Gigante da beleza quer transformar drogaria em canal para sua nova aposta no Brasil
Seguindo o exemplo dos dermocosméticos, a franco-americana Coty quer que a farmácia se torne um dos principais canais de venda para sua mais nova aposta no país: os perfumes de massa (ou “lifestyle”, no jargão do setor), com preços de R$ 80 a R$ 249. Hoje, raras são as drogarias brasileiras que operam o filão bilionário.
Até o mês passado, a dona de marcas como Bozzano, Risqué e Monange só atuava no mercado brasileiro de perfumaria com fragrâncias de luxo como Gucci e Burberry. Agora, a Coty também está explorando marcas mais acessíveis, como Adidas, David Beckham, Gabriela Sabatini e Good Kind Pure.
Inicialmente, a Coty está vendendo 15 produtos diferentes dessa categoria em canais como lojas de departamento — a Renner é uma das maiores vendedoras de perfume do Brasil — e e-commerce. Mas, com as farmácias, o CEO para América Latina, Nicolas Fischer, quer criar do zero um novo canal de vendas para a categoria.
— Sabemos que é uma jornada de década, não de um só ano. Mas a farmácia vai se tornar um canal relevante pra gente. E queremos que, com nossa escala, outras fabricantes também explorem esse potencial. Não será uma coisa apenas para a Coty — afirma o executivo alemão, com décadas de experiência na América Latina.
Brasil é maior mercado global
Em mercados como os EUA, redes de farmácia como CVS e Walgreens vendem perfumes há anos. No Brasil, segundo Fischer, a categoria praticamente inexiste nas drogarias, salvo algumas exceções em estados do Nordeste — onde a farmácia absorve nichos pouco explorados pelo varejo local.
— Se, com a evolução do varejo, a farmácia está virando uma loja de conveniência, ela tem que ter a categoria de beleza. E o perfume é fundamental nisso — acrescenta.
Nas últimas semanas, a Coty começou a levar os produtos para redes como Pacheco e Venâncio (predominantemente no Rio), Farma Indiana (MG) e Drogaria SP (em várias regiões do país).
— Eventualmente, o perfume estará em todas as farmácias — prevê Fischer, observando que a forma de apresentar as fragrâncias no ponto de venda será aprimorada ao logo do tempo.
A estratégia do executivo se apoia em dados da Euromonitor segundo os quais o Brasil é o maior mercado do mundo para fragrâncias de massa. O segmento é praticamente sinônimo da categoria de perfumes no país, com 94% do mercado e vendas de R$ 8 bilhões ao ano.
— Se você quer ter relevância no Brasil, não pode operar apenas no mercado “premium” — conclui.
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Foto: Coty