8 milhões de pessoas no mundo morrem por ano em decorrência do consumo do tabaco

Tabagismo é um problema emergente de saúde pública que mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano em todo o mundo

No último dia do mês de maio é celebrado o “Dia Mundial sem Tabaco”. A iniciativa foi criada há 36 anos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e visa conscientizar a população sobre os males causados pelos produtos derivados do tabaco. De acordo com a OMS, 8 milhões de pessoas no mundo morrem por ano em decorrência do consumo do tabaco. Destes óbitos, 1,2 milhão correspondem a fumantes passivos, ou seja, pessoas que não fumam, mas que convivem com fumantes.

O tabagismo é um problema emergente de saúde pública, caracterizado como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente em produtos como cigarros, charutos, narguilé, cachimbo, cigarros eletrônicos, entre outros.

Doenças relacionadas ao tabagismo

O consumo do tabaco pode contribuir para o desenvolvimento mais de 50 enfermidades de acordo com a OMS, incluindo os cânceres das cavidades oral e nasal, de laringe, pulmão, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim, mama, ovário, bexiga e colo de útero, além de doenças como tuberculose, doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Segundo o Dr. Gustavo Faibischew Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e coordenador da comissão de câncer da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, “não há nenhuma quantidade segura para o consumo do tabaco e seus derivados. Mais ainda, é importante lembrar que mesmo consumos pequenos ou infrequentes estão relacionados ao aumento do risco de adoecimento e óbito”, afirma.

Diagnóstico e tratamento

Para realizar o tratamento do tabagismo é interessante que as pessoas busquem ajuda médica para avaliar seu quadro clínico, independentemente de sua faixa etária, do número de cigarros consumidos ou do tempo que se é fumante. De acordo com o Dr. Prado, sempre é possível e benéfico parar de fumar. “Em qualquer fase da vida, os pacientes que cessam o consumo, experimentam benefícios imediatos e prolongados para a saúde, como mais disposição para praticar atividades físicas, menor chance de desenvolvimento do câncer e de doenças cardiovasculares e melhora na autoestima, do hálito, da pele e do aspecto dos dentes”, disse.

Ainda de acordo com o especialista, o tratamento é individualizado e envolve abordagens cognitivas e comportamentais, além de poder ser complementado com a prescrição de medicamentos. O acompanhamento médico dos pacientes pode ser realizado pelas especialidades de pneumologia, clínica médica, cardiologia, neurologia e psiquiatria.

Câncer de pulmão e o tabagismo

O uso do cigarro é o fator de risco predominante para o desenvolvimento do câncer de pulmão. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve contabilizar cerca de 704 mil casos de câncer por ano, até 2025, e esse é quinto tumor maligno mais incidente no país. A doença é a terceira mais comum em homens e a quarta mais comum em mulheres no Brasil.

Cigarro Eletrônico

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), chamados popularmente de vapes, e-cigs, ou cigarros eletrônicos, são produtos que estão em alta no mercado nos últimos anos e contém substâncias altamente danosas para o organismo. Segundo o Dr. Gustavo, esses produtos têm potencial de desenvolver e induzir a dependência nos usuários ainda maior que o cigarro comum. Muito embora ainda não tenhamos dados robustos das complicações do uso dos DEFs no longo prazo, já há evidências de que mesmo exposições agudas e de curta duração podem elevar o risco de problemas cardiovasculares em 60% e de acidentes vasculares cerebrais em 70%. Além disso, os cigarros eletrônicos precipitam crises de asma, piora da função pulmonar e facilitam infecções respiratórias. Além de todas essas complicações, os vapes ainda podem provocar a EVALI (sigla em inglês para lesão pulmonar aguda associadas aos vapes), uma complicação pulmonar bastante grave caracterizada por extensa inflamação nos pulmões, que pode levar à insuficiência respiratória e à morte.

Atualmente, estima-se que cerca de 34% dos adolescentes nos EUA e Canadá já experimentaram ao menos uma vez o uso de DEFs, percentual que pode chegar perto de 45% na Europa. No Brasil, apesar da proibição, a prevalência pontual da experimentação de dispositivos eletrônicos para fumar foi estimada neste ano em 13%, mas está crescendo, conforme a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

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Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Foto: Shutterstock

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