Covid-19: Ministério da Saúde orienta reforço da vacina para crianças a partir de 5 anos

Nova dose deve ser feita ao menos quatro meses após a última

O Ministério da Saúde (MS) passou a orientar uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19 para crianças entre 5 a 11 anos. Até então, a pasta indicava a terceira aplicação apenas para aqueles a partir de 12 anos. Portanto, a nova recomendação faz parte de uma nota técnica assinada pela coordenação-geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI) no dia 30 de dezembro.

De acordo com o documento, o reforço deve ser feito com o imunizante pediátrico da Pfizer tanto para aqueles que completaram o esquema inicial, de duas doses, com a vacina da fabricante, como também para os que receberam as aplicações da CoronaVac.

Já a terceira dose pode ser administrada no período de ao menos quatro meses após a segunda.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia autorizado a ampliação do reforço para as crianças a partir de 5 anos no início de dezembro.
Em novembro, por exemplo, a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações do ministério (CTAI) também havia dado parecer favorável à aplicação, disponível desde maio do ano passado nos Estados Unidos e adotada em diversos países, como Argentina e Uruguai.

Na nova decisão, o MS cita a diminuição dos níveis de anticorpos após o esquema primário de duas doses e afirma que o reforço pode não apenas recuperá-los, como atingir patamares mais altos de proteção.

“Nós temos um impacto muito sério da Covid-19 em crianças. Claro que idosos são mais afetados, mas temos hospitalizações em todas as faixas etárias. E a vacina pode não evitar a infecção, mas vai prevenir a hospitalização, a morte, a Covid longa e complicações como a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, que tem sido associada à Covid. Mas o reforço é fundamental porque, assim como vemos entre os mais velhos, com o passar do tempo você perde a proteção”, avalia o médico pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha.

A pasta menciona estudos conduzidos pela Pfizer que “demonstraram um aumento nos títulos de neutralização da variante Ômicron e da cepa selvagem (variante original) após uma dose de reforço”. Essa elevação chega a ser de 36 vezes contra a Ômicron, diz a nota, dados que “reforçam a função potencial de uma terceira dose da vacina em manter altos níveis de proteção contra o vírus nessa faixa etária”.

O ministério ressalta ainda que os testes clínicos e as experiências de vida real em outros países comprovaram a segurança da vacina, e destaca a importância de se ampliar a cobertura com a proteção entre os pequenos para prevenir desfechos graves da Covid-19. Segundo a nota técnica, apenas 49,57% das 20 milhões de crianças estimadas entre 5 a 11 anos receberam as duas doses.

“Sabemos que a cobertura para a faixa etária ainda está baixa, então precisamos estimular a imunização com o esquema primário de duas doses dessas crianças e com o reforço, assim como a imunização dos mais novos, a partir de 6 meses. No momento em que vemos um aumento importante no número de casos, e que não sabemos as consequências da situação sanitária da China, que está com milhões de novos casos diários, o que é um potencial para o surgimento de novas variantes, precisamos estar protegidos ao máximo — orienta o presidente da SBIm”.

Dose bivalente

A dose de reforço deve ser feita com a vacina original da Pfizer, porém há um pedido da farmacêutica em análise na Anvisa desde o dia 29 de novembro para que esse reforço possa ser realizado com a dose atualizada, como é nos EUA.

Trata-se do imunizante bivalente, que conta com uma parte da variante original do novo coronavírus, descoberta em 2019, e outra da variante Ômicron, predominante no mundo há cerca de um ano, o que amplia a proteção.

No entanto, além de a agência ainda não ter dado um parecer em relação ao pedido, o ministério também não anunciou para quais públicos serão direcionadas as vacinas bivalentes no Brasil – aprovadas até então para todos a partir de 12 anos pelo órgão sanitário.

“Por isso, não devemos esperar a bivalente para as crianças, e sim fazer o reforço assim que disponível. As vacinas atuais conferem uma proteção boa contra desfechos graves. E as bivalentes nem foram aprovadas para crianças, nem temos a previsão para aplicação em adultos. Não podemos esperar essas definições, se temos a possibilidade de fazer o reforço agora é para fazer”, afirma, então, Cunha.

As novas doses começaram a chegar no país em dezembro e, segundo cronograma da Pfizer, serão aproximadamente 36,3 milhões de unidades entregues até o fim de janeiro. Em países como Estados Unidos e Chile, a bivalente é orientada a toda a população elegível como um novo reforço, porém especialistas acreditam que o Brasil deve iniciar a campanha com grupos prioritários, como idosos e imunossuprimidos.

Cobertura vacinal em baixa no Brasil

Embora as autoridades destaquem os benefícios da terceira dose para garantir a proteção contra a Covid-19, aplicação considerada indispensável no contexto da variante Ômicron segundo os especialistas, a cobertura para os grupos que já eram elegíveis segue baixa no Brasil.

De acordo com um comunicado do MS desta quarta-feira (4), baseado em dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), cerca de 69 milhões de brasileiros acima de 12 anos estão com o reforço atrasado.

De acordo, então, com o consórcio de veículos de imprensa, hoje o país tem apenas metade da população geral com as três aplicações.

Além disso, o ministério afirma que mais de 30 milhões de brasileiros no público acima de 40 anos, elegível para quatro doses, não recebeu o segundo reforço.

A pasta destaca ainda que 19 milhões de pessoas nem chegaram a completar o esquema primário com as duas injeções

Fonte: Extra

Foto: Shutterstock

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