claro que a IA não substituirá os seres humanos nas atividades que demandam relações, negociações e criatividade, mas, claramente, substituirá as atividades repetitivas. Na adoção de IA, além da associação da tecnologia aos negócios, a jornada de desenvolvimento humano e cultural da empresa é fundamental.

Fonte: Guia da Farmacia
Foto: Shutterstock

Farmácias Inteligente

Edição 380 - 2024-07-03 Farmácias Inteligente

Essa matéria faz parte da Edição 380 da Revista Guia da Farmácia.

Sobre o colunista

Consultor em inteligência de varejo e consumo. Pesquisador do GVcev – Centro de Excelência em Varejo da FGV EAESP. E-mail: [email protected]