Cuidado farmacêutico no atendimento de doença crônica: obesidade

O farmacêutico poderá contribuir para que esse processo se torne menos difícil atuando em equipe multiprofissional da saúde

A obesidade é uma doença crônica e é considerada uma epidemia mundial, de acordo com a Organização da Saúde (OMS). No Brasil, mais de um quinto (22%) da população adulta está obesa; o índice é de 10,8% entre os que têm de 5 a 19 anos, segundo o relatório “Estatísticas da Saúde Mundial de 2021”. É sabido que obesidade é fator de risco para inúmeras doenças, incluindo doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2.

O farmacêutico pode desenvolver um trabalho muito importante no cuidado farmacêutico ao paciente obeso, basta estabelecer um olhar mais atento para conversar com o paciente considerando que poderá apresentar além da obesidade, doenças crônicas. Se preocupar com a balança é, principalmente, uma questão de saúde.  A obesidade é multifatorial e pode estar associada à genética do indivíduo, às disfunções endócrinas e aos maus hábitos alimentares, além do consumo exacerbado de produtos industrializados, estresse e sedentarismo.

O parâmetro utilizado pela Organização Mundial da Saúde para o diagnóstico em adultos é o do índice de massa corporal (IMC), que deve ser calculado pela divisão do valor do peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. O peso normal é identificado quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9. Acima de 30 é considerado obesidade; e, acima de 40, considera-se a pessoa portadora de obesidade mórbida.

A observação da aquisição de medicamentos utilizados poderá ser um indicativo na orientação em relação ao estímulo para a redução de peso com medidas não medicamentosas, como por exemplo, a sugestão de Práticas Integrativas e Complementares como ioga, musicoterapia, aromaterapia entre outras considerando que, em muitas situações, a obesidade está relacionada à problemas de ansiedade; então práticas que possam colaborar com o reequilíbrio da pessoa poderão ajudar, em muito, a decisão de controlar o peso. Uma condição essencial para perda/controle de peso é a decisão da pessoa por essa atitude/ação e, para tanto, ela precisa de motivação, entendimento da sua condição de saúde e as consequências possíveis e graves, se não houver uma intervenção que possibilite a redução de seu peso.

Não é um processo fácil porque envolve mudança de atitude vislumbrando melhorar a qualidade de vida, mas as pessoas poderão ser estimuladas e o farmacêutico poderá contribuir para que esse processo se torne menos difícil, inclusive, atuando em equipe multiprofissional da saúde com nutricionista, educador físico entre outros profissionais. A reeducação alimentar e a prática de atividade física são medidas que melhorarão inclusive o controle das comorbidades presentes como diabetes e hipertensão e diminuição no risco cardiovascular.

Uma das ferramentas que o farmacêutico poderá sugerir é o acompanhamento por meio de consultas farmacêuticas sendo, assim, possível monitorar o peso do paciente e dar orientações que contribuam para a adoção de um estilo de vida mais saudável, uma dieta equilibrada, práticas de atividades físicas e encaminhamento para profissionais que julgar necessário, conforme as necessidades individuais dos pacientes. Caso o paciente faça uso de medicamentos para doenças crônicas a consulta farmacêutica será também muito útil para verificar a adesão do paciente às terapias medicamentosas que foram estabelecidas pelo médico prescritor para a meta terapêutica estabelecida e a interlocução com os profissionais dos esforços realizados e as conquistas obtidas.

O cuidado ao paciente é essencial para que ele se sinta acolhido e cuidado, além de poder ser estimulado sempre sobre os benefícios para a vida que serão advindos da redução/controle de peso. É preciso sempre estimular o autocuidado para que o indivíduo possa ser responsável, em parceria com o farmacêutico, dos resultados a serem estabelecidos e alcançados. Nada é intransponível quando decidimos fazer o melhor por nós mesmos.

A farmacogenômica aliada ao cuidado farmacêutico em benefício à farmacoterapia 

Fonte: Farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Maria Aparecida Nicoletti, com exclusividade para o portal Guia da Farmácia.

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