Caneta de adrenalina: entenda importância no tratamento de alergias graves e desafios para liberação no Brasil

Na forma sintética - é o tratamento heroico dos sintomas de emergência de uma reação alérgica

Especialistas ressaltaram a importância da caneta de adrenalina para conter reações anafiláticas. Em casos graves, o paciente pode ter a anafilaxia, em que pode surgir inchaço na laringe, dificultando a passagem do ar. O recomendado é correr para o hospital, mas nem sempre dá tempo.

Nessa hora, é fundamental ter um dispositivo como este – uma canetinha – em que você pressiona contra a coxa, aperta um botão e ele dispara uma dose de adrenalina que tira a pessoa da crise. A adrenalina é um hormônio liberado sempre que o corpo é colocado numa situação de estresse.

Ela faz parte dos mecanismos de defesa do organismo. Na forma sintética – é o tratamento heroico dos sintomas de emergência de uma reação alérgica.

“É que eu perdi um paciente porque não tinha caneta. Ele chupou uma bala, teve uma reação anafilática e morreu no carro. Morreu no caminho”, conta a médica alergista do HC-USP, Ariana Campos Yang.

“Infelizmente essas canetinhas custam caro e são importadas. Não tem cabimento o SUS não colocar esse dispositivo à disposição de quem tem alergias graves. Esses dispositivos salvam a vida das pessoas”, destaca Drauzio Varella.

Dificuldade de liberação no Brasil

O alergista e imunologista da ADBAI, Fábio Kuschnir, menciona a dificuldade em obter a liberação e distribuição desses dispositivos no Brasil.

“Há anos, a gente tenta junto à Anvisa a liberação das canetas da adrenalina. A gente tem vários outros medicamentos que utilizam canetas similares, então nós temos tido contato com alguns pesquisadores – tentando desenvolver algum protótipo que a gente crie a nossa adrenalina. A qualidade de vida dessas famílias é péssima. A gente tem que judicializar, entrar na justiça, para entrar na caneta”, diz.

“Anti-histamínicos começam a agir em 20 minutos, os corticoides, às vezes, 2 horas após. A adrenalina faz isso em 1 minuto”, completa o especialista.

O que diz o Ministério da Saúde?

Em conversa com Felipe Proença, diretor de Programa da Secretaria de Atenção Primária à Saúde – MS,o doutor Drauzio Varella questiona a falta de prioridade do Ministério da Saúde em lidar com essa questão, especialmente considerando o sucesso do uso dessas canetas nos Estados Unidos.

“Drauzio, nós precisamos estudar essas condições, não tem registro dessa medicação para utilização no Brasil e não tem a avaliação da possibilidade de incorporação dessa tecnologia. É necessário que sejam feitas essas avaliações […] Entendemos essa condição e tendo esses passos, a gente pode avaliar a viabilidade para o Sistema Único de Saúde”, explicou o diretor.

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Fonte: G1

Foto: Shutterstock

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