Cenário da Cannabis no Brasil já conta com 180 mil pacientes cadastrados

O cenário da cannabis no Brasil é positivo e a Anvisa já aprovou a fabricação de 23 medicamentos. Entenda melhor

Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já aprovou a fabricação brasileira de 23 medicamentos de cannabis e 25 empresas estão autorizadas a venderem seus medicamentos nas drogarias.

Em escalada desde 2015, a importação de produtos à base de cannabis medicinal explodiu durante a pandemia de Covid-19 no Brasil, principalmente devido ao aumento de casos de ansiedade, depressão e dor crônica. Segundo dados da Anvisa, o número de autorizações de importação desses produtos passou de 8.522 em 2019 para 40.191 em 2021.

Hoje, com o avanço das tecnologias e a sociedade da informação, o cenário vem se transformando. A partir desse grande fluxo de dados disponíveis, é possível observar menor resistência da classe médica em prescrever medicamentos à base dos ativos da planta.

Cannabis sativa integra diversas substâncias na sua composição, entre elas o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), que envolvem efeitos como sensação de euforia, relaxamento e bem-estar. As substâncias da maconha se ligam às estruturas das células do sistema nervoso, chamadas receptores canabinoides, provocando efeitos analgésicos, anti-inflamatórios, neuroprotetores e psicotrópicos.

Atuação da Cannabis em doenças neurodegenerativas

Estudos mostram que esses princípios promovem diversos benefícios terapêuticos para o tratamento de situações como esclerose múltipla, epilepsia, câncer, Alzheimer, Parkinson e dor crônica causada pela artrite ou fibromialgia, por exemplo. Alguns quadros de ansiedade, depressão, estresse e insônia também vêm sendo tratados com sucesso.

Para debater esse cenário e o futuro da planta no Brasil e na América Latina, aconteceu simultaneamente em São Paulo, a segunda edição do Congresso Brasileiro de Cannabis Medicinal e a Cannabis Medical Fair, que contaram com médicos e líderes políticos.

O evento aconteceu em um momento importante para o debate no Brasil. Um novo governo, a Anvisa aprovando cada vez mais medicamentos, a justiça dando pareceres favoráveis para que diversos pacientes tenham acesso ao CBD via SUS ou convênio médico, diversos salvo-condutos para o autoplantio, além de uma movimentação financeira no país relacionada à cannabis, que somam mais de R$ 130 milhões por ano – ainda sem uma legislação clara e definida.

“A Cannabis medicinal passa por um processo de mudança cultural, porque essa discussão não envolve a descriminalização do uso de drogas, mas mostrar que embora utilizando o mesmo princípio ativo, mas numa concentração menor de THC, é possível proporcionar algo que possa ser bom para determinadas doenças das quais o cannabis já se mostrou efetiva, como é o caso das epilepsias refratárias. Tínhamos antes uma certa dificuldade nessa importação, porque seguíamos rigorosamente uma RDC que implicava no uso individualizado, da importação através do uso compassivo. Hoje, já temos uma distribuição pelas redes de varejo, que tem que ser ampliada, mas para que possamos fazer tudo isso, já tendo a possibilidade de importar a utilizar de maneira mais capilarizada. Com isso, baixa o custo, e com isso, mais o aumento da instrução dos médicos, está se criando uma mudança de cultura para a utilização, que terá um ganho importante para a sociedade”, conta o médico oftalmologista, presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; do Instituto Coalizão Saúde e da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg.

Mercado em crescimento

De acordo com levantamento de dados realizado pela empresa de inteligência de Mercado Kaya Mind, a regulamentação da cannabis pode gerar 117 mil empregos e movimentar R$ 26 bilhões em quatro anos no Brasil. Para 2023 a estimativa é que o mercado deve movimentar R$ 600 milhões.

Recentemente, o governador de SP, Tarcísio de Freitas, sancionou o PL 1180/2019 que garante o fornecimento de cannabis pelo SUS, e a justiça obrigou os planos de saúde a cobrir os tratamentos com cannabis, por meio de ações judiciais.

Em 2022, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebeu autorização para o cultivo e pesquisas com cannabis. Já a Universidade de São Paulo (USP), recrutou voluntárias no início de 2023 para participarem de uma pesquisa sobre o uso da cannabis para o tratamento de endometriose. E por fim, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),  também conquistou autorização de plantio de cannabis para pesquisa da medicina veterinária.

Atualmente existem mais de 180 mil pacientes registrados na Anvisa sendo tratados com a medicina canábica, para 30 tipos de patologias.

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Foto e fonte: Guia da Farmácia

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