Anvisa adia decisão sobre venda de autotestes de dengue em meio à epidemia

Anvisa acredita que venda de autotestes tem que ser melhor discutida

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adiou a discussão que poderia autorizar a venda de autotestes para diagnóstico da dengue no Brasil, que seria tratada na reunião da diretoria colegiada nesta terça (19). Uma nova data não foi informada e ocorre em meio à epidemia da doença que já passa de 2,5 milhões de casos prováveis segundo o Ministério da Saúde.

A justificativa é de que a venda dos autotestes precisa ser melhor discutida por conta da notificação compulsória da doença, que pode ser afetada com a permissão para as pessoas se testarem em casa.

O diretor Daniel Pereira justificou a retirada mencionando a necessidade de continuar os “alinhamentos” relacionados ao tema com o Ministério da Saúde. Ele destacou a importância de uma política pública para esse tipo de produto, especialmente por se tratar de um diagnóstico de uma doença de notificação compulsória, como é o caso da dengue.

Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, já havia adiantado que as negociações para a comercialização de autotestes para dengue estavam em andamento entre o ministério e a agência. Ele ressaltou a necessidade de uma política pública do Ministério da Saúde para garantir que os casos sejam adequadamente notificados em todo o país.

“A dengue é uma doença de notificação compulsória.É necessário que haja uma política pública gerada pelo Ministério da Saúdenesse sentido e que contemple, mesmo no caso do autoteste – aquele que opróprio cidadão poderá realizar – um mecanismo para que os sistemas demonitoramento sejam notificados, de modo que se possa justamente computar oscasos em todo o Brasil”, afirmou.

Marília Santini, coordenadora-geral deLaboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde, confirmou que houvereuniões com a Anvisa sobre o assunto. Ela explicou que o teste rápido e oautoteste são basicamente o mesmo dispositivo, diferindo apenas no modo comosão conduzidos, sendo o primeiro realizado por um profissional de saúde e osegundo pelo próprio paciente.

Santini também ressaltou que, ao contrário dos autotestes para Covid-19, que ajudam a interromper a transmissão do vírus através do isolamento, os autotestes para dengue não desempenham esse papel, uma vez que a doença é transmitida apenas pela picada do mosquito Aedes aegypti.

Ainda assim, as tratativas entre Anvisa eMinistério da Saúde continuam para definir os próximos passos em relação àcomercialização desses produtos no país.

Segundo o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, já foram registrados 923 óbitos pela doença e há outros 1,4 mil em investigação. O Distrito Federal lidera a infecção da dengue no país, com um coeficiente de incidência que chega a 6.751 para cada grupo de 100 mil habitantes.

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Fonte: Gazeta do Povo

Foto: Shutterstock

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