Vacinação de adolescentes contra a Covid-19: tire as principais dúvidas

Iniciada em países como Estados Unidos, Canadá e Chile, imunização de menores de 18 anos começa nesta quarta-feira, 18, no Estado de São Paulo

Já iniciada em países como Estados UnidosCanadá e Chile, a vacinação contra a covid-19 de adolescentes de 12 a 17 anos começou em algumas partes do Brasil.

No Estado de São Paulo, por exemplo, terá início oficialmente na próxima quarta-feira (18).

 Por que é importante vacinar adolescentes?

Os motivos são vários.

“Vacinar os adolescentes é extremamente importante para chegar ao benefício coletivo da imunidade de rebanho”, disse, em julho o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal.

De acordo com o professor a medida também ajuda na retomada das aulas presenciais — considerada por especialistas como uma prioridade diante do longo período de colégios fechados no Brasil.

Embora a vacinação seja considerada importante neste processo de reabertura das escolas, estudos já mostraram que é possível reduzir significamente os riscos de contágio dentro da sala de aula.

Isto com a adoção de medidas como distanciamento social, uso de máscaras reforçadas, além de minimizar a transmissão na comunidade.

Já o professor de Medicina da Universidade de São Carlos (Ufscar), Rodrigo Stabeli, acrescentou que quanto mais rápido a vacinação avança, inclusive entre os adolescentes.

Mais a cobertura vacinal no País passa a ser significativa, fazendo com que a transmissibilidade e a possibilidade de surgirem novas variantes diminuam.

Onde já foi iniciada a vacinação de adolescentes?

No Brasil, capitais como Campo Grande, Porto Alegre e São Luís já começaram a aplicar doses em adolescentes.

A faixa etária de 12 a 17 anos, a qual o governo de São Paulo pretende começar a vacinar a partir de 18 de agosto, também passou a ser incluída nos programas de vacinação de países que estão mais avançados na cobertura vacinal, como Estados Unidos, Canadá, Chile e Japão. Além de grande parte da Europa.

Quais vacinas podem ser aplicadas em adolescentes no Brasil?

Até o momento, a vacina da Pfizer é o único imunizante aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para vacinação de adolescentes no Brasil.

Em 30 de julho, o Instituto Butantan solicitou aprovação para a a faixa etária de 3 a 17 anos na bula da vacina Coronavac, mas, de acordo com a Anvisa, o pedido ainda “está em análise pela área técnica”.

A Janssen, por sua vez, teve autorização da agência reguladora para condução de um estudo com menores de 18 no Brasil, mas ainda não apresentou as informações coletadas.

“Os resultados são apresentados para a agência no momento em que o laboratório tiver dados que considere suficientes para solicitar a aprovação em bula para este público específico”, explicou a Anvisa.

Crianças e adolescentes também transmitem covid-19?

Sim. Estudo publicado esta semana na revista científica Jama, feito no Canadá, mostrou inclusive que crianças com menos de 3 anos têm mais probabilidade de transmitir o novo coronavírus dentro de casa do que outras faixas etárias abaixo de 18 anos.

Embora os mais novos tenham chance menor de trazer o vírus para dentro do lar, a probabilidade de transmissão domiciliar foi cerca de 40% maior quando a criança infectada tinha 3 anos ou menos do que quando tinha de 14 a 17 anos.

Vacinar adolescentes é mais urgente do que completar a imunização da população adulta?

Vacinar adolescentes antes de completar o esquema vacinal de adultos divide especialistas.

Uma parte defende completar o esquema vacinal (duas doses) dos adultos, que têm maior risco de agravamento da doença.

No entanto, outros especialistas acreditam que é melhor garantir algum grau de proteção (ao menos uma dose) para uma parcela maior da população.

Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, Julival Ribeiro, afirma que a pergunta sobre priorizar adolescentes continuará sendo muito debatida no Brasil.

Isso porque então, a maior parte da população está vacinada com apenas uma dose, insuficiente na proteção contra a variante Delta, mais transmissível.

“É uma decisão difícil no Brasil, sobretudo porque milhões de pessoas ainda precisam ser vacinadas e milhões de pessoas só tomaram a 1ª dose”, complementou o infectologista.

Ainda de acordo com Ribeiro, se a vacinação estivesse mais avançada, estratégias como a aplicação de uma terceira dose em idosos e imunossuprimidos, por exemplo, poderiam estar sendo discutidas com mais amplitude.

Todavia, o Ministério da Saúde (MS) avalia a aplicação de uma injeção de reforço em parte da população e Estados já planejam essa estratégia para os mais velhos.

Fonte: Estadão

Foto: Shutterstock

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