“Eu achava que era distração e excesso de coisas para fazer”, diz a empresária Edna Queiroz, de 59 anos, que recebeu o diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) aos 40 anos e já mãe de três filhos. “Meu menino do meio estava com problemas na escola, então o levei ao psiquiatra, que aplicou vários testes. Acompanhei tudo e assim descobri o meu transtorno”, diz ela.
Hoje Edna relembra essa história aos risos, mas o distúrbio caracterizado por dificuldades de atenção, impulsividade e hiperatividade explicava muitas situações desastrosas na vida. “Tenho momentos engraçados, mas sofri bastante. A doença te faz ter uma rotina inacabada. Esquecer e perder coisas vira algo corriqueiro, dá raiva”, desabafa.
Edna, então, criou técnicas para gerenciar os sintomas. “Anoto tudo em lembretes adesivos, tenho agenda de papel, escrevo um diário e faço listas em planilha eletrônica. São estratégias para facilitar minha vida”, diz ela, que também tem acompanhamento psicoterápico. “Mas o melhor mesmo é o remédio, ele ajuda a não perder o foco”, afirma ela.
A empresária toma o dimesilato de lisdexanfetamina, mas na próxima consulta irá perguntar sobre o cloridrato de atomoxetina, o primeiro medicamento não estimulante para tratar a hiperatividade. Comum nos Estados Unidos, ele foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recentemente.
Entre seus benefícios, há o fato de não provocar cansaço e sono. “Sinto muita sonolência com o atual remédio. O melhor desse novo será se o preço for razoável, pois gasto R$ 350 por mês”, observa Edna.
O valor da novidade ainda será definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, após isso poderá chegar às farmácias. A responsável, por sua vez, será a Apsen Farmacêutica.
“O TDAH tem sido cada vez mais diagnosticado e a abordagem medicamentosa aumentou significativamente na última década, com a explosão do uso de estimulantes. Novas alternativas de outras classes farmacológicas e com menor potencial de abuso têm sido estudadas, incluindo a atomoxetina (inibidor da recaptação de noradrenalina), com efeito positivo e aparente bom padrão de segurança”, avalia o neurologista Henrique Freitas, coordenador da Rede Mater Dei de Saúde.
O avanço no setor anima tanto médicos quanto pacientes. E não somente para quem sofre de TDAH. Possibilidades para uma série de males, como Alzheimer, Parkinson e câncer de mama chegam ao mercado com a promessa de melhorar a vida de quem tem diagnóstico incurável.
A medicina na ciência
No caso do câncer de mama, uma análise com a participação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), destacou a eficiência do trastuzumabe deruxtecan. A droga prolonga a vida de quem está com metástase cerebral pelo carcinoma.
“A disponibilidade dessa opção oferece esperança aos que enfrentam a doença. Ele tem demonstrado resultados promissores em termos de eficácia, sendo capaz de melhorar a sobrevida global e diminuir a progressão da enfermidade em comparação com outros tratamentos disponíveis”, observa Anna Dias Salvador, coordenadora do serviço de mastologia da Rede Mater Dei de Saúde. “Estamos testemunhando grandes progressos no campo da pesquisa clínica.”
Nos Estados Unidos, o anticorpo lecanemab para tratamento do Alzheimer foi aprovado recentemente. Ele limpa o depósito da proteína beta amiloide, que, ao se acumular no cérebro, pode levar à perda cognitiva inicial.
“Após décadas sem novas alternativas terapêuticas, os imunobiológicos direcionados contra o peptídeo (proteína beta amiloide) surgiram como os primeiros potencialmente capazes de alterar a evolução da doença. Apesar de necessitarem de maiores comprovações a respeito da eficácia e segurança, estabeleceram um novo caminho biológico possível”, analisa Freitas.
Assim, a indústria farmacêutica segue em progresso. Nesse exato momento, um estudo sobre Parkinson acontece no Brasil. Trata-se de uma apuração clínica com uso do mix probiótico K10, com colaboração do Canadá e Portugal.
Por aqui, mais de 100 voluntários receberam o suplemento, que em análises prévias apresentou melhoras no equilíbrio, deglutição, fala e memória. “Seguindo a tendência mundial no estudo da relação entre intestino e cérebro, desenvolvemos uma linha de pesquisa com esses microrganismos. E eles se demonstraram eficientes para melhoria de quadros clínicos de pacientes com doença neurológica degenerativa, como Parkinson e Alzheimer”, explica Deivis Guimarães, diretor da GOn1, empresa de pesquisa e biotecnologia responsável pela avaliação em solo nacional. “A nossa palavra enquanto pesquisadores é esperança.”
Pesquisa revela que mais de 1,2 milhão de pessoas sofrem de Alzheimer no Brasil
Fonte: IstoÉ
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